[Contraponto] Voto distrital e lista fechada: as vantagens em relação ao modelo atual
Por André Barsch Ziegmann*
A reforma política está em debate, mais uma vez. Quarta-feira (27/07/2007), o plenário da Câmara dos Deputados rejeitou, com larga vantagem, a lista preordenada. Os pequenos partidos juntaram-se a congressistas das grandes legendas e acabaram com uma ótima oportunidade de tornar as eleições legislativas mais inteligíveis e menos corruptas. Fazer o quê, é difícil esperar mudanças profundas daqueles que se alimentam do sistema. Agora é torcer pelo voto distrital, puro, que certamente é melhor que o modelo vigente, contudo esse, com sorte, deve ser apenas debatido, mencionado!
Nesse texto pretendo discorrer sobre as vantagens do voto distrital e do proporcional de lista fechada sobre o modelo em voga, que pelo jeito vai perdurar por muito tempo. Vou destacar sempre dois pontos, a facilidade do eleitor entender o processo de eleição e a chances de diminuir um pouco a corrupção.
Voto distrital, funcionamento e vantagens
Problemas e críticas ao voto distrital
Contudo como não existe forma perfeita, o voto distrital tem suas críticas e dificuldades. Uma delas é de caráter técnico. Imagine dividir o Brasil em distritos federais, estaduais e municipais. Seria necessário aumentar o número de representantes
Outras críticas são referentes à deformação na representação partidária e conseqüente diminuição da competição. A primeira acontece porque a cadeira é conquistada apenas com a vitória no distrito – não adianta fazer 20% dos votos totais e não ganhar em nenhuma região. Tal argumento, muito utilizado pelos críticos do voto distrital, pode ser rebatido por aqueles que olham a eleição distrital por um outro prisma. O deputado é eleito pela região, por mais que o cidadão tenha votado no candidato que perdeu ele será representado por alguém. Ou seja, se por um lado tal modelo pode deformar a representação das legendas, por outro vai garantir que todas as regiões de um território estejam representadas no legislativo. Por esse prisma podemos acusar o voto proporcional de deformar a representação regional. A diminuição da competição partidária acontece justamente porque é mais difícil eleger um parlamentar, reduzindo o estímulo a formação de novos partidos. A organização será atraente para as lideranças se tiver uma forte penetração territorial, uma considerável bancada pré-existente nos legislativos e proporcionar as bases e recursos políticos necessários para uma candidatura bem sucedida.
Lista fechada: prós e contras
E a lista fechada? Ao votarmos nos partidos os milhares de candidatos que disputam os votos dos eleitores vão sumir. Toda aquela poluição causada por santinhos e adesivos vai diminuir. As eternas e repetitivas promessas de campanha por trabalho, segurança, educação e saúde vão ter der ser mais bem elaboradas, pois para atrair os eleitores os partidos terão que demonstrar diferenças entre si. O processo vai se tornar literalmente mais limpo, mais inteligível e mais passivo de cobrança por parte do eleitor. Esse modelo seria um golpe duro na corrupção. No modelo atual os candidatos gastam muito dinheiro para serem conhecidos em todo estado, diante de um gigantesco e heterogêneo eleitorado e enfrentam uma concorrência absurda (vale lembrar que o partido ou coligação pode lançar uma vez e meia o número de cadeiras em disputa). O poderio econômico assume uma importância muito grande, o que sem dúvida estimula o crime eleitoral. Com os recursos centralizados nas campanhas dos partidos, os gastos tendem a diminuir, pois se apenas o partido tem que tornar sua legenda conhecida, a concorrência (o modelo atual é tão sem lógica, que os membros do mesmo partido concorrem entre si) vai cair drasticamente (ao invés de milhares de candidatos, dezenas de partidos). A lista fechada também poderá reprimir candidaturas aventureiras, pois candidatos acabam se elegendo com votações absurdas e “puxando” candidatos inexpressivos. Em 2002, devido ao fenômeno “Enéas” tivemos
Evidente que nenhum modelo é perfeito, e tais mudanças não irão eliminar por completo o fisiologismo, o clientelismo e a corrupção. Contudo o modelo atual potencializa todos esses fenômenos negativos da política. O único país do mundo que tem um modelo igual ao do Brasil é a Finlândia (e não cabe comparações). Mais uma vez, nossos deputados estão certos, e o resto do mundo está errado.
André Barsch Ziegmann é mestrando