tag:blogger.com,1999:blog-385167722024-03-05T20:51:22.356-03:00GAC - grupo de análise de conjuntura - nusp/ufprLuiz Domingoshttp://www.blogger.com/profile/10828106280826428629noreply@blogger.comBlogger275125tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-12576650159361603652012-03-02T09:14:00.007-03:002012-03-02T09:46:03.417-03:00PSDB reforça tese de que lei de ferro das oligarquias é irrevogável<div style="font-style: normal; "><div style="font-family: Georgia, serif; font-weight: normal; "><b><span></span></b></div></div><span style="font-style: normal; "><span><span></span></span></span><span style="font-style: normal; "><b>FOLHA DE S.PAULO, 02/03/2012, A8</b><br /><br /><b>Celso Roma</b>*<br /><br />Todas as organizações tendem a concentrar o poder nas mãos de um pequeno grupo de indivíduos. Este é o mote da lei de ferro da oligarquia, retratada em “A Sociologia dos Partidos Políticos”, escrito em 1911 por Robert Michels. No caso dos partidos políticos, sejam eles socialistas, socialdemocratas ou conservadores, todos nascem sob o discurso da democracia, mas, com o passar do tempo, sucumbem à oligarquização.</span><div><br /><div><div><span style="font-style: normal; ">Prova disso é que, aos 23 anos, o PSDB evitou as prévias como método de seleção de seus candidatos aos cargos eletivos no país.</span></div><div><span style="font-style: normal; ">Oportunidades para democratizar o partido não faltaram. Em 2006 e 2010, durante as eleições presidenciais, o PSDB passou por profundas crises geradas pela disputa entre os seus pré-candidatos. Nessas ocasiões, a alta cúpula definiu o candidato a presidente.</span></div><div><span style="font-style: normal; ">A única experiência de prévias no PSDB-SP ocorreu há vinte anos. Em 1992, os filiados foram consultados para escolher o candidato a prefeito e os partidos a serem aceitos numa coligação. Mesmo assim, a Executiva municipal interferiu na forma como a consulta foi realizada, alterando a composição da lista de pré-candidatos.</span></div><div><span style="font-style: normal; ">Um dos incluídos, com o apoio de líderes tucanos como Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso e José Serra, o pré-candidato Fábio Feldmann venceu Getúlio Hanashiro, que, inconformado com a derrota, denunciou, nas palavras dele, o conchavo de última hora.</span></div><div><span style="font-style: normal; ">Naquela ocasião, a maioria dos filiados vetou uma aliança com o PMDB e permitiu a coligação com partidos de menor expressão como o PDT e o PV, uma decisão que se revelou imprudente.</span></div><div><span style="font-style: normal; ">Com o PSDB divido, Fábio Feldmann teve desempenho ruim nas urnas, sendo um dos candidatos menos preferidos pelos paulistanos na eleição para prefeito de 1992.</span></div><div><span style="font-style: normal; ">ESTATUTO</span></div><div><span style="font-style: normal; ">Fundado em 1988, o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) estipulou em seu estatuto o princípio da democracia interna, que deveria garantir a máxima e permanente participação dos filiados na definição da orientação política, na seleção dos dirigentes, no processo decisório.</span></div><div><span style="font-style: normal; ">Mas, desde a fundação, o PSDB funciona como partido político de quadros, em que líderes tomam decisões e a participação dos demais filiados é mínima e esporádica.</span></div><div><span style="font-style: normal; ">A lei de ferro da oligarquia é irrevogável.</span><div><br /><i>(*) Cientista político e especialista em partidos e eleições</i><div style="font-style: normal; "><span class="HOEnZb" style="font-weight: normal; "><span><br class="Apple-interchange-newline"></span></span></div></div></div></div></div>Celso Romahttp://www.blogger.com/profile/07909327461238033266noreply@blogger.com41tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-7995359952788654982012-02-27T15:46:00.006-03:002012-02-27T18:27:27.349-03:00O tabuleiro político de São Paulo<div><span><b>Exclusivo para o Blog GAC-NUSP-UFPR</b></span></div><div style="font-weight: normal; font-style: normal; "><span style="font-size: 100%; font-style: normal; font-variant: normal; line-height: normal; "><span></span></span></div><span><b>Celso Roma *</b></span><div style="font-weight: normal; font-style: normal; "><span><span><br /></span></span></div><div style="font-weight: normal; font-style: normal; "><span><span>A eleição na maior cidade do País colocará novamente os dois maiores partidos nacionais, PT e PSDB, frente a frente. A disputa levará ao palanque algo mais do que o futuro das legendas em um posto-chave do tabuleiro político. Estarão também dois projetos de governo que tenderão a federalizar o debate e balizar as estratégias para 2014. </span></span></div><div style="font-weight: normal; font-style: normal; "><span><span>No ano passado, o Diretório Nacional do PT definiu como prioridade vencer a eleição para prefeito de São Paulo como a última etapa de seu projeto de hegemonia do país. Porém, a tarefa de conquistar a fortaleza da oposição será difícil. A última vitória do PT na cidade foi em 2000, com Marta Suplicy – que não se reelegeu e teve de passar a faixa para José Serra (PSDB) em 2004. Nem a alta popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi suficiente para emplacar um candidato do partido em São Paulo.</span></span></div><div style="font-weight: normal; font-style: normal; "><span><span>Embora de sucesso incerto, a estratégia petista parece clara. Com Fernando Haddad, ex-ministro da Educação, o partido poderia alargar sua base de apoio no Congresso ao atrair o apoio de Gilberto Kassab e o seu recém-fundado PSD. Se fechada a coligação com um partido que já nasce com uma das principais bancadas em Brasília, o PT poderia ainda golpear um antigo braço da oposição e pavimentar o caminho da presidente Dilma em direção ao segundo mandato.</span></span></div><div style="font-weight: normal; font-style: normal; "><span><span>Moderado politicamente, Fernando Haddad é também a aposta petista para vencer a tradicional resistência de grupos conservadores da sociedade paulistana que rejeitam uma agenda da esquerda.</span></span></div><div style="font-weight: normal; font-style: normal; "><span><span>O PSDB, após sucessivas derrotas nas eleições para presidente e a perda de representatividade no Congresso, pretende manter o seu bastião. O partido está à frente do governo do Estado há 17 anos. O atual prefeito da capital foi eleito como vice na chapa de José Serra, em 2004, herdou a cadeira em 2006 e se reelegeu em 2008.</span></span></div><div style="font-weight: normal; font-style: normal; "><span><span>Para se fortalecer para a corrida presidencial de 2014, o PSDB almeja o apoio de aliados tradicionais, como o DEM, e potenciais, como o PSD. Os líderes do partido também se convenceram de que José Serra é o único que pode reunir forças políticas capazes de fazer frente a Fernando Haddad na eleição de São Paulo.</span></span></div><div style="font-weight: normal; font-style: normal; "><span><span>A escolha do paulistano em outubro próximo pode consolidar a hegemonia nacional do PT ou fortalecer a oposição do PSDB ao governo federal. </span></span></div><div style="font-weight: normal; font-style: normal; "><span><span><i>(*) cientista político e especialista em partidos e eleições</i></span></span><div><p class="MsoNormal" style="font-size: 100%; font-style: normal; font-variant: normal; line-height: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0.0001pt; "><i style="font-family: Georgia, serif; font-size: 100%; "><span style="font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman","serif""></span></i></p></div></div>Celso Romahttp://www.blogger.com/profile/07909327461238033266noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-14568358480552987932011-09-22T00:03:00.000-03:002011-09-22T00:03:04.680-03:00A revolução foi, sim, tuitada, mostra estudo<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Não era só impressão: uma análise quantitativa mostra que o Twitter e outras redes sociais foram o pivô das revoltas populares que derrubaram ditadores na Tunísia e no Egito no início do ano.(siga)</div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-47765842135687862222011-09-16T10:32:00.005-03:002011-09-16T10:49:20.107-03:00Entrave partidário ao equilíbrio fiscal dos EUA<span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; "><span class="Apple-style-span"><div><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; "><span class="Apple-style-span"><b>Folha de S.Paulo, 19/09/2011, A3</b></span></span></div><div><b>Celso Roma*</b></div><div>O acordo costurado há um mês no Congresso dos Estados Unidos para sanear as contas públicas mantém a desconfiança sobre o desempenho das instituições políticas do país.</div>O trabalho do Comitê Especial para Redução do Deficit, formado por seis democratas e seis republicanos incumbidos de apresentar, até 23 de novembro, proposta para corte de US$ 1,5 trilhão no Orçamento em dez anos, deve criar impasses.</span></span><div><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; "><span class="Apple-style-span">Isso já ocorreu em dezembro do ano passado, quando a Comissão Nacional para Reforma e Responsabilidade Fiscal não alcançou o consenso necessário para aprovar um relatório com propostas visando à redução de gastos e ao aumento de impostos. O problema pode se repetir agora, visto que os membros do comitê se dividem em torno de ideologias próprias.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; "><span class="Apple-style-span">Mesmo se o plano de corte nos gastos públicos for aprovado pela maioria dos membros do comitê especial, ele precisa ser votado, até 23 de dezembro, pelos plenários da Câmara dos Representantes e do Senado, que estão sob o controle de diferentes partidos, dificultando a tomada de decisão conjunta entre os congressistas.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; "><span class="Apple-style-span">Em abril deste ano, a falta de entendimento sobre o Orçamento de 2011 trouxe a ameaça de paralisação de serviços prestados pelo governo federal, por falta de provisão de recursos financeiros.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; "><span class="Apple-style-span">Tanto naquele momento quanto mais recentemente, o radicalismo está enraizado nos partidos políticos, reduzindo a margem de manobra para cooperação.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; "><span class="Apple-style-span">Democratas, considerados mais liberais, insistem em políticas voltadas para a assistência social e para o intervencionismo na economia, enquanto republicanos, de natureza mais conservadora, resistem a aumentar impostos e a preservar benefícios sociais.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; "><span class="Apple-style-span">Com base na análise de votações sobre a matéria, vislumbram-se dois cenários. No pior deles, deputados, de um lado, e senadores, de outro, se recusam a costurar um acordo, deixando o projeto engavetado. Nesse caso, o Escritório de Orçamentos da Casa Branca deve impor cortes automáticos, na mesma proporção, nas despesas com política doméstica e defesa.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; "><span class="Apple-style-span">No melhor cenário, com perspectiva de intensa negociação, os congressistas votam de modo indisciplinado ao que orienta seu respectivo partido, tornando imprevisível o resultado.<br />A incerteza persistirá até o final do processo legislativo. Ainda que a resolução conjunta seja aprovada pelo Congresso, o presidente Barack Obama pode assiná-la, permitir a promulgação dela sem a rubrica ou, em última instância, vetá-la. Ocorrendo veto, os congressistas devem derrubá-lo para reafirmar a decisão anterior.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; "><span class="Apple-style-span">O caminho para uma rota fiscal sustentável se torna mais difícil com a proximidade da corrida presidencial de 2012 e com a crescente insatisfação do eleitorado com a suspensão de programas do governo, muitos deles essenciais para recuperar a economia americana.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; "><span class="Apple-style-span">* <i>cientista político e doutor pela USP, é pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre os Estados Unidos (INCT-Ineu).</i></span><span style="font-family: 'Times New Roman'; "></span></span></div>Celso Romahttp://www.blogger.com/profile/07909327461238033266noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-85815569600204302642011-06-09T11:23:00.015-03:002011-06-09T14:20:06.595-03:00Infidelidade partidária, mitos e realidades<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; "><span class="Apple-style-span"><div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b>Folha de S.Paulo, 09/06/2011, A3</b></span></span></span></div><div style="color: rgb(51, 51, 51); font-style: italic; "><span class="Apple-style-span" style="font-style: normal; "><b>Celso Roma*</b></span></div><div style="color: rgb(51, 51, 51); font-style: italic; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(0, 0, 0); "><blockquote>Embora pareça ser ruim para o sistema político do país, a infidelidade partidária não produz os efeitos negativos que são atribuídos a ela</blockquote></span></div><div style="font-style: italic; "><span class="Apple-style-span" style="font-style: normal; ">Poucos acontecimentos da política brasileira têm sido tão condenados quanto a infidelidade partidária. O debate ressurgiu há poucas semanas, após a divulgação de notícias envolvendo a fundação do PSD (Partido Social Democrático) e a adesão de políticos à legenda recém-criada.</span></div></span></span><div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; "><span class="Apple-style-span">As críticas têm como base a suposição de que, quando um mandatário troca de partido, ele necessariamente burla a lei, distorce o resultado das urnas e trai seus eleitores.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; ">Entretanto, nenhuma evidência maior confirma qualquer uma dessas hipóteses. </span></div><div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; ">Nos casos de fundação de partido político, violação de direito político ou descumprimento do estatuto partidário, a legislação tem brechas que permitem ao mandatário se desligar do partido sem que isso seja considerado irregular.</span></div><div><div><div><div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; ">Exceções ao conceito de fidelidade partidária devem ser toleradas, sobretudo em um sistema político que, num passado recente, esteve subjugado pela Lei Orgânica dos Partidos Políticos, de 1971, sancionada pelo presidente Emílio Médici no auge da ditadura, com a finalidade de limitar o direito de associação política e dar poderes draconianos às cúpulas dos partidos.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; "><span class="Apple-style-span">A infidelidade partidária também não produz os efeitos negativos que se atribuem a ela, como inverter a correlação de forças políticas. Prova disso é que a intensa movimentação entre os partidos não alterou a composição das mesas diretoras ou as presidências de comissões da Câmara, segundo atesta Marcelo Costa Ferreira, professor da Unifesp, em artigo da Revista de Sociologia e Política. </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; "><span class="Apple-style-span">O eleitor não tem o voto desvirtuado quando o seu representante troca de partido. Na Câmara, por exemplo, os deputados migrantes marcam a mesma posição política observada no partido pelo qual se elegeram, ou seja, eles mudam de partido, mas mantêm as ideias e o padrão de votos, segundo aponta meu artigo na Dados - Revista de Ciências Sociais.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; ">Ao contrário do que se imagina, a migração partidária apresenta aspectos positivos.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; ">Os parlamentares, quando têm a possibilidade de trocar de partido, escolhem o que melhor corresponda ao objetivo da carreira política, o que contribui para corrigir erros de filiação, conforme sugere Scott Desposato, professor da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; ">Isso é tão verdadeiro que a interferência do Poder Judiciário na questão teve efeito colateral: os partidos se tornaram menos coesos na esfera parlamentar.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; ">Desde 2007, quando o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu que o mandato pertence ao partido, PT, PMDB, PSDB e DEM registram aumento da indisciplina dos filiados nas votações da Câmara dos Deputados, como demonstrou o pesquisador Saul Cunow no encontro da Western Political Science Association, no Canadá.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; ">Embora a infidelidade partidária pareça ser ruim para o sistema político do país, não é.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; ">* <i>cientista político e doutor pela USP, é especialista em partidos políticos e eleições</i></span></div></div></div></div>Celso Romahttp://www.blogger.com/profile/07909327461238033266noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-87638422366845050552011-02-07T16:41:00.002-02:002011-02-07T18:20:06.570-02:00À que serve a transitologia/consolidalogia? O processo político paraguaio entre a 'crise de abril' e o 'marzo de 1999'. (Parte 2)<div><span class="Apple-style-span" ><b>*José Szwako</b></span></div><div><br /></div><div>Vimos que a chamada ‘crise de abril’ foi o episódio no qual o general Lino Oviedo se negou a deixar o comando das Forças Armadas do Paraguai ordenado pelo então Presidente Wasmosy. Esse foi ‘the coup that didn’t happen’ (<a href="http://muse.jhu.edu/login?uri=/journals/journal_of_democracy/v008/8.1valenzuela.html">VALENZUELA </a>, 1997). O desfecho dessa crise potencial se deu com a intervenção de atores internacionais e com a mobilização de atores da sociedade civil paraguaia. Do ponto de vista da estabilidade institucional, esse desenlace encerrava um paradoxo: o país havia dado um passo importante quanto à institucionalização das Forças Armadas, sem uma real involução do processo político, mas Oviedo saía livre desse episódio e essa era uma pista evidente da intimidade do pacto militar-colorado com todos os poderes da República. Mitigada por fatores internacionais e domésticos, essa instabilidade passou, mas “ainda estava por vir o que seria a verdadeira crise política da transição paraguaia” (YORE & PALAU, 2000) – abril de 1996 foi apenas o prelúdio do março de 1999.</div><div>Utilizando-se de uma retórica nacionalista e clientelista, Oviedo se lança em campanha para as franjas empobrecidas do campo e das cidades paraguaias, e ao mesmo tempo consolida uma nova facção dentro do coloradismo, a ‘União Nacional dos Colorados Éticos’ (UNACE). Em suas falas, Oviedo fazia promessas messiânicas, atualizando, em um molde ultrarreligioso, alguns dos lugares-comuns da ideologia stronista: ‘el Paraguay necesita vivir en paz y libertad. Yo soy el eligido y el mensagero para encontrar el camino’, ‘el buen colorado debe ser gaucho y los hombres deben hacer el sacrificio de tener muchas mujeres’. Esse tipo messiânico e autoritário de discurso encontrava terra fértil em um ambiente marcado pela recessão e pela deterioração das condições de vida no país. Pouco tempo após ter detonado a crise de abril, o oviedismo dava seus primeiros frutos: com base em uma vasta rede de dívidas e lealdades político-militares, o nome de Lino Oviedo não apenas venceu nas internas coloradas para a disputa pela Presidência prevista para maio de 1998, como também liderava as pesquisas de opinião.</div><div>Nas internas coloradas, além de ter derrotado um de seus maiores e mais antigos rivais, o stronista Luis María Argaña, Oviedo conseguiu emplacar Raul Cubas, um desconhecido engenheiro na posição de disputa pela vice-presidência. Tal como nas internas para a eleição de 1993, esse resultado foi altamente contestado, pois a própria cúpula partidária impugnou os resultados, ao mesmo tempo em que a Justiça Eleitoral lhes oficializava. Essa dupla vitória de Oviedo e a sua inegável popularidade levaram, no entanto, à reação dos colorados derrotados e de setores da oposição partidária. Em meio aos descontentes com o crescimento do oviedismo estava o próprio Presidente Wasmosy que instaura então um Tribunal Militar Extraordinário, julgando e condenando Lino Oviedo a dez anos de prisão por seus atos em abril de 1996. Renovada, a Suprema Corte ratificou a condenação do tribunal extraordinário e a Justiça Eleitoral tirou Oviedo das eleições a um mês do início dos comícios.</div><div>Com Oviedo em prisão militar e atento à possível força advinda da oposição partidária coligada na ‘Aliança Democrática’, o Partido Colorado surpreende ao respeitar seus próprios estatutos, lançando uma fórmula quase inimaginável para concorrer às eleições: para Presidente, o candidato de Oviedo, Raul Cubas, e para Vice, Luis María Argaña. Inimigos íntimos, um oviedista e um stronista juntavam suas forças pelo partido e pela chegada ao Executivo. Se do ponto de vista do faccionalismo intrapartidário, essa fórmula parecia pouco imaginável, do ponto de vista eleitoral, ela foi pragmática e eficaz: em maio de 1998, o coloradismo conquistava mais uma vez a Presidência da República com mais de 53%, ao passo que a oposição ficou com 42% dos votos válidos. Embora tenha transcorrido em uma normalidade até então inédita na vida eleitoral paraguaia, o que se destacou nesse processo foi o slogan da campanha de Cubas - ‘tu voto vale doble’. Ou seja, a candidatura de Cubas foi baseada na promessa de liberar Oviedo, “quem simbolicamente ganhou as eleições desde a prisão” (RODRIGUEZ, 1998). </div><div><br /></div><div><span class="Apple-style-span" >*<b>José Szwako</b> é doutorando em Ciências Sociais na Unicamp.</span></div>Lucas Massimohttp://www.blogger.com/profile/17507863808223238088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-61242029763725260482011-02-05T16:24:00.006-02:002011-02-05T16:51:33.525-02:00À que serve a transitologia/consolidalogia? O processo político paraguaio entre a 'crise de abril' e o 'marzo de 1999'. (Parte 1)<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKd4zkVSDrcKc7f2DfJUhy9Zd-kLPjNPnmVSEIMQrNVu79JnIYY4Hsi8dqyNIlH0FMUmboWIw_lmqtpgu5P-0vq5ROFBCcCd7Zdpc5nyrrKqFlKDj1hIz-wVGew7DFDcjtzIrHWA/s1600/0000185101.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 197px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKd4zkVSDrcKc7f2DfJUhy9Zd-kLPjNPnmVSEIMQrNVu79JnIYY4Hsi8dqyNIlH0FMUmboWIw_lmqtpgu5P-0vq5ROFBCcCd7Zdpc5nyrrKqFlKDj1hIz-wVGew7DFDcjtzIrHWA/s320/0000185101.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5570277328703487106" /></a><span class="Apple-style-span"><div><span class="Apple-style-span">Marzo Paraguayo</span></div><div><span class="Apple-style-span">FOTOGALERÍA MARZO DE 1999</span></div><div><span class="Apple-style-span">Arquivo Última Hora</span></div><div><b style="color: rgb(204, 102, 0); "><br /></b></div><div><b style="color: rgb(204, 102, 0); ">José Szwako*</b></div></span><div><br /></div><div>A transição paraguaia teve seu fim com a eleição de seu primeiro presidente civil, o colorado Juan Carlos Wasmosy. Enriquecido com as prebendas e contratos ao redor de Itaipu, Wasmosy era a face civil do pacto colorado-militar herdado do stronismo. Contudo, no bojo do intenso faccionalismo que atravessava o coloradismo desde a queda de Stroessner, antes de disputar e vencer a eleição presidencial, o nome de Wasmosy teve de lutar dentro do Partido Colorado contra outro possível candidato, José Maria Argaña – Ministro da Corte Suprema durante o stronismo e Ministro das Relações Exteriores durante a transição. Em ambos os casos, a escolha colorada não tinha qualquer credencial democrática: ‘Argaña’s discourse had traditionally been aggressive, and he managed to get the support of a majority of the Colorado faction that followed Stroessner to the end. Wasmosy was clearly the candidate of the government establishment, the business elite connected to it, and especially the powerful First Army corps commander, General Lino C. Oviedo’ (ABENTE, 1996).</div><div><div>Wasmosy teve de lutar pela vaga e lutou com todos os meios, legais ou não. Depois de ter sido derrotado nas internas coloradas, a ala militarista do partido forja uma convenção extraordinária, passa por cima do tribunal eleitoral e garante o nome de sua preferência – Wasmosy – na lista colorada para a disputa pela Presidência. Além de ter sido maculada pela atuação aberta dos militares em favor de seu candidato, a eleição de 1993 foi marcada também pela voracidade com que colorados militaristas e colorados stronistas se enfrentavam na vida intrapartidária. Ao fim da transição, a cena ‘era politicamente complexa, mas aceitável para todos; para o general Rodríguez, entenda-se as Forças Armadas, porque foi eleito seu sucessor oficial e para a oposição porque ela conquistou maioria parlamentar’ (RODRIGUEZ, 1993).</div><div>A receita política que tinha levado Wasmosy à Presidência podia até ser aceitável para todos, mas acabou se mostrando bastante indigesta para ele próprio. De um lado, seu mandato teria que assegurar, dentro de um marco legal democrático, os interesses daqueles atores que o tinham catapultado; de outro, o oficialismo enfrentava uma inédita oposição parlamentar no Senado e na Câmara dos Deputados; e, para piorar a situação, os políticos colorados ligados à figura de Argaña (argañistas) se agruparam no Movimento de Reconciliação Colorada (MRC) e compuseram uma das bases da oposição ao governo de Wasmosy – ‘a falta de maioria parlamentar e a forte oposição de dentro de seu próprio partido limitaram severamente sua capacidade de governar’ (NICKSON, 1997), tirando os colorados pró-Wasmosy de posições-chave no Congresso.</div><div>Com algumas tréguas e pactos de governabilidade entre 1993 e 1994, as relações entre oposição e Executivo, na primeira metade do governo Wasmosy, se concentraram em duas questões intocadas na agenda da transição: a composição da Corte Suprema de Justiça no país e a despartidarização das Forças Armadas. Certamente essas duas tarefas não se completaram no mandato de Wasmosy, mas uma delas ultrapassou a esfera das tensões e negociações entre a oposição e o Presidente, que chegaram ao consenso de que o Poder Judiciário não poderia responder a uma vontade colorada, apontando para um ‘início de avanço maior na Corte’ (NICKSON, 1997). A despartidarização do estamento militar tocava direta e indiretamente nos interesses de militares, em especial, do general Lino Oviedo – de quem, desde fins de 1994, Wasmosy paulatinamente dava mostras de distanciamento.</div><div>Embora essas tarefas fossem sumamente necessárias, o nível institucional em que se desenrolou a agenda política pós-transição deixou pouco espaço para políticas econômicas e sociais. Algumas empresas estatais foram à época privatizadas, mas essas privatizações não mostravam retornos visíveis e se davam em áreas periféricas da economia paraguaia. Além disso, entre 1995 e 1998, o Paraguai passou por três crises em função de seu mercado paralelo e do sistema financeiro ilegal a ele ligado. A incapacidade estatal de dar resposta a essas crises levou a um aumento expressivo nas mobilizações de trabalhadores rurais e urbanos e na repressão a elas. De um ponto de vista mais amplo, o descontentamento social não ressoava em políticas públicas, que mostravam baixa capacidade de resposta ao público e não tinham em sua grande maioria fins redistributivos, no governo de Wasmosy e depois dele.</div><div>De fins de 1994 em diante, ao mesmo tempo em que a oposição pressionava o Executivo no sentido de dar impulso à despartidarização efetiva das Forças Armadas, o nível de tensão entre o Presidente e o general Lino Oviedo aumentava devido a um jogo de forças que passava pela decisão do orçamento e salário de militares e, sobretudo, pela voz de comando sobre a distribuição de posições dentro da hierarquia militar paraguaia. Esse jogo de forças mostrava, na verdade, aquilo que J. Lara Castro chamou de os ‘limites do poder dual’ nos quais a capacidade de decisão político-institucional era dividida e disputada entre o Executivo e o chefe das Forças Armadas. Enquanto Wasmosy chegava a consensos institucionais mínimos com a oposição, Oviedo se lançava em discursos, paradas e campanhas assistencialistas, e aumentava sua influência no Congresso, junto a atores de oposição ou colorados, e nos aparatos militar e estatal-administrativo. Em médio prazo, o investimento do militar tinha como alvo a Presidência, mas um percalço atravessou seu caminho: em abril de 1996, Oviedo é destituído do cargo de chefe das Forças Armadas por Wasmosy, mas o militar responde negativamente ao poder presidencial, insubordinando-se e colocando o Paraguai em uma delicada situação institucional.</div><div>Em nota, a embaixada dos Estados Unidos bradava: “A negativa do general Oviedo de acatar a decisão do Presidente representa um desafio direto à ordem constitucional (...) nosso governo vê com grave preocupação esta ameaça à democracia no Paraguai”. Antes mesmo do Presidente tornar pública a insubordinação do caudilho militar, as embaixadas de Estados Unidos, Argentina, Brasil e Chile, não apenas demonstraram seu apoio incondicional a Wasmosy e à continuidade institucional, como também intervieram, por razões realistas e por outras, de forma rápida e efetiva na estabilização dessa crise. Com resultados positivos, a pressão internacional negocia e logra a saída pacífica de Oviedo da chefia castrense e, como parte da negociação, Wasmosy chega a cogitar o nome de seu inimigo íntimo para o Ministério da Defesa. Em oposição a essa virtual nomeação, jovens estudantes e outros grupos organizados vão às praças ao redor do Palácio do Governo e Oviedo, agora civil, não ganha a pasta ministerial.</div></div><div><br /></div><div><span class="Apple-style-span"><b>*José Szwako</b> é doutorando em Ciências Sociais na Unicamp.</span></div>Lucas Massimohttp://www.blogger.com/profile/17507863808223238088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-9563350414283779602010-12-05T22:18:00.003-02:002010-12-05T22:24:34.183-02:00II Fórum Brasileiro de Pós-graduação em Ciência Política - UFSCar 20, 21 e 22 de julho de 2011<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHQAyJ3LudNSPguoGaIVam79NKxdZiJ4oXm-WKQiLe4BV6yKw2jro1k2nh0YLwKDv12LNUdxUyq7D0cj37G1S71tDoTYVqbzWGwsSIr4h-AlzXJ4RxUwc8z8tA1dLBkG4enZOf/s1600/banner_completo.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 364px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHQAyJ3LudNSPguoGaIVam79NKxdZiJ4oXm-WKQiLe4BV6yKw2jro1k2nh0YLwKDv12LNUdxUyq7D0cj37G1S71tDoTYVqbzWGwsSIr4h-AlzXJ4RxUwc8z8tA1dLBkG4enZOf/s400/banner_completo.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5547357580483125762" /></a><br /><br /><br />Esta aberto o call of paper para o II Fórum Brasileiro de Pós-graduação em Ciência Política. Os resumos podem ser submetidos pelo site <a href="http://www.forumcienciapolitica.com.br">www.forumcienciapolitica.com.br</a> . Alunos de pós-graduação podem submeter papers e alunos de graduação painéis.<br />O II Fórum ocorre na Universidade Federal de São Carlos durante os dias 20, 21 e 22 de julho de 2011.<br />Informações: secretaria@forumcienciapolitica.com.brBruno Bolognesihttp://www.blogger.com/profile/00500850783753752084noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-7644640905932184422010-11-25T16:20:00.003-02:002010-11-25T16:29:20.610-02:00Entrevista com Sebastião Velasco sobre política externa do governo brasileiro<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIK-j1NdZAqDGnWOSvkPK4XY1vroVNUwpAtPlHsADSbN1ClZ81LbintquwN-6xsiBYkMyq32msupACN0s4OdgQuUNwkNaNMOAF9yqMSUm15I7HK9-n2oET3B5P4Kh7tihQ2gjkJw/s1600/tiao.png"><img style="float: right; margin: 0pt 0pt 10px 10px; cursor: pointer; width: 124px; height: 182px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIK-j1NdZAqDGnWOSvkPK4XY1vroVNUwpAtPlHsADSbN1ClZ81LbintquwN-6xsiBYkMyq32msupACN0s4OdgQuUNwkNaNMOAF9yqMSUm15I7HK9-n2oET3B5P4Kh7tihQ2gjkJw/s400/tiao.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5543555615539501378" border="0" /></a><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Vitória de Dilma é garantia de estabilidade na América do Sul </span><br />Do Site do <a href="http://www.zedirceu.com.br/">Zé Dirceu</a>.<br /><br /><!--[if !mso]> <style> v\:* {behavior:url(#default#VML);} o\:* {behavior:url(#default#VML);} w\:* {behavior:url(#default#VML);} .shape {behavior:url(#default#VML);} </style> <![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> <w:lidthemeother>EN-US</w:LidThemeOther> <w:lidthemeasian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:lidthemecomplexscript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> <w:splitpgbreakandparamark/> <w:dontvertaligncellwithsp/> <w:dontbreakconstrainedforcedtables/> <w:dontvertalignintxbx/> <w:word11kerningpairs/> <w:cachedcolbalance/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> <m:mathpr> <m:mathfont val="Cambria Math"> <m:brkbin val="before"> <m:brkbinsub val="--"> <m:smallfrac val="off"> <m:dispdef/> <m:lmargin val="0"> <m:rmargin val="0"> <m:defjc val="centerGroup"> <m:wrapindent val="1440"> <m:intlim val="subSup"> <m:narylim val="undOvr"> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" defunhidewhenused="true" defsemihidden="true" defqformat="false" defpriority="99" latentstylecount="267"> <w:lsdexception locked="false" priority="0" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Normal"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="heading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="35" qformat="true" name="caption"> <w:lsdexception locked="false" priority="10" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" name="Default Paragraph Font"> <w:lsdexception locked="false" priority="11" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtitle"> <w:lsdexception locked="false" priority="22" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Strong"> <w:lsdexception locked="false" priority="20" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="59" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Table Grid"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Placeholder Text"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="No Spacing"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Revision"> <w:lsdexception locked="false" priority="34" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="List Paragraph"> <w:lsdexception locked="false" priority="29" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="30" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="19" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="21" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="31" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="32" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="33" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Book Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="37" name="Bibliography"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" qformat="true" name="TOC Heading"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-priority:99; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0in 5.4pt 0in 5.4pt; mso-para-margin:0in; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-theme-font:minor-fareast; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi;} </style> <![endif]--><span style=";font-family:";font-size:12pt;" lang="PT-BR" ></span>A análise é de Sebastião Velasco, cientista político e professor da Unicamp.<br /><br />O papel desempenhado hoje pelo Brasil no contexto mundial, sua liderança na América Latina e as inovações da política externa do governo Lula, imprimindo posição mais soberana frente aos países economicamente hegemônicos, são temas destacados pelo cientista político e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Sebastião Carlos Velasco Cruz.<br /><br />Especialista em Ciência Política, com ênfase em Economia Política e Relações Internacionais, nesta entrevista, Velasco explica porque “a vitória da presidenta Dilma Rousseff é uma garantia de estabilidade política na América do Sul”. Uma previsão feita com base nos resultados da política internacional praticada nos últimos oito anos pelo governo Lula, do qual, Dilma representa a continuidade.<br /><br />Em sua análise, o professor da Unicamp -- pesquisador do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre os Estados Unidos (INCT-INEU) -- avalia, ainda, as inovações da política externa brasileira, a relação do Brasil com os Estados Unidos, a importância do MERCOSUL; e alerta, sobretudo, para a necessária postura soberana conquistada pelo país frente a um contexto internacional cada vez mais multipolar.<br /><br />[ Dirceu ] Velasco, qual a inovação da política internacional adotada pelo governo Lula? Em quais aspectos ela se difere, por exemplo, da postura do governo anterior?<br /><br />[ Velasco ] Até a chegada do governo Lula, em linhas gerais, a política externa do governo FHC era regida pela ideia de que o Brasil, país continental, poderia almejar um papel relevante, porém, modesto no cenário internacional. Isso tinha como implicação um perfil muito baixo no relacionamento com o mundo, em especial com os Estados Unidos. Privilegiava a diplomacia comercial e adotava uma atitude muito cautelosa na defesa dos interesses do país. A crítica que a oposição e o PT faziam à essa política incidia nestes pontos.<br /><br />A política externa do governo Lula mostrou sua diferença antes mesmo de o governo se constituir, já na resposta dada à crise venezuelana: Marco Aurélio Garcia (assessor especial de relações internacionais da Presidência da República) viajou ao país como emissário pessoal do presidente eleito. Houve, portanto, um apoio para dar conta daquela situação que ameaçava a Venezuela com o espectro da guerra civil. Logo depois, a atitude afirmativa da política externa do governo Lula expressou-se na posição do Brasil durante a crise que culminou na invasão do Iraque.<br /><br />A novidade não foi tanto a condenação deste ato de violência. Isso o ex-presidente Fernando Collor tinha feito em 1991, quando da Guerra do Golfo. O Brasil não a apoiou, ao contrário da Argentina. O que houve de inovador no governo Lula foi a desenvoltura da diplomacia brasileira e da atuação pessoal do presidente, que participou ativamente da frente internacional de oposição à guerra.<br /><br />Como bem disse o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, o Brasil não tem a alternativa de ser um país normal, uma potência média como a Espanha ou a Holanda. Pelo seu tamanho, população, dotação de recursos, ou ele supera suas enormes disparidades sociais – e ao fazê-lo passa a ocupar no mundo um espaço proporcional a seu tamanho -, ou ele não supera esses entraves e se transforma em um país problemático.<br /><br />[ Dirceu ] Como você avalia a relação EUA e Brasil, em especial, a questão dos tratados de livre comércio?<br /><br />[ Velasco ] Historicamente, desde o século XIX, o Brasil mantém uma boa relação com os EUA. Em alguns momentos, como nos governos de Getúlio Vargas e do general Ernesto Geisel marcamos nossas diferenças. No caso do Getúlio Vargas, inclusive, como forma de encaminhar uma negociação favorável aos interesses brasileiros. A implantação da indústria brasileira, por exemplo, é resultado disso.<br /><br />Na América do Sul, os EUA sempre viram o Brasil como um país de grande influência. Na realidade, o problema da relação entre os dois países não é a relação propriamente dita entre eles, mas a relação dos EUA com o mundo. Desde o final do século XIX, os EUA se voltaram para fora com um impulso muito grande, ocupando espaços e caminhando rapidamente para o exercício de uma posição hegemônica, condição que conquistam efetivamente após a II Guerra Mundial. No sistema de alianças que Washington montou nesse período, o Brasil é um país que tem um papel localizado, regional. Isso ficou muito evidente durante o golpe de 64, e no que se passou daí em diante.<br /><br />O estremecimento que houve nos anos 70, com o Geisel e a política externa do seu governo – o “pragmatismo responsável” conduzido pelo chanceler Antônio Azeredo da Silveira – se deu porque o Brasil começou a se afastar do script e passou a exibir uma pauta de conduta autônoma. O episódio emblemático desta postura foi o reconhecimento da independência das colônias portuguesas na África.<br /><br />O alcance desses conflitos, porém, era limitado. Apesar de ocasionalmente marcadas por problemas, nossas relações com os EUA nunca chegaram perto de um rompimento, ou de uma situação de hostilidade. Esse é o contexto no qual se dá o episódio do surgimento da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA).<br /><br /><span style="font-weight: bold;">A questão ALCA</span><br /><br />A ALCA surge nos anos 1990, quando o Brasil estava realizando um movimento de enorme importância cujo resultado foi a constituição do MERCOSUL. Com ele, houve uma inflexão no relacionamento sempre delicado com a Argentina e tivemos a transformação de uma relação problema em uma aliança capaz de alavancar os dois países no plano internacional e, ao mesmo tempo, contribuir para a consolidação da transição democrática que estava em curso em ambos. Esse processo, como se sabe, foi muito mais complicado na Argentina do que no Brasil.<br /><br />Então, quase que simultaneamente o primeiro Bush, presidente George Bush (pai), lançou a iniciativa, a ALCA, para as Américas: a proposta de se criar no hemisfério uma grande área de livre comércio que iria do Alaska à Patagônia. A diplomacia brasileira percebeu claramente essa iniciativa como uma ameaça ao seu modesto – ainda que importante – projeto de integração no Cone Sul.<br /><br />Em 1994, essa ideia se converteu num acordo formal, assinado por todos os presidentes que participaram da reunião de cúpula em Miami. Desde então, o governo brasileiro passou a negociar a ALCA, ainda que com muitas reservas. Este processo termina em 2005, com a evidência de que ele não era viável e - naquilo que poderia ser - não interessava mais a nenhuma das partes. Então, a ALCA é uma carta que saiu do baralho.<br /><br />[ Dirceu ] A ALCA começou no governo FHC e terminou no governo Lula. Quais as diferenças quanto a condução da questão nos dois governos?<br /><br />[ Velasco ] Durante esse longo processo de negociações, há uma nítida diferença de comportamento entre o governo Fernando Henrique Cardoso e o governo Lula. A diplomacia brasileira nunca ficou encantada com a ideia da ALCA, mas nunca imaginou a possibilidade de dizer não à proposta. No governo Lula, a questão da ALCA já se apresentou de uma forma completamente diferente. Ela tinha sido tema da campanha eleitoral e houve mobilizações importantes da sociedade brasileira, com abaixo assinados contra a sua instituição.<br /><br />Por outro lado, a América Latina havia se transformado enormemente. Já tínhamos Hugo Chávez na Venezuela, a crise argentina, enfim, as condições para a realização do que os EUA intentavam com o projeto da ALCA, em meados da década (2005), já não estavam mais presentes.<br /> <br /><span style="font-weight: bold;">Brasil e Argentina: da rivalidade à aliança</span><br /><br />[ Dirceu ] Qual a importância do MERCOSUL para o Brasil e para o continente?<br /><br />[ Velasco ] O MERCOSUL é uma iniciativa de enorme importância, não apenas pelo seu significado econômico, mas pela mudança no relacionamento político entre o Brasil e a Argentina que se cristaliza no bloco. A necessidade imperiosa desta mudança já se fazia sentir ao longo dos anos 70.<br /><br />Nessa época, o renomado cientista político Hélio Jaguaribe escreveu um trabalho sobre a inserção do Brasil no mundo, em que dizia exatamente que a condição para o nosso país ampliar seu grau de liberdade no relacionamento com os EUA era a transformação da rivalidade histórica com a Argentina em uma aliança sólida.<br /><br />A importância do MERCOSUL, então, é enorme. A América do Sul hoje é completamente diferente do que era no passado. Os planos, os cenários de guerra com que as Forças Armadas de um lado e do outro trabalhavam não existem mais. No plano comercial e econômico, a Argentina é um dos principais parceiros do nosso país.<br /><br />O MERCOSUL viveu um problema muito grande, que tem relação direta com as crises financeiras no final da década de 90 - a desvalorização do Real (1998), sobretudo, e mais adiante a crise dramática do peso argentino. Essas crises levaram os governos a tomar uma série de medidas defensivas. Mas o MERCOSUL continuou vivo e é o elemento decisivo, a mola propulsora, a plataforma de lançamento de um projeto maior que é a integração sul-americana.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">O contrapeso da China</span><br /><br />[ Dirceu ] Em relação a Ásia e a China, como você vê essa região e esse país hoje no mundo e o envolvimento deles com os EUA?<br /><br />[ Velasco ] A China é a grande novidade da virada do século. É um país que se constrói como um contrapeso à potência ou potências hegemônicas. Terminada a Guerra Fria, os EUA detiveram não só uma posição de supremacia inconteste no sistema financeiro e uma base industrial muito forte, mas também uma predominância militar indiscutível.<br /><br />Essa situação deu margem a um enorme debate, logo no inicio dos anos 90, após a Guerra do Iraque. Tratava-se de saber se essa situação era circunstancial ou se era uma estrutura permanente, se caminharíamos para um processo de desconcentração do poder mundial. Isso que era objeto de especulação nos anos 90, no final da primeira década do século XXI, parece uma questão superada.<br /><br />Os EUA continuam sendo o país predominante, mas o sistema caminha para uma configuração multipolar e o pólo que cada vez mais ascende como o contrapeso é a China. De saída, pelo seu dinamismo econômico fora do comum, nunca visto. Nós vivemos algo parecido no Brasil, mas a China é um país muito maior, com uma população de mais de um bilhão de habitantes. Os números absolutos são incomparáveis.<br /><br />Há alguns anos, li em um estudo do embaixador Amaury Porto de Oliveira, grande conhecedor da China, que o número de trabalhadores sazonais – que saem do campo e circulam pelo país em busca de trabalho – era de cerca de 80 milhões. Uma coisa impressionante. É como se fosse um México todo. Então, os números absolutos são outros.<br /><br />O Brasil cresceu muito, a taxas comparáveis (à China), em certo período. Mas a China vem mantendo taxas de crescimento “milagrosas” há décadas. Isso envolve transformações estruturais muito grandes. A China integra a economia asiática, é o principal parceiro da Índia, Coréia, mesmo do Japão etc. Mas não é só isso, tem uma face financeira deste crescimento – fundos soberanos, aplicação em papéis americanos, investimentos em ativos reais, etc. Então, entre os dois países, EUA e China, existe uma relação de complementaridade e de tensão neste campo.<br /><br />Agora, a China tem uma enorme dependência enérgica e investe pesadamente no mundo todo - na África e na América Latina - em busca do que é necessário para a alimentação deste sistema econômico tão dinâmico. O problema do relacionamento da China com os EUA e a Europa é que ela não faz parte do sistema de segurança montado pelos EUA.<br /><br />O Japão também cresceu de forma extraordinária em passado não muito distante. Só que o Japão não apenas fazia parte do sistema de alianças dos EUA, como mantinha tropas americanas em seu território. Então, o dinamismo econômico do Japão não tinha o mesmo impacto, nem o significado geopolítico da expansão chinesa.<br /><br />Como a China não está na órbita política dos EUA, o Estado chinês não pode apostar no mercado para regular o abastecimento dos recursos essenciais a seu sistema econômico. Porque os circuitos desse mercado são protegidos pela força militar da potência hegemônica, e nada garante que essa força não venha a se voltar contra a China em dado momento. Então, o tratamento da questão energética pela China não é e não pode ser estritamente econômico. As considerações de segurança se fazem presentes nas relações comerciais e nos investimentos. Os chineses tratam de estabelecer relações políticas com seus parceiros, e, mais recentemente, preparam-se para garantir militarmente as rotas marítimas vitais para a sua economia.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Forças progressivas na AL </span><br /><br />[ Dirceu ] Depois de duas décadas de vitórias eleitorais, de avanços que se expressaram nas rebeliões e refundações com Constituinte da Venezuela, Equador, Bolívia; de avanços políticos e institucionais na Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, nós tivemos o golpe de Honduras, a eleição de Juan Manuel Santos (Colômbia) e de Sebastián Piñera (Chile). Como você vê essa realidade combinando isso com a política agressiva norte-americana? Como vê as vitórias e o período de mudanças progressistas e essa nova correlação de forças que vai se estabelecendo?<br /><br />[ Velasco ] Eu chamaria atenção, em primeiro lugar, para o caráter contraditório do desenvolvimento. Houve a vitória da direita no Chile depois de 20 anos do governo da Concertación. Mas ela era uma esquerda muito comportada e distanciada das experiências que você citou e que marcaram esta década na América Latina. Além disso, o Piñera fez um movimento de tomada de distância daquilo que foi o elemento definidor das políticas de direita (ditadura Pinochet, principalmente), ao reivindicar o voto da população chilena, que em sua grande maioria apoiava a presidenta Bachellet.<br /><br />Tenho a impressão de que no Chile houve de um lado, uma condução prudente da oposição de direita e, de outro, um desarranjo na Concertación que impediu que uma presidenta com grande popularidade se envolvesse na campanha eleitoral. Ela se manteve à margem e só no final do 2º turno se manifestou.<br /><br />A Bolívia viveu uma crise que quase levou o país a uma guerra civil, no final de 2008. Ela foi contornada com a ajuda muito importante de um mecanismo diplomático criado pela diplomacia brasileira: a União das Nações da América do Sul (UNASUL). Na sequência, o presidente Evo Morales vence plebiscitos e depois se reelege com grande maioria.<br /><br />Então, temos situações muito diversas. Mesmo a Colômbia é uma interrogação, porque o (presidente Joaquim Manuel) Santos não é exatamente o (ex-presidente Álvaro)Uribe. Vamos ver como as coisas evoluem. A decisão da Suprema Corte colombiana em relação às bases militares dos EUA no país foi muito importante.<br /><br />A impressão que tenho é que a América do Sul está em movimento e eu não vejo com pessimismo o que acontece. As preocupações maiores da diplomacia americana não estão voltadas para este subcontinente. Os EUA têm problemas muito graves para tratar no Oriente Médio, no Afeganistão, sem falar dos seus problemas internos. Mas essa dinâmica – integração econômica e intensificação das comunicações políticas na América do Sul – desperta alguma inquietação.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">O papel militar na política externa</span><br /><br />[ Dirceu ] Como você vê a relação entre poder militar no Brasil e a política externa?<br /><br />[ Velasco ] Houve uma transformação muito grande do papel militar na política brasileira. Desde a Proclamação da República, os militares foram elementos decisivos na condução dos assuntos internos. Exerceram esse papel, aqui e em outros lugares, tomando posição em relação aos acontecimentos da política nacional, estabelecendo projetos e eventualmente dando golpes.<br /><br />Após a transição, sobretudo depois da Constituinte, essa dimensão da relação militar e civil foi contida. Nós passamos por crises importantes no país e pela primeira vez os militares não estiveram presentes como um fator relevante.<br /><br />A minha percepção – embora não possa afirmar, pois não faço pesquisa sobre o tema – é que os militares perceberam claramente que estamos no caminho do fortalecimento do Estado nacional, que tem como premissa a promoção social e a retomada do crescimento. Esta tarefa o governo vem realizando muito bem nesses últimos 8 anos. Isso é algo que casa com suas expectativas.<br /><br />[ Dirceu ] Qual sua avaliação sobre a posição brasileira em relação ao Irã? O que você diria da sentença de apedrejamento aplicada contra Sakineh?<br /><br />[ Velasco ] O que há no Irã e também no Afeganistão é uma interpretação distorcida da lei islâmica que para alguns tem essa implicação incompatível com qualquer noção minimamente aceitável de convivência humana no mundo moderno. A atitude do governo brasileiro foi de se manifestar contra o ato de apedrejamento. A opinião pública brasileira e de quase todo o mundo repudia essa violência.<br /><br />O que é importante dizer a este respeito é que não é no Irã apenas que há violações e restrições à liberdade em geral, ocorre a discriminação contra a mulher. Basta pensar na Arábia Saudita. Há claramente, neste caso, o fato deplorável que é a utilização do escândalo como peça de uma campanha que é muito anterior a ele, contra o Irã.<br /><br />[ Dirceu ] Como você vê a posição dos EUA contrária à pesquisa nuclear do Irã para fins pacíficos? Por que eles dizem exatamente que não é com esses fins que o país desenvolve essa política?<br /><br />[ Velasco ] A questão nuclear é muito simples: formou-se desde 1968 um cartel, com o tratado de não proliferação nuclear, um projeto de congelamento do poder mundial, como dizia o Embaixador Araujo Castro. Embora nunca tenha tido a pretensão de desenvolver armamento nuclear, o Brasil sempre o denunciou como desigual e inaceitável.<br /><br />Agora, esse tratado de não proliferação nuclear envolvia, até mesmo para que fosse aceito, algumas cláusulas. Entre elas, estava o compromisso dos países industrializados de se desarmarem e de transferirem ou facilitarem a difusão do conhecimento da tecnologia nuclear para fins pacíficos ao conjunto dos signatários.<br /><br />Na prática, isso não aconteceu. O Brasil, desde 1977, teve problemas com os EUA porque o propósito de construir usinas nucleares através de acordos com a Alemanha esbarrava no veto americano. É exatamente este veto, agora, que cai sobre o Irã.<br /><br />Naquela região extremamente crítica, tensa e nuclearizada – Israel é um país dotado de cerca de 200 ogivas nucleares, se não me engano - os EUA procuram bloquear o programa nuclear pacífico do Irã, alegando que não é pacífico e que não foi provado que era pacífico. O problema de fundo é que, dominado o ciclo do enriquecimento do urânio, a transição do uso pacífico ao militar da energia nuclear é muito fácil. É esta possibilidade que afeta o equilíbrio estratégico na região.<br /><br />O Brasil, como a Turquia – que negociou um acordo com o Irã, rejeitado pelos EUA - preocupa-se com a escalada, que tem como estágio final o emprego da força, seja por iniciativa de Israel, seja dos EUA. Esta é uma hipótese que as autoridades americanas sempre fizeram questão de afirmar que estava na mesa. No primeiro semestre deste ano, o Brasil e a Turquia fizeram um movimento muito bem sucedido, quando todos achavam que era inviável: a aceitação por parte do governo iraniano de um entendimento que reproduzia quase literalmente os termos da negociação proposta pelos EUA.<br /><br />Este fato gerou inclusive a carta do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama ao presidente Lula. O problema é que a posição brasileira na negociação com o Irã foi muito bem sucedida. A resposta grosseira e brutal do Departamento de Estado americano deve ser interpretada como uma mensagem ao Brasil e à Turquia: “nós não aceitamos este papel que vocês pretendem desempenhar na solução da crise.”<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Comunicação: alimento da vida democrática</span><br /><br />[ Dirceu ] Queria que você falasse sobre a mídia latinoamericana e sua associação com os golpes de Estado no continente. Grande parte dela cresceu sob a influência e apoio norte-americanos, de corporações daquele país ou até mesmo da CIA, à sombra das oligarquias nacionais ou durante as ditaduras militares. Hoje, a imprensa brasileira, na sua imensa maioria, faz um papel de partido político. E agora, temos essa discussão a respeito da regulação. Como você vê e analisa tudo isso?<br /><br />[ Velasco ] É uma coisa muito grave. A comunicação é o alimento que mantém a vida democrática. Por isso a censura é a primeira medida das ditaduras. Agora, a censura não é estabelecida apenas pelos regimes ditatoriais. Se você controla os órgãos de imprensa, controla também as informações que circulam na sociedade. Tradicionalmente esse risco era minimizado pela possibilidade de vozes muito diferentes e pela desconcentração do mercado jornalístico. No século XIX os jornais eram contados às centenas.<br /><br />O problema é que o processo de concentração e centralização se desenvolveu neste espaço também. E agora com as novas tecnologias, mais ainda. Nós não temos apenas grupos com presença predominante na imprensa escrita, mas na TV aberta ou fechada também. No Brasil - e isso vale para outros países - existem hoje 3 ou 4 grupos que controlam os grandes veículos de comunicação. Grupos familiares. Basta pensar na Globo, no Estado de São Paulo, na Folha, na Veja e estamos conversados. Existem diferenças entre esses veículos, mas a convergência é muito forte. Quando eles assumem uma pauta de partido político, e pior, quando agem como partidos sectários, eles distorcem de forma muito nociva, desfiguram o processo democrático.<br /><br />No Brasil, esse problema é um pouco menor porque temos uma legislação que garante espaço na imprensa e na TV, pelo menos nos períodos eleitorais. Seja como for, esse é um tema crucial na agenda política no Brasil e um enorme desafio para a teoria e a prática democráticas.<br /><span style="font-weight: bold;"><br />Significado da vitória de Dilma Rousseff</span><br /><br />[ Dirceu ] O que significa a vitória da Dilma Rousseff e a continuidade da política internacional do governo Lula daqui para frente?<br /><br />[ Velasco ] A melhor forma de responder a esta pergunta é olhar os posicionamentos da oposição sobre os temas da política externa. Os dois partidos (oposicionistas) mais importantes nesse campo, o PSDB e o PFL/DEM, não dão muita prioridade à política internacional, mas os pronunciamentos de seus dirigentes (e dos diplomatas aposentados que circulam em seu meio) são eloqüentes: eles queriam a ALCA, mesmo que em troca de concessões mínimas por parte dos EUA; foram contra a diversificação dos laços comerciais e políticos com os países do Sul, o “Terceiro Mundismo”, na forma depreciativa que usavam para qualificar a diplomacia do governo Lula; e condenaram ruidosamente a disposição brasileira de negociar uma solução aceitável com a Bolívia, em 2006 (na questão do gás).<br /><br />Eles chamaram repetidamente o governo de fraco por não rejeitar liminarmente os pleitos de países vizinhos – a Argentina e o Paraguai, em particular. Eles votaram contra o ingresso da Venezuela no Mercosul, e fizeram coro com a direita norte-americana no trato que o Brasil deu à crise (golpe militar de julho deste ano) de Honduras.<br /><br />Tendo em vista esse currículo - bem como as declarações, durante a campanha, de José Serra - o mínimo que se pode dizer é que a vitória de Dilma em 31 de outubro é uma garantia de estabilidade política na América do Sul.<br /><br />O Brasil, no governo Lula, exerceu um papel de liderança no processo de integração e de aprofundamento da democracia na região. O êxito da oposição aqui fortaleceria a direita em todo o continente, e abriria o caminho para novos ensaios golpistas como os que vimos ainda há pouco no Equador. A vitória de Dilma encerra a promessa de avanços significativos em ambas as direções. Mas seu significado pleno só fica evidente quando levamos em conta o enorme retrocesso que ela evitou.<br /><br />E não é só isso. Essa oposição, muito enfática na denúncia, não fez o dever de casa e nunca desenvolveu uma concepção estratégica sobre o papel do Brasil no mundo.<br /><br />Ora, contrariando as expectativas ingênuas criadas pelo fim da Guerra Fria nos bem pensantes, o mundo no século XXI tornou-se um lugar interessante, mas perigoso. Crises financeiras, violência terrorismo, guerra... são faces distintas do perigo que nos cerca. Em 2008, a crise financeira global levou os níveis de incerteza a um patamar bem mais elevado. Em meio às turbulências de um mundo assim, a clareza de objetivos, a noção precisa do rumo a seguir, e a coragem para avançar são bens inestimáveis. Na preservação desse patrimônio está o significado maior da vitória de Dilma para o Brasil e sua política externa.Luiz Domingoshttp://www.blogger.com/profile/10828106280826428629noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-69669535077594006102010-11-12T18:54:00.006-02:002010-11-16T17:49:20.140-02:00evento debate as eleições 2010 no contexto da democracia brasileira<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnoDTF3pYmf8q3sOZ67TSa8WFYg0MRVklDCx-kZaHUwRVVzQ96HnEusKnP-DuBVva1n8d1JJZA1oYap3iYJGTX-Jo8NoSgrwLC6xV4tI54zp_mOheSXUnqkGG0Ar1tn0fsYmjDHA/s1600/banner.jpg"><img style="float: right; margin: 0pt 0pt 10px 10px; cursor: pointer; width: 283px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnoDTF3pYmf8q3sOZ67TSa8WFYg0MRVklDCx-kZaHUwRVVzQ96HnEusKnP-DuBVva1n8d1JJZA1oYap3iYJGTX-Jo8NoSgrwLC6xV4tI54zp_mOheSXUnqkGG0Ar1tn0fsYmjDHA/s400/banner.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5538772947053419650" border="0" /></a><br />Seminário<br /><br /><span style="font-weight: bold; color: rgb(153, 0, 0);">AS ELEIÇÕES DE 2010 E A DEMOCRACIA BRASILEIRA</span><br /><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> <w:lidthemeother>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:lidthemeasian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:lidthemecomplexscript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> <w:splitpgbreakandparamark/> <w:dontvertaligncellwithsp/> <w:dontbreakconstrainedforcedtables/> <w:dontvertalignintxbx/> <w:word11kerningpairs/> <w:cachedcolbalance/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> <m:mathpr> <m:mathfont val="Cambria Math"> <m:brkbin val="before"> <m:brkbinsub val="--"> <m:smallfrac val="off"> <m:dispdef/> <m:lmargin val="0"> <m:rmargin val="0"> <m:defjc val="centerGroup"> <m:wrapindent val="1440"> <m:intlim val="subSup"> <m:narylim val="undOvr"> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" defunhidewhenused="true" defsemihidden="true" defqformat="false" defpriority="99" latentstylecount="267"> <w:lsdexception locked="false" priority="0" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Normal"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="heading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="35" qformat="true" name="caption"> <w:lsdexception locked="false" priority="10" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" name="Default Paragraph Font"> <w:lsdexception locked="false" priority="11" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtitle"> <w:lsdexception locked="false" priority="22" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Strong"> <w:lsdexception locked="false" priority="20" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="59" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Table Grid"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Placeholder Text"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="No Spacing"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Revision"> <w:lsdexception locked="false" priority="34" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="List Paragraph"> <w:lsdexception locked="false" priority="29" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="30" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="19" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="21" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="31" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="32" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="33" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Book Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="37" name="Bibliography"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" qformat="true" name="TOC Heading"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-priority:99; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-theme-font:minor-fareast; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span style="font-size:130%;"><b><span style="font-size: 9pt; font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; color: rgb(227, 108, 10);">17, 18 d 19 de novembro, às 19h</span></b></span></p> <br />Promoção: Cursos de Ciência Política e Relações Internacionais (Uninter), Programa de Pós-Graduação em Ciência Política (UFPR), NUSP, TRE-PR.<br /><br /><span style="font-size:85%;">Local: UFPR, Campus Reitoria, Ed. Dom Pedro I., Segundo Andar. Rua Gal. Carneiro, 150, Centro.<br /></span><br /><br /><br />Entrada Franca<br /><br /><br /><br /><ul><li>MESA 1 - 17 novembro, quarta</li></ul>AS REGRAS E OS ATORES NA DEMOCRACIA ELEITORAL BRASILEIRA<br />Coordenação: Karla Gobbo (Uninter)<br /><br />1. Emerson Cervi (UFPR) – <span style="color: rgb(102, 102, 102);">Financiamento de campanhas e partidos políticos no Brasil: do público ao privado, do Estado à Sociedade</span><br /><br />2. Doacir Quadros (Uninter) – <span style="color: rgb(102, 102, 102);">Partidos Políticos e Propaganda Política</span><br /><br />3. Bruno Bolognesi (UFSCar) – <span style="color: rgb(102, 102, 102);">Recrutamento político no Brasil: desafios e qualidade da representação política</span><br /><br /><ul><li>MESA 2 - 18 novembro, quinta</li></ul>A DEMOCRACIA DE MASSAS NO BRASIL<br />Coordenação: Adriano Codato (UFPR)<br /><br />1. Renato Perissinotto (UFPR) – <span style="color: rgb(102, 102, 102);">Como anda a Poliarquia Brasileira? Uma análise sobre as eleições de 2010</span><br /><br />2. Pedro Floriano Ribeiro (UFSCar) - <span style="color: rgb(102, 102, 102);">As transformações internas do PT e as eleições de 2010: balanço e perspectivas</span><br /><br />3. Luiz Domingos Costa (Uninter) – <span style="color: rgb(102, 102, 102);">Os descompassos nas mudanças da classe política brasileira</span><br /><br /><ul><li>MESA 3 - 19 novembro, sexta</li></ul>INFORMAÇÃO E DEMOCRACIA<br />Coordenação: Fernando José dos Santos (TRE-PR)<br /><br />1. Marden Machado (TRE-PR) – <span style="color: rgb(102, 102, 102);">O Papel das Assessorias de Comunicação da Justiça Eleitoral</span><br />2. Maria Sandra Gonçalves (Gazeta do Povo) - <span style="color: rgb(102, 102, 102);">Desafios e armadilhas da cobertura eleitoral na imprensa diária</span><br /><br />3. Sérgio Braga (UFPR) – <span style="color: rgb(102, 102, 102);">O papel da internet nas eleições de 2010: mapeamento de um debate e algumas evidências preliminares</span>Luiz Domingoshttp://www.blogger.com/profile/10828106280826428629noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-77816418564685093412010-11-05T13:52:00.011-02:002010-11-05T15:03:34.964-02:00Vícios nas eleições presidenciais = virtudes nas eleições estaduais<meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 12"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 12"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CADMINI%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <o:officedocumentsettings> <o:allowpng/> </o:OfficeDocumentSettings> </xml><![endif]--><link rel="themeData" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CADMINI%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_themedata.thmx"><link rel="colorSchemeMapping" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CADMINI%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_colorschememapping.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> <w:lidthemeother>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:lidthemeasian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:lidthemecomplexscript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> <w:splitpgbreakandparamark/> <w:dontvertaligncellwithsp/> <w:dontbreakconstrainedforcedtables/> <w:dontvertalignintxbx/> <w:word11kerningpairs/> <w:cachedcolbalance/> </w:Compatibility> <m:mathpr> <m:mathfont val="Cambria Math"> <m:brkbin val="before"> <m:brkbinsub val="--"> <m:smallfrac val="off"> <m:dispdef/> <m:lmargin val="0"> <m:rmargin val="0"> <m:defjc val="centerGroup"> <m:wrapindent val="1440"> <m:intlim val="subSup"> <m:narylim val="undOvr"> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" defunhidewhenused="true" defsemihidden="true" defqformat="false" defpriority="99" latentstylecount="267"> <w:lsdexception locked="false" priority="0" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Normal"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="heading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="35" qformat="true" name="caption"> <w:lsdexception locked="false" priority="10" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" name="Default Paragraph Font"> <w:lsdexception locked="false" priority="11" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtitle"> <w:lsdexception locked="false" priority="22" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Strong"> <w:lsdexception locked="false" priority="20" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="59" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Table Grid"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Placeholder Text"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="No Spacing"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Revision"> <w:lsdexception locked="false" priority="34" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="List Paragraph"> <w:lsdexception locked="false" priority="29" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="30" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="19" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="21" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="31" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="32" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="33" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Book Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="37" name="Bibliography"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" qformat="true" name="TOC Heading"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:"Cambria Math"; panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4; mso-font-charset:1; mso-generic-font-family:roman; mso-font-format:other; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:0 0 0 0 0 0;} @font-face {font-family:Calibri; panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:swiss; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:-1610611985 1073750139 0 0 159 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-unhide:no; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; margin-top:0cm; margin-right:0cm; margin-bottom:10.0pt; margin-left:0cm; line-height:115%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:Calibri; mso-fareast-theme-font:minor-latin; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-fareast-language:EN-US;} .MsoChpDefault {mso-style-type:export-only; mso-default-props:yes; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:Calibri; mso-fareast-theme-font:minor-latin; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-fareast-language:EN-US;} .MsoPapDefault {mso-style-type:export-only; margin-bottom:10.0pt; line-height:115%;} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-priority:99; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin-top:0cm; mso-para-margin-right:0cm; mso-para-margin-bottom:10.0pt; mso-para-margin-left:0cm; line-height:115%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-theme-font:minor-fareast; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin;} </style> <![endif]-->
<br />Luiz Domingos Costa
<br />
<br />A semana de análise das eleições presidenciais é um manancial de leituras enviesadas sobre o processo democrático brasileiro. Com as raras exceções, os articulistas da grande imprensa enfatizaram aspectos “negativos”, apontaram supostos “retrocessos” em relação eleições presidenciais desse ano. A indignação é seletiva e arbitrária. Mais que isso, é uma indignação que só vale para os adversários, para os outros. Esse tipo de hipnose analítica é uma ferramenta corrente para engendrar crenças e realidades sociais facciosas destinadas a um acirramento político-ideológico que deixa de lado questões importantes e cristaliza preconceitos grotescos.
<br />
<br />Podemos sintetizar o ressentimento das críticas em três linhas de pensamento equivocadas, mal informadas ou que almejam adulterar os aspectos tipicamente políticos das competições democráticas. [1] Há uma divisão entre o bom/consciente e o mau/pragmático eleitor. Aquele vota bem; esse, vota mal. Essa divisão se reflete no mapa eleitoral do Brasil e demonstra como os maus (pobres, não escolarizados e dispostos a venda do seu voto por qualquer miolo de pão) escolheram renovar o mandato do PT. [2] A candidatura vencedora se valeu de uma concorrência desleal porque usurpou o Estado em favor de sua campanha, inclusive obtendo a participação ativa do Presidente que deveria estar cuidando dos interesses da nação. [3] O perfil da candidatura governista é patético, mulher sem experiência em eleições, criatura sem autonomia-marionete nas mãos de seu criador.
<br />
<br />1.
<br />Não me aterei ao primeiro argumento, que já foi objeto de combate de bons artigos, incluindo um que parece ter levado a demissão de uma articulista do Estadão.
<br />
<br />2.
<br />A forma de enxergar as nossas virtudes em vícios dos adversários é especialmente clara no argumento sobre a instrumentalização do Estado por parte do PT. Trata-se da ideia de que o partido tomou o Estado para si com fins eminentemente mesquinhos, eleitoreiros, de autoperpetuação no poder. Nenhuma leitura pode ser mais retórica e viciada, porque só vale para o governo federal e ignora categoricamente outras disputas partidárias em nível sub-nacional. Isto é, fala-se do “uso da máquina” do governo federal em favor de uma candidatura governista, mas não há nenhuma vírgula sobre o domínio tucano em São Paulo, que somará 20 anos em 2014, com 5 mandatos consecutivos do mesmo partido político. Ora, onde falta revezamento subsiste democracia? Sem resposta aqui, o silêncio significa o êxito acachapante das políticas do governo do PSDB, com o correlato absurdo que seria afirmar o uso de qualquer tipo de propaganda governista para promoção de seus próprios sucessores na “locomotiva da federação”.
<br />
<br />3.
<br />
<br />Menos claro é o argumento que enfatiza o caráter forjado, fabricado ou artificial da candidatura de Dilma Rousseff, uma mulher que jamais havia concorrido a qualquer cargo público em eleições, ocupando apenas pastas de indicação político-partidária e/ou técnica. Mas também aqui duas medidas valem para “analisar” as trajetórias de lideranças de partidos distintos. Ora, parece sempre que Dilma foi uma criatura de Lula, uma figura antes insignificante que foi pouco a pouco alçada a cargos de destaque única e exclusivamente para conquistar o cargo máximo da política nacional. Nenhuma palavra sobre a trajetória de Antônio Anastasia, que tem uma trajetória vasta em cargos de indicação político-partidária na burocracia federal e estadual mineira. A semelhança com Dilma é gritante, a exceção de ter concorrido como vice-governador ao lado de Aécio Neves em 2006 e que, registre-se, representa uma experiência eleitoral praticamente insignificante, ainda mais perante um líder com tamanho potencial de ofuscar os companheiros de chapa como é o seu padrinho político. No exemplo mineiro temos eficiência de gestão e sinal de grandeza de um líder que conseguiu reverter uma eleição dura com um candidato jovem e interessante. Na eleição federal temos um espetáculo horroroso de uma candidata plasticamente fabricada, levada pela mão por seu criador e que não sabe se olhar no espelho e reconhecer a própria face.
<br />
<br />Todos os casos aqui elencados – do PT no governo federal e do PSDB em São Paulo ou Minas Gerais – podem ser rotulados sob a pecha de “continuísmo”. Mas os possíveis (ou supostos) efeitos perversos são apontados apenas em se tratando do governo petista, dando lugar a ideias como “mexicanização”, falta de republicanismo, declínio democrático e assim por diante.
<br />
<br />Esse tipo de inversão é o típico exemplo da alquimia semântica que procura empreender um conteúdo moral distinto para fenômenos (ou conceitos) muito parecidos. Na verdade, por mais aparentes que sejam as sentenças, fenômenos ou conceitos, o a discriminação nominal (com um fim moral) transforma em vícios a mesmíssima característica que em outra situação é uma virtude.
<br />
<br />Forçar a barra nesses termos significa, como se sabe, providenciar mecanismos cognitivos, crenças e atitudes para a manutenção de determinadas posições sociais e evitar que situações hierárquicas sejam revertidas em favor daqueles que estão na posição inferior.
<br />
<br />Assim era que os norte-americanos do pós-guerra enxergavam as qualidades típicas de sua sociedade de indivíduos empreendedores, laboriosos e poupadores como reflexo invertido entre os japoneses, seres avarentos, sovinas, submissos, dispostos encarar péssimas condições de trabalho e praticantes desleais da concorrência capitalista...
<br />
<br />Luiz Domingoshttp://www.blogger.com/profile/10828106280826428629noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-18893991330069651302010-10-28T15:49:00.003-02:002010-10-28T15:53:40.788-02:00As chagas do segundo turno de 2010<span style="font-size:130%;"><span style="font-weight: bold;">Uma eleição para não ser esquecida</span></span><br /><span style="font-style: italic;">Maria Inês Nassif</span><br /><span style="font-style: italic;">Jornal Valor Econômico, 28-10-2010</span><br /><br /><p>O novo presidente será conhecido já no domingo, tão logo contabilizados os votos das urnas eletrônicas. O novo Brasil político, no entanto, descortinou-se durante a campanha, é velho e conservador e merecerá certamente a atenção de especialistas depois do pleito. Os partidos, em especial os de oposição, conseguiram extrair da sociedade os seus mais primitivos preconceitos, por meio de uma agenda conservadora e religiosa. Qualquer que seja o resultado da eleição – e até esse momento não existem divergências entre as pesquisas dos institutos sobre o favoritismo da candidata Dilma Rousseff (PT) – o eleito terá de lidar com uma agenda de políticas públicas da qual foram eliminadas importantes conquistas para a sociedade como um todo, e na qual o elemento religioso passou a ser um limitador da ação do Estado.</p> <p>A ação da igreja conservadora e de setores do pentecostalismo contra Dilma, por conta de sua posição sobre o aborto, é o exemplo mais gritante. No Brasil, a cada dois dias morre uma mulher em conseqüência de um aborto clandestino. A legislação brasileira ao menos conseguiu trazer mulheres que correm risco de vida em decorrência de um aborto que já foi malfeito para dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) e garante que a rede pública faça com segurança os abortos aceitos legalmente – os de vítimas de estupro ou quando a gravidez coloca em risco a vida da mulher. Como assunto de saúde pública, o aborto não poderia ter ocupado o centro dos debates. Isso é uma questão de Estado. Como convicção moral, a mudança na legislação está na órbita do Congresso – e esses setores elegeram seus representantes. O debate eleitoral sobre o aborto, numa eleição para a Presidência, foi a instrumentalização política de um dogma – pelo menos dos setores religiosos conservadores – e excluiu do debate a maior interessada, a mulher. A eleição conseguiu retroceder décadas esse debate. O movimento feminista não agradece.</p> <p>Campanha trouxe à tona preconceitos que pareciam abolidos</p> <p>O país que se redemocratizou há um quarto de século e há 22 anos conseguiu entender-se em torno de uma Constituinte cujo produto final foi avançado politicamente, manteve uma reverência envergonhada aos atores políticos mais importantes do regime anterior – dos militares à Igreja conservadora – e um medo subjetivo de se contrapor de fato ao passado. Sem lidar com os seus fantasmas, tem reincorporado vários deles à vida política. É inadmissível que num país que viveu 21 anos sob o tacão militar, por exemplo, setores da sociedade (e os próprios militares) tenham reagido de forma tão desproporcional ao III Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), ou rejeitem de forma tão violenta o acerto com esse passado. Ao longo dos anos de democracia, determinados setores sociais passaram a reincorporar valores que pareciam ter sido abolidos do manual de como fazer política. Ao longo desses 25 anos que nos separam do último ditador militar, a direita, que se envergonhara no final da ditadura, lentamente desenterrou os velhos fantasmas e refez os preconceitos. Aliás, não apenas a velha direita. Uma nova direita, que se formou com atores que vinham também da resistência democrática, aceitou o caminho do conservadorismo ideológico para reaglutinar uma elite que ficou sem norte, e para a qual a emergência de grandes parcelas da população que estavam na base da estrutura social à classe média assusta – até porque a elite brasileira não tem historicamente experiência com realidades onde a disparidade de renda é menor e onde o aumento da escolaridade transforma pobres em cidadãos, e não em votos a serem manipulados.</p> <p>Dentre todos os setores que atravessaram da esquerda para a direita nessas últimas duas décadas, o PSDB foi o que perdeu mais. Formado com um ideário social-democrático, mas sem experiência de articulação de política partidária e sem vocação para liderança de massas, chegou ao poder junto com o neoliberalismo tardio brasileiro, assimilou valores conservadores, incorporou-os ao seu tecido orgânico e sobreviveu, enquanto mantinha o governo federal, com a ajuda da política tradicional (e conservadora). Na oposição, não conseguiu voltar ao leito social-democrata. Deixou-se empurrar para a direita pelo PT, quando o presidente Luis Inácio Lula da Silva assumiu o seu primeiro mandato, e se aproximou tanto do PFL que as divergências entre ambos se diluíram ao longo do tempo, ao ponto de canibalizarem votos uns dos outros. Incorporou o discurso neoudenista, transformou-se num partido de vida meramente parlamentar, não reorganizou o partido para formar militância. O PSDB, hoje, é um partido que aparece como tal para apenas disputar eleições.</p> <p>Isso é péssimo. O primeiro turno já compôs o Legislativo federal. O PT saiu das eleições mais forte. O PMDB, que é o partido que todos falam mal, mas do qual nenhum governo consegue se livrar, continua forte com a sua fórmula de funcionar como uma federação de partidos regionais e tende a incorporar o DEM, ex-PFL, e ficará mais forte ainda. Os demais, inclusive o PSDB, serão partidos médios – com a diferença que o PSB, por exemplo, é um partido médio em crescimento, e o PSDB terá que se reinventar para voltar a crescer, se não voltar a ser governo. O PT se acomodou no espaço da social democracia e o PMDB permanece no centro, se é possível atribuir a esse partido uma posição ideológica que não seja a da fisiologia. O espaço que o PSDB tem para se reinventar fora da direita é mínimo. O DEM e o PSDB deram muito trabalho ao presidente Lula, em oito anos de governo, mas carregaram no jogo neoudenista e se desgastaram demais. Além disso, a hegemonia paulista no PSDB permanece, o que obstrui caminhos de líderes não paulistas que poderiam reduzir o desgaste neste momento, como Aécio Neves (MG).</p> Não é arriscado apostar na emergência de um novo partido de oposição. O PSDB precisaria de lideranças muito hábeis para se reinventar, e de uma solidariedade e organicidade que nunca cultivou. E precisaria enterrar de vez os preconceitos e preceitos conservadores que têm desenterrado a cada nova eleição. Enfim, empurrar-se de novo para uma posição de centro. O passado do partido, todavia, não recomenda que se trabalhe com essa hipótese.<br /><strong><br /><br /><span style="font-weight: normal;"><span style="font-weight: bold;">Maria Inês Nassif</span> é reporter especial de política e escreve às quintas-feiras no Valor Econômico.</span><br /></strong>Luiz Domingoshttp://www.blogger.com/profile/10828106280826428629noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-86445900060408847362010-10-07T13:22:00.002-03:002010-10-07T13:24:52.225-03:00Tiririca e outras pragas<span style="font-weight: bold; color: rgb(102, 102, 0);">Adriano Codato</span><br /><br />A esta altura do campeonato, acho que ninguém ignora mais a candidatura do palhaço Tiririca pelo indescritível PR de São Paulo a deputado federal. A sequência de suas inserções no Horário Eleitoral, editadas juntas no YouTube, já foram acessadas mais de 4 milhões de vezes, se o contador está correto. Tiririca tornou-se o nome mais lembrado na pesquisa espontânea para deputado federal e as projeções são que ele seja o mais ou um dos mais votados em 3 de outubro.<br /><br />Bastou isso, somado às declarações que Tiririca faz nos spots de menos de 30 segundos, para provocar a ira dos bem-pensantes e o escândalo dos que acham que só os bacharéis têm o direito legítimo à política. Para quem gostaria de imaginar o mundo político como a extensão de um clube aristocrático de especialistas em leis, nada mais insolente. Mesmo o Ministério Público entrou no picadeiro: processou o comediante por falsidade ideológica.<br /><br />Apresentar-se fantasiado de palhaço de circo tem o efeito grotesco e constrangedor das piadas sem graça. É, dizem, uma extravagância que uma democracia compenetrada não pode aturar. E suas frases são, de fato, desconcertantes. “Por isso que eu quero ser deputado federal: para ajudar os mais necessitado (sic), inclusive a minha família”. “O que é que faz um deputado federal?... Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim, que eu te conto”. E o clássico: “Vote no Tiririca. Pior do que tá não fica”. <span style="color: rgb(102, 102, 102);">[veja os vídeos <a href="http://www.youtube.com/watch?v=HK4p35wYgXI">aqui</a>]</span><br /><br />A opção eleitoral por Tiririca deve repetir o fenômeno usual do voto contra a política institucional e contra os políticos profissionais. Essa seria, paradoxalmente, a opção mais politizada: contra a degeneração da política, voto conscientemente na figura exemplar do político degenerado. Há também a opção debochada pela anti-política: a política institucional chegou a um ponto que só fazendo graça dela. Afinal, são todos uns palhaços, só que sem a graça dos profissionais do ramo.<br /><br />Penso, entretanto, que esse caso merece ser lido em outro registro. Por que Francisco Everardo Oliveira Silva não poderia apresentar-se aos eleitores? Em nome de que critérios requintados eu posso ter mais direito que qualquer um? A pretensão de Tiririca é legítima como qualquer outra. Insistir nesse ponto é chover no molhado. Sua candidatura exemplifica, pelo lado mais caricatural e grosseiro, um fenômeno corrente e considerável: a crescente popularização da classe política brasileira. Nunca antes na história deste país o recrutamento político foi tão aberto, em que pese o custo indecoroso das campanhas eleitorais. Hoje mais do que nunca é usual verificar a presença, nos legislativos, de professores de ensino médio, sindicalistas, líderes de associações populares, etc. Isso não é nem bom nem mau em si mesmo. Mas é um índice de mudanças importantes na estrutura de oportunidades políticas no Brasil e da consolidação de uma democracia de massas onde capital (político, cultural) herdado conta, mas não mais como antes. Para escândalo daqueles que gostariam que o mercado da política fosse restrito aos proprietários e aos procuradores legítimos da cultura legítima.<br /><br />Isso posto, sugiro que se olhe para o fenômeno Tiririca de outro modo. Sua encenação como (futuro) político profissional é mais útil e mais didática do que parece a primeira vista. Ela tem a vantagem de revelar, para aqueles que estão fora do jogo (nós), as regras implícitas do jogo (político), que não podem ser ditas, sob pena de colocar a legitimidade do jogo em risco e a credibilidade dos jogadores (os profissionais da política) em xeque. Isso só é possível de ser feito por alguém que não está (ainda) comprometido com a santidade das técnicas de ação e expressão do campo político. E que pode, por isso mesmo, zombar delas.<br /><br />Esse é o efeito prático e indesejável da candidatura de Tiririca. Não o seu objetivo. Sua inscrição no PR obedece à velha tática do gênero: uma figura popular ou popularesca que, graças à sua notoriedade, traga votos para a legenda e/ou para a coligação e puxe assim para cima outros candidatos da lista. A receita básica da exploração oportunista das oportunidades que a legislação faculta. Ora, é precisamente como puxador de votos que esse arremedo de candidato pode revelar – positivamente – uma das leis menos explícitas e mais rocambolescas do sistema eleitoral nacional. Mas há mais, já que esse é o exemplo mais óbvio desse jogo oportunista entre profissionais e profanos.<br /><br />Dizer com todas as letras que uma das utilidades práticas do cargo de deputado federal é ajudar a si e à própria família não é o cúmulo da cara de pau e da sinceridade fingida? Expor a própria ignorância sobre o que afinal faz um deputado não é traduzir, da maneira mais gozadora possível, o caráter distante e misterioso do mundo político, que muitas vezes só faz sentido para quem vive nele? Um trambiqueiro processado protestando contra o trambique da política não é uma ironia imperdível diante daqueles profissionais que fazem, a sério, exatamente o mesmo? Mas talvez o momento mais sensacional desses spots seja aquele em que Tiririca começa uma daquelas arengas enfeitadas sobre “o Brasil” para terminar num tatibitate incompreensível e sem sentido. Fazer troça da complexidade da linguagem dos políticos denunciando o caráter fátuo desses discursos não vale como crítica involuntária ao palavrório douto daqueles que gostariam que os víssemos como mais sérios e mais sinceros do que de fato são? O incômodo maior diante da pantomima encenada por Tiririca é que sabemos que ele está representando, ao contrário dos outros, onde a produção profissional dos discursos tende a apagar o caráter dissimulado (e por isso mesmo mais eficaz) da representação. Quanto mais mequetrefe o teatro, menos crível ele é.<br /><br />Votar em Tiririca não é um protesto. É uma demissão voluntária das próprias responsabilidades. Escandalizar-se com o fato dele poder apresentar-se ao eleitor é, além de uma mania elitista, falta de percepção sobre o que, mesmo de maneira impensada, pode estar em jogo.<br /><br /><div style="color: rgb(102, 102, 102);">Adriano Codato (adriano@ufpr.br) é professor de Ciência Política na Universidade Federal do Paraná.<br /><br /><span style="color: rgb(0, 0, 0);">Direto do Blog <a href="http://adrianocodato.blogspot.com/">Sociologia Política</a>.</span><br /><br /></div>Luiz Domingoshttp://www.blogger.com/profile/10828106280826428629noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-84503785666451824982010-09-03T07:30:00.000-03:002010-09-03T07:30:47.060-03:00As previsões sobre a bancada dos partidos na Câmara dos Deputados<span style="font-size: small;"><a href="" name="522200391928245263"></a></span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhasArSJw39SIvyeimL0qdWLDz9U9wfXaIFLeR3VL1YtHiCuyPnd8L0TFgIAQaPYZP3RN5MsXJ0uXd9k32gaqigKOeigFyzm3ZIMxqxGfmklS1I0YEL55WXLmR3S9ow5KvneA4uKA/s1600/Sede_da_Interlegis.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhasArSJw39SIvyeimL0qdWLDz9U9wfXaIFLeR3VL1YtHiCuyPnd8L0TFgIAQaPYZP3RN5MsXJ0uXd9k32gaqigKOeigFyzm3ZIMxqxGfmklS1I0YEL55WXLmR3S9ow5KvneA4uKA/s320/Sede_da_Interlegis.jpg" /></a></div><h3 class="post-title entry-title" style="color: #7f6000; font-weight: normal;"><b><span style="font-size: small;">Jairo Nicolau (IESP/UERJ)</span><span style="font-size: small;"> </span></b> </h3><div class="post-header"> </div>Em todas as eleições me divirto com os analistas que tentam prever o tamanho das bancadas dos partidos na Câmara dos Deputados. Lembram cartomantes, astrólogos e jogadores de búzios, que ao fim de cada ano, prevêem que coisas extraordinárias acontecerão com políticos e celebridades. Não são cobrados, pois os erros são tão patentes que a nova matéria sobre as previsões para o ano seguinte ficaria inviabilizada.<br />
No Brasil, é impossível prever como ficará a bancada dos partidos na Câmara dos Deputados. Por uma série de razões. A principal delas é que o eleitor decide seu voto avaliando basicamente os atributos pessoais do candidato: virtudes, capacidade, se ele pertence ao mesmo grupo social, mora na mesma cidade. Poucos eleitores votam em partidos; em uma pesquisa com dados de 2002 estimei que apenas cerca de 20% do eleitorado vota partidariamente. <br />
Portanto, as bancadas dos partidos em cada estado serão, sobretudo, o resultado do desempenho de seus candidatos. Dito de outra maneira, eleger muitos deputados é o resultado de ter bom candidatos. <br />
Parece trivial. Mas alguns analistas acreditam que a disputa presidencial, para governador e o partido sejam determinantes do voto para o legislativo. Até agora não conheço pesquisas que tenham demonstrado que sejam. <br />
Sem contar que factores como o quociente eleitoral, as coligações e presença de puxadores de voto tornam as coisas mais complicadas.<br />
Para avivar a memória, apresento a evolução do número de deputados dos maiores partidos desde 1994, ano em que o número de deputados se fixou em 513. A única tendência inequívoca é o crescimento da bancada do PSB.<br />
<br />
<span style="font-weight: bold;">Cadeiras dos principais partidos na Câmara dos Deputados (1994-2006).</span><br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEji1-LdxGQ6vqasa3n1PUtQwCIU1HzcEhgbijWclBLX3iOWPTMHg24OKayL9htb49rf135JyAieZ3bBnb7GnENzwt__EsWduvNuX-XpjHTRgXoI2WUtydQtHfdq3d2x3fn_-1Tz/s1600/bancada+dos+partidos.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5511185135865105362" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEji1-LdxGQ6vqasa3n1PUtQwCIU1HzcEhgbijWclBLX3iOWPTMHg24OKayL9htb49rf135JyAieZ3bBnb7GnENzwt__EsWduvNuX-XpjHTRgXoI2WUtydQtHfdq3d2x3fn_-1Tz/s400/bancada+dos+partidos.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 229px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a><br />
<br />
Agora se você quer impressionar os seus amigos e amigas use um truque. Pegue a bancada atual dos partidos e acrescente uns 15 deputados para mais e para menos. Você vai acertar a bancada na maioria dos partidos. Diga que tudo foi baseado em um incrível modelo econométrico. Vai ser um sucesso. E o melhor, ninguém vai lembrar de conferir.<br />
<br />
<span style="color: #666666;">fonte: http://eleicoesemdados.blogspot.com/2010/08/as-previsoes-sobre-bancada-dos-partidos.html </span>Adriano Codatohttp://www.blogger.com/profile/07364332633057886045noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-85864812617732185582010-08-20T09:38:00.012-03:002010-08-20T09:53:35.881-03:00Dinheiro e política na reforma dos EUA<p class="MsoNormal"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Valor Econômico</span></span></span></b><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">, 20 de agosto de 2010, pA.13<o:p></o:p></span></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><br /></span></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Celso Roma*</span></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><br /></span></span></span></p><p class="MsoNormal"><i><span class="Apple-style-span" style="color:#666600;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Aprovação da lei Dodd-Frank levanta dúvidas sobre a velha ideia de que o lobby do mercado financeiro tem força o suficiente para impor seus interesses sobre os demais</span></span></span></i></p><p class="MsoNormal"><i><span class="Apple-style-span" style="color:#666600;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><br /></span></span></span></i></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"> </span></span></p><span style="Georgia","serif";font-family:";color:#C00000;"><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">A Lei Dodd-Frank da reforma de Wall Street e Proteção ao Consumidor, sancionada em 21 de julho pelo presidente Barack Obama, criou agências e regras para fiscalizar as atividades do setor e proteger os consumidores contra abusos por parte de bancos ou corretoras de investimento - o que contrariou a indústria do dólar.</span></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><br /></span></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">O episódio levanta dúvida sobre a velha ideia de que o lobby do mercado financeiro tem força suficiente para impor seus interesses sobre os demais. No Congresso americano, onde a prática de lobby é legal, os financistas são o grupo econômico mais poderoso em atuação. Eles acompanham as atividades dos congressistas e contribuem com dinheiro para as campanhas. A despeito dos meios e dos recursos que dispõem, os financistas não evitaram a aprovação das novas regras para o manejo do dinheiro e dos títulos que o representam. A reforma de Wall Street foi aprovada por uma ampla maioria de votos na Câmara dos Representantes e no Senado.</span></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><br /></span></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Isso não teria ocorrido se os congressistas tivessem votado com o bolso, retribuindo as contribuições de campanha. De acordo com o Center for Responsible Politics, 509 dos 535 congressistas receberam dinheiro de grupos com interesse na reforma financeira. O levantamento inclui doações para deputados nos últimos dois anos e para senadores nos últimos seis, excluindo o repasse para os comitês dos partidos e o custeio do lobby. Com maior poder econômico, associações de bancos, cooperativas de crédito e câmaras do comércio doaram para parlamentares em mandato US$ 19,6 milhões. Por outro lado, sindicatos da indústria e comércio, cooperativas de agricultores e associações de defesa do consumidor doaram uma quantia menor - US$ 16,4 milhões.</span></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><br /></span></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">O voto dos congressistas não correspondeu aos interesses dos doadores de campanha. Congressistas que receberam dinheiro por parte dos financistas aprovaram a reforma. Congressistas que registraram contribuições dos intervencionistas rejeitaram a reforma. Vejamos alguns exemplos. Os senadores Max Baucus e Thomas Carper captaram cerca de US$ 200 mil dos interessados em barrar a reforma mas votaram a favor. O deputado Roy Blunt captou mais de US$ 170 mil dos grupos pró-reforma mas votou contra.</span></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><br /></span></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">São ainda mais ilustrativos os casos dos parlamentares que introduziram o projeto de lei nas casas legislativas. O senador Christopher Dodd e o deputado Barney Frank foram homenageados por meio da inserção do sobrenome no título da Lei, em reconhecimento aos esforços para aprová-la. Surpreendentemente, eles figuram na lista dos congressistas mais favorecidos pelos grupos econômicos contrários à reforma financeira.</span></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><br /></span></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">A forma pela qual o projeto se tornou lei fortaleceu a nova ideia sobre os partidos americanos. Democratas e republicanos ditaram os rumos da reforma financeira, marcando posição sobre o assunto e disciplinando as bancadas em votações-chave.<o:p></o:p></span></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><br /></span></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">O Partido Republicano lutou contra a ingerência do governo no setor financeiro. Seus partidários usaram o regulamento do Congresso para atrasar ou até mesmo impedir que o projeto fosse enviado ao plenário, seja apresentando requerimento para devolvê-lo às comissões ou dificultando quórum para a votação. A bancada republicana votou em bloco: 98% dos deputados e 93% dos senadores rejeitaram a reforma financeira. Os republicanos fracassaram, na maioria das investidas, por serem minoria.</span></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><br /></span></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">O Partido Democrata aprovou a reforma financeira porque detém a maioria das cadeiras da Câmara e do Senado. A situação proporciona a liderança da Câmara, a presidência e o controle das comissões, bem como os votos necessários para aprovar proposta sobre a qual fecham questão. Com o aparato em mãos, o partido Democrata controlou a tramitação do projeto de lei, desde a introdução, passando pelo processo de emendas, até a votação em plenário. O partido impediu que o lobby do dólar desfigurasse o texto original e evitou, ao mesmo tempo, que nele fossem aprovadas propostas radicais de mudança. A bancada democrata registrou a disciplina de 234 deputados (92%) e 55 senadores (93%), obtendo número de votos acima do exigido para passar o projeto consolidado.</span></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><br /></span></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">No momento mais decisivo, quando a íntegra do projeto foi submetida à deliberação em plenário, os congressistas obedeceram à recomendação do líder do partido, ainda que isso implicasse votar contra os interesses daqueles que contribuem para a campanha. Só 26 deputados e 4 senadores foram indisciplinados, se abstiveram ou faltaram às sessões.</span></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><br /></span></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">A reforma financeira pôs à prova o lobby de Wall Street e os partidos políticos. Ao fim e ao cabo, a política subjugou o dinheiro. Citando John Maynard Keynes, "a dificuldade não está nas novas ideias, mas em escapar das velhas, que se ramificam, para aqueles que foram criados como a maioria de nós foi, por todos os cantos de nossas mentes."</span></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><br /></span></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"></span></span></span></p><p class="MsoNormal"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Celso Roma</span></span></span></b><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"> é cientista político, doutor pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Instituto Nacional de Estudos sobre os Estados Unidos (INCT-INEU) e do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (CEDEC) </span></span></span></p><p class="MsoNormal"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#000000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">E-mail: celsoroma@cedec.org.br</span></span></span></b></p><p></p></span><p></p>Celso Romahttp://www.blogger.com/profile/07909327461238033266noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-87881042660552033482010-07-10T13:30:00.001-03:002010-07-10T13:31:09.669-03:00"A ideia do Brasil como superpotência ainda é especulação", diz Krugman<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3QxGMwpiMONdxAQg_czREOh6O5yKeWJ2qVUPc05jNIr7TOnCwG-PEui2zw11cRbFpVNjc8eVJdsHiW4xZnrsWnusCn26rTHiQeYYc9ypT7NhuKVDIU2ZTjNX8wtaBk_6L9DElLw/s1600/sao+vito.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3QxGMwpiMONdxAQg_czREOh6O5yKeWJ2qVUPc05jNIr7TOnCwG-PEui2zw11cRbFpVNjc8eVJdsHiW4xZnrsWnusCn26rTHiQeYYc9ypT7NhuKVDIU2ZTjNX8wtaBk_6L9DElLw/s320/sao+vito.jpg" /></a></div><span style="font-size: x-small;"><span style="color: #666666;">[Síndico do Edifício São Vito, 1992. Antonio Gaudério. Pirelli/MASP]</span></span><br />
<br />
<span style="color: #990000;">Em entrevista exclusiva no Brasil para o 'E&N', economista critica o conceito dos Brics e questiona papel das economias emergentes na recuperação mundial</span><br />
<br />
<span style="color: #7f6000;">Nívea Terumi e João Caminoto, do Economia & Negócios</span><br />
<br />
SÃO PAULO - Um dos economistas mais respeitados do mundo, Paul Krugman, colunista do jornal The New York Times, comprou briga com os principais líderes europeus e colegas de profissão. Para o Prêmio Nobel de Economia de 2008, a recuperação da atividade mundial depende da concessão de mais estímulos pelos governos, num movimento contrário às diretrizes dos líderes da União Europeia e assunto ainda em discussão nos Estados Unidos. Expressões como "justiceiros invisíveis do mercado" e "fada da confiança" são algumas das que tem usado para atacar, de forma categórica, os defensores da austeridade fiscal abraçada por vários países europeus, como a Alemanha e o Reino Unido.<br />
<br />
Em entrevista exclusiva no Brasil para o site Economia & Negócios, Krugman alertou para o que considera um excesso de otimismo com a emergência do Brasil no cenário mundial: "A ideia do Brasil como uma futura superpotência econômica ainda é muito baseada na especulação sobre suas conquistas. Espero que um dia seja verdade, mas ainda não vejo isso acontecendo." Para ele, a teoria dos Brics - Brasil, Rússia, India e China - é um "conceito pobre" pois é errôneo colocar dentro de um mesmo grupo economias com realidades tão distintas.<br />
<br />
O colunista - cujo blog no Times é publicado com exclusividade no Brasil pelo E&N - também questionou o papel creditado aos países emergentes na recuperação global. Krugman vê com pessimismo as chances de a China tomar a liderança do crescimento mundial, assim como não enxerga uma saída para todos os países do euro. "Não vejo a Europa entrando em colapso, vejo mais uma chance de ela perder alguns países periféricos, com saídas plausíveis, como da Grécia."<br />
<br />
A seguir, os principais trechos da entrevista.<br />
<br />
O senhor acredita que existe um otimismo exagerado com a economia brasileira e outros países emergentes? O conceito dos Brics ainda é válido?<br />
<br />
Sempre considerei o conceito dos Brics muito pobre, porque são economias muito díspares. Índia e China talvez possam pertencer a um mesmo grupo, por serem ainda economias com mão de obra muito barata; Rússia é um exportador de petróleo e o Brasil é um país de renda média baixa muito diferente dos outros. O Brasil é uma boa história, que na última década teve um desempenho melhor do que o esperado, conseguiu evitar uma crise severa, promoveu uma série de melhoras no poder de compra da base de sua população diante uma história de disparidade nas rendas, mas não é ainda uma história notável de crescimento. A ideia do Brasil como uma superpotência econômica futura é ainda muito baseada em especulação com suas conquistas recentes. Espero que um dia seja verdade, mas ainda não vejo isso acontecendo. Não vejo indicação hoje no crescimento do Brasil de que ele possa emergir como uma potência da mesma forma que a China.<br />
<br />
Qual o papel da China na recuperação do crescimento econômico mundial?<br />
<br />
A China é muito problemática, mesmo deixando de lado a questão da moeda, que tem impedido que sua demanda interna ajude o restante do mundo. Mesmo agora, ela não é uma economia tão grande, imaginamos que ela seja pela enorme quantidade de pessoas, mas do ponto de vista da taxa de câmbio - que é o que importa - ela ainda é do tamanho do Japão. Uma maneira que poderia fazer as economias emergentes liderarem a recuperação mundial seria se elas se preparassem para uma entrada massiva de capitais, com elevados déficits nas suas contas correntes. Mas esse não é um cenário real, uma vez que os governos desses países não permitirão que isso aconteça. Olho para o final do século 19, quando os pesados estímulos daquela época permitiram o surgimento de novas tecnologias e aceleraram a demanda. O problema é que o IPad não é grande o suficiente. É difícil prever como esse período de fraca demanda mundial chegará ao fim, e pode haver um longo caminho antes que isso aconteça.<br />
<br />
É correta a percepção de que a atual crise nos países da União Europeia seja mais uma crise do euro do que uma crise de dívida soberana?<br />
<br />
O euro tem sérios problemas, não é apenas uma crise de dívida. Casos como o da Espanha, que vinha tendo bons resultados nos últimos anos e agora está nessa situação, e mesmo a Grécia, que deve passar por uma fase de forte deflação após muitos anos de entrada massiva de capitais são situações muito difíceis de imaginar uma solução. Está-se diante de uma moeda única numa área que de certa forma nunca estabeleceu critérios para ter uma moeda única.<br />
<br />
Como a Europa deve lidar com a sua crise de dívida soberana, como evitar que o euro entre em colapso?<br />
<br />
É difícil ver uma saída para a Grécia sem uma reestruturação, e a questão principal para ela não é como irá reestruturar sua dívida, mas como ela vai resolver a questão do euro. Para o restante dos países, políticas não sincronizadas ajudariam muito; o programa de austeridade espanhol tem mais probabilidade de dar certo se toda a Alemanha não estiver também sob um programa de austeridade. Não vejo o euro entrando em colapso, vejo mais uma chance de a zona do euro perder alguns países periféricos, com saídas plausíveis como da Grécia. Ficaria muito surpreso se as economias centrais do euro não permanecessem com a moeda única.<br />
<br />
O que poderia ser feito para que o euro seja uma moeda mais viável?<br />
<br />
Uma política de meta de inflação mais frouxa, por exemplo, poderia ajudar. Se a zona do euro estabelecesse uma meta de 3% ou 4% seria bem mais fácil de se fazer ajustes nos países problemáticos do que com uma meta de 1% ou 2%, como é agora.<br />
<br />
A crise Grega está sendo comparada à crise Argentina em 2001. Isso significa que a Grécia deva deixar o euro? E em relação a outros países em situação semelhante?<br />
<br />
Há diversas semelhanças da Grécia com a Argentina. Eu diria que a Argentina se comportou de forma mais responsável, com um déficit substancialmente menor do que tem a Grécia. Mas em ambos os países você tem uma economia que recebeu volumes intensos de entrada de capital ao longo de vários anos e, quando esse capital secou, viu-se com uma grande quantidade de obrigações em sua moeda. No caso da Argentina, ela estabeleceu uma paridade com o dólar e um novo sistema de câmbio. O aconteceu foi que a primeira ação foi enfrentar uma crise bancária, que forçou o governo a fechar os bancos. Não estou dizendo que a Grécia deva abandonar o euro, mas, se houver uma crise bancária, o governo será obrigado a decretar um feriado bancário e a questão que fica é por que se manter no euro. Os argumentos são muito fortes sobre como isso acaba.<br />
<br />
Qual a sua opinião sobre o acordo feito pelos líderes do G-20 para diminuírem seus déficits? Seria uma espécie de derrota à economia keynesiana?<br />
<br />
Sim. A promessa de reduzir os déficits não foi nada além do que já se planejava. No caso dos Estados Unidos, a meta não é diferente da que já era prevista diante de uma recuperação da economia. Não há dúvidas de que o tom geral desse acordo foi "ok, está na hora da austeridade", e isso é uma coisa muito chocante de se ver, diante de uma recuperação econômica mundial ainda muito distante. Todos sabem que sou furiosamente contra isso, principalmente porque essa virada para a ortodoxia na política econômica mundial ocorreu sem nenhuma evidência clara de que era necessária.<br />
<br />
Qual a disposição dos Estados Unidos de realizar acordos de livre-comércio?<br />
<br />
Atualmente, não há muita discussão sobre acordos comerciais. Dada a situação política do país, com o presidente Obama tendo de lutar até mesmo por questões triviais e óbvias que devem ser feitas, não há como desperdiçar capital político com acordos comerciais, como a Rodada Doha. Se eu fosse ele, faria o mesmo. Esse é um assunto que não está no topo da agenda da atual gestão ou mesmo da próxima.<br />
<br />
Há algum substituto para o dólar como principal moeda de reserva?<br />
<br />
Uma moeda de reserva de valor não é algo que possa ser estabelecido por uma decisão política. Os países não guardam dólares ou euros porque alguém tenha ordenado; eles o fazem porque essas moedas são aparentemente mais seguras e altamente líquidas e esse é o problema principal do SDR (moeda composta por uma cesta de moedas do Fundo Monetário Internacional). O que poderia substituir o dólar teria de ser algo comprovadamente melhor desse ponto de vista. A única alternativa possível seria o euro, e há dois ou três anos eu imaginava que ele alcançaria uma parcela maior das reservas mundiais em relação ao dólar, mas acho que o euro deu um grande passo atrás, com todos os problemas atuais.<br />
<br />
Há a possibilidade de um duplo mergulho na economia mundial com as medidas de austeridade tomadas na Europa?<br />
<br />
Acredito que seja ainda uma possibilidade, mas não a mais provável. Você não vê um PIB em queda. Acho que um problema maior é que fizemos um progresso muito frágil na diminuição do desemprego nos Estados Unidos. Então um mergulho duplo propriamente dito, acredito que não; recuperação do desemprego, provavelmente sim, e é isso que me preocupa.<br />
<br />
<span style="color: #660000;">Fonte: <b>O Estado de S.Paulo</b></span>Adriano Codatohttp://www.blogger.com/profile/07364332633057886045noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-51457217819016286682010-07-05T21:15:00.003-03:002010-07-06T14:56:57.675-03:00PT tira com uma mão e devolve com a outra<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqoDb91bDUY5WX3q4oCmVDuXIZJ21_PqYtc8sReKq5PZ7tp-is6pRfUsb5LcBfUpWNYDlVgCVSjsItoqnq5Q07d4LAm_PeGrsj9tZOYY5W2fgIHadodkZFRm-laNSEurRCvzm8zQ/s1600/400px_CP0362_07_52.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqoDb91bDUY5WX3q4oCmVDuXIZJ21_PqYtc8sReKq5PZ7tp-is6pRfUsb5LcBfUpWNYDlVgCVSjsItoqnq5Q07d4LAm_PeGrsj9tZOYY5W2fgIHadodkZFRm-laNSEurRCvzm8zQ/s320/400px_CP0362_07_52.jpg" width="320" /></a></div><div style="color: #666666; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">[Homem com Peixe, c. 1945<br />
Marcel Gautherot. <br />
Pirelli/MASP]</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</div><div style="color: #274e13; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: right;"><span style="font-size: small; font-weight: bold;">Maria Inês Nassif</span><span style="font-size: small;">, </span></div><div style="color: #274e13; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: right;"><span style="font-size: small;">Jornal Valor Econômico </span></div><div style="color: #274e13; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: right;"><span style="font-size: small;">24-06-2010</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">A formação de alianças nos Estados que obedeçam a lógica da disputa federal para a Presidência da República é um tropeço, mesmo para partidos como o PT, onde a última palavra tradicionalmente é a do colegiado nacional. Aliás, principalmente para o PT. E aliás, especialmente em Estados com péssima distribuição de renda; em locais com elites resistentes à modernização econômica e política e pouco propensas a reduzir a prática de lucrar com a pobreza, política e financeiramente, e abrir mão do que ganham com o domínio da máquina de governo local. Por isso o caso da aliança entre PT e PMDB no Maranhão foi tão injustamente desfavorável aos anti-sarneyzistas.</span></div><br />
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Conflito resolvido a meia-boca, a aliança entre o PT e o PMDB do Maranhão, para apoio à reeleição da governadora Roseana Sarney, é apenas a metade da missa. Rezada por inteiro, até o desfecho "ide em paz e o senhor vos acompanhe", a imposição é a reprodução, internamente, de um conflito com poderosos que no Maranhão data de sempre e desde os anos 50 tem um perdedor certo: quem está do lado oposto à família ao do atual presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). São vitórias eleitorais cujos ingredientes são a manipulação do eleitor pobre, a interdição de movimentos populares e uma inacreditável manutenção da miséria como exército de reserva eterno, imutável, que mantém o Maranhão como Estado pobre cujo produto de exportação mais importante é mão de obra não qualificada para o Pará, Estado que está longe de ser desenvolvido.</span></div><br />
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Para entender a dramaticidade dessa situação - que é o retrato da política tradicional dos rincões do país -, é preciso repassar a história da própria formação do PT nessas regiões. Na regiões Norte e Nordeste, a base petista foi, antes de tudo, formada nas comissões de base da Igreja católica progressista; nas pastorais que, durante a ditadura, davam algum abrigo à ameaçada mobilização sindical ou por reforma agrária; e pelos movimentos sociais. Essa é uma regra no país inteiro, mas o fato é que, quando mais pobre o Estado, menos chances de autonomia da luta política desses contingentes na política, na vida sindical e em movimentos sociais. Os abrigos naturais são os movimentos sociais e as bases da Igreja. Isto está longe, contudo, de ser uma realidade em que bolsões de miséria, munidos de consciência política e abrigados pela Igreja e por movimentos mais aguerridos, como o MST, lutam heroicamente contra coronéis e seus prepostos. Essa é uma realidade onde a elite manipula, persegue e controla boa parte da população - e ganha eleição com esse voto - e grupos de oposição, vinculados a bolsões de resistência popular, tentam vencer a barreira do domínio político pela exploração da fome e da miséria por essas elites.</span></div><br />
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">A luta institucional, via PT, ainda exerce alguma proteção contra uma política tradicional que manipula Executivo, Legislativo e o Judiciário. Quando a orientação política da direção nacional era a de evitar alianças com os setores locais dominantes - o partido sempre se aliou a pequenos partidos de esquerda -, foram dos movimentos sociais e das bases da igreja progressista que emergiram candidatos para as listas partidárias do PT; e foram de lá que se elegeram representantes dos quais se exige estrita vinculação às sérias exigências de políticos protegidos pelo mandato para representar uma população que não está protegida - nem de governantes, nem de jagunços, nem de grileiros.</span></div><br />
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Nos Estados do Norte e do Nordeste, a "institucionalização" do PT, isto é, o grau de autonomia que seus representantes ganharam em relação a essas bases muito pobres, varia de acordo com o progresso de cada um desses Estados. O partido não foi de todo institucionalizado em comunidades muito pobres. Mas, mesmo nos lugares onde prevaleceu o poder tradicional, tipo o da família Sarney, ao longo da última década, os avanços conseguidos em função do Bolsa Família reduziu estupidamente a influência dos políticos tradicionais sobre as famílias pobres. O favor político foi substituído pelo cartão do Bolsa Família, que o banco resolve, sem a intermediação do dono da política local.</span></div><br />
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">As exigências da direção nacional do PT, de coligação com o PMDB em Estados que ainda amargam condições de extrema pobreza, baixa escolaridade, economias altamente dependentes de donos do poder etc, bagunçam essa lógica. Se a desintermediação é feita via programas sociais de transferência de renda, e tira com uma mão o poder que o coronel tem via máquina de governo, devolve com a outra mão, quando, se não tira totalmente a autonomia desses setores contra os chefes locais, neutraliza o poder de ofensiva deles, ao dar apoio, no Estado, ao candidato que representa a elite que mantém a miséria.</span></div>Luiz Domingoshttp://www.blogger.com/profile/10828106280826428629noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-19987678459398081262010-06-30T10:03:00.002-03:002010-06-30T10:06:47.089-03:00Seminário debate investimento público<meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 12"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 12"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CADMINI%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><link rel="themeData" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CADMINI%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_themedata.thmx"><link rel="colorSchemeMapping" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CADMINI%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_colorschememapping.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> <w:lidthemeother>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:lidthemeasian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:lidthemecomplexscript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> <w:splitpgbreakandparamark/> <w:dontvertaligncellwithsp/> <w:dontbreakconstrainedforcedtables/> <w:dontvertalignintxbx/> <w:word11kerningpairs/> <w:cachedcolbalance/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> <m:mathpr> <m:mathfont val="Cambria Math"> <m:brkbin val="before"> <m:brkbinsub val="--"> <m:smallfrac val="off"> <m:dispdef/> <m:lmargin val="0"> <m:rmargin val="0"> <m:defjc val="centerGroup"> <m:wrapindent val="1440"> <m:intlim val="subSup"> <m:narylim val="undOvr"> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" defunhidewhenused="true" defsemihidden="true" defqformat="false" defpriority="99" latentstylecount="267"> <w:lsdexception locked="false" priority="0" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Normal"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="heading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="35" qformat="true" name="caption"> <w:lsdexception locked="false" priority="10" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" name="Default Paragraph Font"> <w:lsdexception locked="false" priority="11" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtitle"> <w:lsdexception locked="false" priority="22" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Strong"> <w:lsdexception locked="false" priority="20" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="59" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Table Grid"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Placeholder Text"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="No Spacing"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Revision"> <w:lsdexception locked="false" priority="34" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="List Paragraph"> <w:lsdexception locked="false" priority="29" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="30" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="19" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="21" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="31" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="32" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="33" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Book Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="37" name="Bibliography"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" qformat="true" name="TOC Heading"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:"Cambria Math"; panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:roman; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:-1610611985 1107304683 0 0 159 0;} @font-face {font-family:Calibri; panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:swiss; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:-1610611985 1073750139 0 0 159 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-unhide:no; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:Calibri; mso-fareast-theme-font:minor-latin;} a:link, span.MsoHyperlink {mso-style-priority:99; color:blue; mso-themecolor:hyperlink; text-decoration:underline; text-underline:single;} a:visited, span.MsoHyperlinkFollowed {mso-style-noshow:yes; mso-style-priority:99; color:purple; mso-themecolor:followedhyperlink; text-decoration:underline; text-underline:single;} .MsoChpDefault {mso-style-type:export-only; mso-default-props:yes; font-size:10.0pt; mso-ansi-font-size:10.0pt; mso-bidi-font-size:10.0pt;} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-priority:99; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-theme-font:minor-fareast; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi;} </style> <![endif]-->
<br />
<br />No dia 9 de julho, será realizado em Curitiba o Seminário Nacional: Investimento Público – Análise e Perspectiva. O evento terá a presença do economista e professor da Unicamp Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), do economista e ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, entre outros. Para mais informações e inscrições, basta acessar o hot site do seminário pelo link: <a href="http://www.senge-pr.org.br/seminario/">www.senge-pr.org.br/seminario</a>. O seminário é uma promoção do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), da Federação Interestadual de Sindicato de Engenheiros (Fisenge) e do Departamento Intersindical Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e conta com o apoio do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Paraná (Crea-PR).
<br />Luiz Domingoshttp://www.blogger.com/profile/10828106280826428629noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-66236272284615498762010-06-22T18:53:00.011-03:002010-06-30T10:07:54.185-03:00Futebol e sinceridade: falas e metáforas da democracia brasileira<div style="text-align: right;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhV9qo0cFHp3amq94wHvNBEEciBjxq5OieGG6GLbKLtQsYRNWpxRhY529rJsAWadyx1Oe25SolstD1GmEpohzQC2bo9WfyLs7hcn4X7PloljY8x5GDlL8EFOGXxeCHfunHIdaEHJg/s1600/CP0968_aun_miguel_400.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhV9qo0cFHp3amq94wHvNBEEciBjxq5OieGG6GLbKLtQsYRNWpxRhY529rJsAWadyx1Oe25SolstD1GmEpohzQC2bo9WfyLs7hcn4X7PloljY8x5GDlL8EFOGXxeCHfunHIdaEHJg/s320/CP0968_aun_miguel_400.jpg" width="320" border="0" height="212" /></a></div><div style="color: rgb(102, 102, 102); text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span">[Sem título, 1989. Belo Horizonte, MG. Miguel Aun. Pirelli/MASP] </span></span></span></div><div style=";font-family:";"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(153, 51, 0);font-size:small;" ><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span">José Szwako*</span></span></span></div></div><div style=";font-family:";"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span"> </span></span></div><div style=";font-family:";"><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span">Cada seleção com a sua crise e cada crise encerra uma bela metáfora das respectivas políticas nacionais: entre os franceses, diferentes tons e sotaques se digladiam com e contra as hierarquias internas, já os jogadores nigerianos se vêem ameaçados por seus próprios conterrâneos, ao passo que, no Brasil, a imprensa (ou parte hegemônica dela) se desentende com Dunga e com alguns de seus jogadores.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span"> </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span">Um suposto aceno com tom de reprovação foi suficiente para que Dunga soltasse alguns insultos infantis e truculentos contra um jornalista da Rede Globo. A troca de farpas, por sua vez, despertou um dos pilares da nossa imaginação democrática: ‘a imprensa merece’, ‘a Globo merece’, ‘o jornalista merece’ – diz a avalanche de opiniões que celebram a incivilidade do técnico brasileiro. </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span"> </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span">Aos olhos da </span></span><span style="font-size:small;"><a href="http://noticias.uol.com.br/ultnot/multi/?hashId=ooops--telespectador-ataca-globo-e-fica-do-lado-de-dunga-040298376EC08123A6&mediaId=5200771"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span">maioria que aplaudiu Dunga</span></span></a></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span">, este foi ‘destemido’, ‘peitou a Globo’, ‘teve caráter’, enfim, ‘Dunga 1 x 0 Globo’. Nessa ovação toda, o tom médio girou ao redor de uma oposição: uma rede de televisão má e manipuladora versus um cara de respeito – com todas as analogias de gênero correlatas, um cara que ‘mete o pau’, ‘cabra macho’. E de respeito porque foi sincero consigo e, nessa veia, com o jornalista e com o público. </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span"> </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span">Feliz pela sinceridade de Dunga, nossa classe média supostamente ilustrada não perde uma oportunidade de se mostrar supostamente crítica “Bem feito[,] a Globo acha que tem que dar o amém em tudo, [acha] que é a dona da verdade (...), </span></span><span style="font-size:small;"><a href="http://www.youtube.com/watch?v=mm_yn4-1QN4"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span">cadê a democracia, achei certíssima a atitude do Dunga com a rede esgoto de televisão”</span></span></a></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span">. </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span"> </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span">Nas entrelinhas desse imaginário, o que é ‘certíssimo’ e ‘democrático’ é a atitude sincera: eu tenho uma ideia qualquer e a prova da minha correção moral está em minha capacidade de expor (sinceramente) tal ideia sem referência a um outro – o jornalista, a Globo ou o público – e sem uma mediação mínima. Falo o que penso, logo existo. Essa proposição sintetiza um dos pilares daquilo que o público brasileiro pós-autoritário chama de democracia. </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span"> </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span">A despeito do que pode imaginar ‘a imprensa’, autoproclamada guardiã da democracia, cultos e incultos se encontram nessa síntese, pois o que parte importante dos jornais e jornalistas brasileiros vê como uma ‘defesa das liberdades democráticas’ consiste em acusar pessoas públicas sem provas, ou seja, em ter ideias e expô-las sem mediações e, obviamente, sem ônus – porque inquirir os inquisidores é sempre ‘um-perigo-para-a-nossa-democracia’. </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span"> </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span">Que esse tipo tosco de sinceridade, verdadeiro avesso da civilidade, corrói nossa imaginação política pode ser conferido também nos aplausos à oposição da candidata do Partido Verde com relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo: ao se dizer contrária ao casamento de homossexuais, diferentemente dos demais candidatos, Marina Silva estaria apenas dizendo o que realmente pensa, estaria apenas sendo ‘sincera’. <a href="http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,marina-se-declara-contra-casamento-gay,560871,0.htm">"Agora”</a>, nos diz alguém supostamente ‘crítico’, </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span">“ter opinião sobre um determinado assunto virou preconceito, parabéns Marina, se fosse os outros candidatos seriam falsos como sempre”</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span">.</span></span></div></div><div style=";font-family:";"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(153, 51, 0);font-size:small;" ><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span">*</span></span></span><span style="font-size:small;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(153, 51, 0);"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span">José Szwako</span></span></span></b></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(153, 51, 0);font-size:small;" ><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"> é doutorando em Ciências Sociais na Unicamp.</span></span></span></div>Lucas Massimohttp://www.blogger.com/profile/17507863808223238088noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-69463331471136483982010-05-17T13:29:00.016-03:002010-06-24T21:02:53.143-03:00CBN entrevista candidatos à Presidência da República. O GAC comenta.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyFdTRG61EcjMRKR1L89jnfjtd18wlAWkdXRKxywI3Q5lj9-6cRr_2Uor3Nlf1uRC_vozY9hh2s84BMPQe44PIm42ng79N5RFNssTjToLo4P3g0ETgJDQbn_1LqOLF2uuLOOBRtQ/s1600/0f4ceeb9f8d5cdcb_large.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5472336097522279666" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyFdTRG61EcjMRKR1L89jnfjtd18wlAWkdXRKxywI3Q5lj9-6cRr_2Uor3Nlf1uRC_vozY9hh2s84BMPQe44PIm42ng79N5RFNssTjToLo4P3g0ETgJDQbn_1LqOLF2uuLOOBRtQ/s320/0f4ceeb9f8d5cdcb_large.jpg" style="cursor: pointer; float: left; height: 320px; margin: 0pt 10px 10px 0pt; width: 213px;" /></a><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial;"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;">[White House Press, 1965, Francis Miller, Life]</span></span></span><br />
<div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"></span></span></span></div></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc6600;">Lucas Massimo</span></span></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">A rádio CBN entrevistou os candidatos à presidência José Serra pelo PSDB e Dilma Roussef pelo PT.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span">Para acessar o áudio com a entrevista do candidato tucano, <b><a href="http://cbn.globoradio.globo.com/editorias/politica/2010/05/10/OUCA-A-INTEGRA-DA-ENTREVISTA-COM-OPRE-CANDIDATO-DO-PSDB.htm">clique aqui.</a></b> Já o áudio da candidata petista <b><a href="http://cbn.globoradio.globo.com/programas/jornal-da-cbn/2010/05/17/OUCA-A-INTEGRA-DA-ENTREVISTA-COM-A-PRE-CANDIDATA-DO-PT-A-PRESIDENCIA-DILMA-ROUSSEFF.htm">está aqui</a></b>. Abaixo seguem algumas considerações sobre a entrevista de Dilma e suas teses “neodesenvolvimentistas”. O comentário sobre a entrevista de Serra está a caminho.</span></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span"> </span></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span">A candidata Dilma foi entrevistada na Rádio CBN na manhã desta segunda-feira (17/05/2010). Além de uma performance muito superior se comparada à de Serra quando acossados pela jornalista Miriam Leitão, que, de resto, “ficou no bolso”, cabe destaque para a omissão da candidata acerca das campanhas sindicais sobre a redução da carga horária de 44 para 40 horas semanais. Na resposta Dilma enfatizou a autonomia relativa do Estado Burguês (pelo que esse não é uma agenda do governo) e as diferenças setoriais que precedem a questão.</span></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">A peculiaridade dessa campanha é que ela é uma das poucas demandas que opõe as classes trabalhadoras e as classes patronais como um todo, a despeito das clivagens e contradições internas a cada classe social – qualquer que seja a acepção emprestada a idéia. Resumidamente: os sindicalistas argumentam que é necessário transferir aos trabalhadores os ganhos de produtividade que acompanharam a economia brasileira desde a abertura comercial nos anos 1990, ao passo que os empresários argumentam que essa transferência, num contexto de crise financeira global, pode implicar em prejuízos sobre o investimento global. Em termos de discurso econômico, parece-me claro que a candidatura de Dilma, a despeito do PT, vem com muito mais temperança do que a candidatura de José Serra.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;">Lucas Massimo é pesquisador do Grupo de Pesquisas sobre Neoliberalismo e Relações de Classe, e mestrando em Ciência Política pelo IFCH/UNICAMP.</span></span></span></div>Lucas Massimohttp://www.blogger.com/profile/17507863808223238088noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-40821876247105263042010-05-05T14:28:00.007-03:002010-07-04T11:03:01.108-03:00Por que analisar política econômica com o conceito de classe social?<div style="text-align: right;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1_-K63qZ2q74ETiVCskftV2EcGNtzVHZyd41ppcEjVo-Hq56JvztmFjgdC7TEfOGEpHvPHy3FCohHrh8sTsDvh1scD12rXYl0OD5GUm7MN7B0QW6JWP68ueqmzn422VbiGKPU1A/s1600/Bourdieu+Photos+d%27Argelie+040.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1_-K63qZ2q74ETiVCskftV2EcGNtzVHZyd41ppcEjVo-Hq56JvztmFjgdC7TEfOGEpHvPHy3FCohHrh8sTsDvh1scD12rXYl0OD5GUm7MN7B0QW6JWP68ueqmzn422VbiGKPU1A/s320/Bourdieu+Photos+d%27Argelie+040.jpg" /></a></div><div style=" text-align: left;color:#666666;"><span class="Apple-style-span">[Pierre Bourdieu. Photos d'Argelie. 1960]</span></div><div style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="color:#cc6600;"><b> </b></span></div><span class="Apple-style-span" style="color:#cc6600;"><b>Lucas Massimo</b></span></div><div></div><div><br /></div><div>Até a crise dos subprimes, desencadeada em 2006, para afirmar a heteronomia do mercado financeiro diante do mercado “real” era necessária pedir uma série de “licenças teóricas”, e recorrer à versão mais antiquada do conceito de classe social. Depois da crise, a co-relação entre o mundo das finanças e o mundo da produção não apenas ficou evidente, como assumiu seu colorido mais dramático com o desemprego e o desalento de uma população extremamente endividada. Nesse momento de rescaldo da crise, a correlação entre estes dois circuitos de valorização de capital (finança e produção) é tão evidente, chega a ser tão óbvia, que a experiência esvazia a reflexão, e de novo, precisamos pedir “desculpas” para pensar em termos de “classe social”.</div><div></div><div>Ora, mas afinal de contas, porque esse conceito importa? Ou melhor, para que ele serve? E ainda, para que ele não serve?</div><div></div><div>Na última quarta-feira (28/04/2010) o COPOM determinou uma alta na taxa básica de juros da economia Brasileira, a SELIC, que passou de 8,75% para 9,5% ao ano. Subtraindo a inflação, temos uma taxa real de 4,5% de juros ao ano. Como amplamente divulgado pela mídia especializada, essa taxa de juros é mais elevada entre as 40 principais economias do mundo (Na Índia, que pratica a taxa mais baixa dessa lista, a taxa real é 9,7% negativo; segue o link da fonte no final da postagem). Como os juros indicam o preço do dinheiro, a sua elevação sugere que se coloque mais dinheiro em aplicações financeiras do que na “economia real”. Em resumo, e de acordo com a arquitetura do sistema monetário internacional, as aplicações que lá gorjeiam, não gorjeiam como cá.</div><div></div><div>Uma semana após a elevação doa SELIC o jornal Britânico Financial Times (FT), no editorial de 05/05/2010, afirma que “Luck has played a large role in the region’s recent good fortune. Scarred by past crises, its banks spent much of the noughties at home rather than venturing abroad. They therefore avoided the sub-prime junk that so poisoned their peers in the west.” Ora, atribuir o sucesso ou insucesso de uma economia nacional aos ventos da sorte, é no mínimo uma explicação superficial: o Brasil não está sangrando pela crise financeira internacional porque é o primo pobre do capitalismo neoliberal, ponto. Como a crise tem se disseminado com mais vigor na “economia real” dos primos ricos, nossa tapioca ainda dá para o gasto. Mas isso não explica coisa alguma.</div><div></div><div>Um ensaio de interpretação deve pelo menos levar em conta o tipo histórico de capitalismo – o neoliberal – e sua relação com os Estados nacionais (esse blog publicou algo a respeito no tópico “A crise financeira e o Estado”). Além dos fatores exógenos, é preciso pensar as especificidades da conjuntura brasileira, para se contrapor com substância à peça ideológica do folhetim britânico. </div><div></div><div>Ao se pensar em termos de classe social, podemos articular as clivagens “externo x interno” e “centro x periferia” através de uma noção-chave: “modelo de desenvolvimento econômico dependente e subordinado”. Segundo essa idéia, o capital financeiro brasileiro ocupa uma posição inferior na estratificação das classes financeiras em escala global, mas apesar disso, sua atividade acumula mais capital do que no circuito produção e consumo – de resto, uma propriedade do neoliberalismo em geral, como tipo histórico de formação capitalista. Como resultado de crise financeira global, toda a capacidade de investimento das economias capitalistas foi drasticamente afetada, e os circuitos mais arrojados de valorização de capital financeiro foram subitamente esvaziados. Exatamente porque posicionada às margens desses circuitos, a economia brasileira não foi diretamente afetada pela seca de crédito. Como se trata de modelo de desenvolvimento subordinado, os mecanismos de crédito brasileiros não estavam atrelados aos “ativos podres”, outrora tão rentáveis nas carteiras dos primos ricos, e a crise não implicou em fechamento completo dos canais de investimento. </div><div></div><div>Já sobre o caráter dependente do modelo econômico, pode-se questionar até onde estamos diante de uma característica do modelo brasileiro e até onde não estamos lidando como características de uma economia internacional fortemente integrada. Num caso ou noutro, o ponto é que a maioria esmagadora da nossa pauta de exportações é formada por produtos de baixo valor agregado, ou seja, produtos cuja cadeia produtiva não enseja um “ciclo endógeno de inovação tecnológica” – o que em termos muito superficiais poderia ser traduzido por uma cadeia produtiva que prescinde de uma população criativa e educada. Para efeito de comparação, e segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, a exportação de petróleo bruto em abril de 2010 cresceu 182,7% com relação a abril de 2009, ao passo que o aumento na exportação de produtos manufaturados no mesmo período foi bem menor: automóveis (13%), celulares (8,9%) e aviões (7,1%). Ou seja, inserção da economia brasileira ainda é extremamente dependente de commodities, do petróleo em particular. O que se depreende disso? Um arranjo entre classes sociais cuja dinâmica não é controlada endogenamente, em uma palavra, uma economia dependente.</div><div></div><div>Poder-se-ia objetar que a crise fragilizou os principais mecanismos de ação da finança globalizada, porém isso é ponderável, na medida em que a arquitetura do sistema financeiro internacional segue inalterada: a distribuição dos custos da crise é extremamente diferente em cada contexto nacional, e o arranjo entre as classes é um bom indicador para estabelecer tais distinções – que o diga o diretor do departamento da economia da FIESP, Paulo Francini, em entrevista à radio CBN. Para escutar a entrevista<a href="http://cbn.globoradio.globo.com/programas/cbn-total/2010/02/17/ESTUDO-MOSTRA-QUE-INDUSTRIA-VEM-PRODUZINDO-MAIS-E-CONTRATANDO-MENOS.htm">, clique aqui</a>.</div><div></div><div>Assim, idéias como classe social servem para resolver algumas confusões da ideologia econômica dominante: </div><ul><li>como podemos ter a taxa de juros mais alta do mundo se a economia brasileira vai muito bem, obrigado!? </li><li>como atribuir ao acaso o sucesso do modelo brasileiro se ele é um experimento de sucesso fabricado nos laboratórios do FMI?</li></ul><div></div><div>Essas confusões se resolvem com interpretações tributárias do marxismo teórico, e nesse marco, a idéia de classe social se nos apresenta como uma ferramenta poderosa.</div><div></div><div>Nesse nível de abstração mais geral idéias como classe social ainda não produzem versões economicistas da estória, entretanto, ao nos aproximamos um pouco mais do mundo político, essas categorias requerem mediações. A elevação da SELIC nesse momento “pré-campanha-eleitoral” é um importante aceno: ela nos indica que apesar do discurso orientado para o capital produtivo (e frações) de Serra e Dilma, o eixo do modelo econômico não está em disputa. Mas essa conclusão está longe de ser neutra em termos político-partidários: com isso, se está a um passo de esvaziar os ganhos que programas como o bolsa família, o reuni, o luz para todos, entre muitos outros, representam para milhões (sublinhe-se), milhões de brasileiros. Uma análise política séria deve observar a especificidade dos problemas políticos, e não esvaziar objetos políticos em problemas cuja raiz advém do pensamento econômico.</div><div></div><div><br /><div style="color: #666666;"><b>Lucas Massimo é pesquisador do Grupo de Pesquisas sobre Neoliberalismo e Relações de Classe, e mestrando em Ciência Política pelo IFCH/UNICAMP.</b></div></div><div><br /></div><div style="color: #666666;">Fontes</div><div><div><a href="http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/noticia.php?area=5&noticia=9786">http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/noticia.php?area=5&noticia=9786</a></div><div><a href="http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2010/04/28/juros-selic.jhtm">http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2010/04/28/juros-selic.jhtm</a></div></div>Lucas Massimohttp://www.blogger.com/profile/17507863808223238088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-88382904264934656952010-04-20T15:24:00.011-03:002010-04-27T14:26:58.191-03:00Como funcionam as eleições nos EUAResumidamente, as regras eleitorais nos EUA. Slides montados a partir de diversos sites e fontes.<br />Dúvidas, críticas e comentários são bem vindos.<br /><br /><div style="width:425px" id="__ss_3872853"><strong style="display:block;margin:12px 0 4px"><a href="http://www.slideshare.net/luizdomingos/sistema-eleitoral-norte-americano" title="Sistema eleitoral norte americano -">Sistema eleitoral norte americano -</a></strong><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://static.slidesharecdn.com/swf/ssplayer2.swf?doc=sistemaeleitoralnorte-americano-100427122310-phpapp01&stripped_title=sistema-eleitoral-norte-americano"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowScriptAccess" value="always"><embed src="http://static.slidesharecdn.com/swf/ssplayer2.swf?doc=sistemaeleitoralnorte-americano-100427122310-phpapp01&stripped_title=sistema-eleitoral-norte-americano" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="355"></embed></object><div style="padding:5px 0 12px">View more <a href="http://www.slideshare.net/">presentations</a> from <a href="http://www.slideshare.net/luizdomingos">luizdomingos</a>.</div></div>Luiz Domingoshttp://www.blogger.com/profile/10828106280826428629noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-69129059373987211772010-04-20T10:36:00.006-03:002010-06-24T21:12:12.249-03:00As bases sociais do voto de Dilma e Serra<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsUWLc4c6G9wVU48j2HyGq5seyfQZiexEA1i9sTmm4WMBNMKV8gQeoy_iEF2Iw_XVudxxLCjezsFtulFmBeP4HoK3DyljSWAhJVN5HJ2Ye6lWNll-bDHtRsvkYpO2StoLi-Oo_wg/s1600/400px_CP0248_05_56.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="256" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsUWLc4c6G9wVU48j2HyGq5seyfQZiexEA1i9sTmm4WMBNMKV8gQeoy_iEF2Iw_XVudxxLCjezsFtulFmBeP4HoK3DyljSWAhJVN5HJ2Ye6lWNll-bDHtRsvkYpO2StoLi-Oo_wg/s320/400px_CP0248_05_56.jpg" width="320" /></a></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: x-small;"><span style="color: #666666;">[Hugo Borghi, c. 1950. Jean Manzon. Pirelli/MASP] </span></span><b style="color: #274e13;"><br />
</b></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b style="color: #274e13;">Marcus Figueiredo</b> (IUPERJ)</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Site Carta Maior - 19-04-2010</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">As bases sociais do voto são sempre uma questão importante porque reflete a natureza das expectativas dos eleitores. Os candidatos em geral têm sempre os olhos voltados para a maioria, para garantir a eleição. Entretanto cada candidato não pode negligenciar as suas respectivas bases, sob pena de perdê-las. Este é um jogo de soma zero. Ao tentar avançar sobre uma classe de eleitores o candidato corre o risco de perder votos em uma classe concorrente. Definido então as diversas classes, categorias ou grupos sociais eles sempre terão demandas e interesses em disputas. É por esta razão que os candidatos tendem para a posição mediana entre os interesses conflitantes.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Esta convergência para a mediana produz discursos e propostas cujos resultados representam um denominador comum, com risco mínimo em desagradar as maiorias das posições conflitantes. Esta estratégia do denominador comum, por sua vez, tem como contra partida o aumento do risco de alta dubiedade, beirando a falta de posicionamento, posição mortal quando a taxa de conflito é muito alta. Exemplo claro está na disputa sobre o livre direito ao aborto. Nessas situações os candidatos preferem fugir do assunto. Este problema não existe nas eleições proporcionais dado que há espaço na disputa para posições conflitantes.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Tendo por referência a última pesquisa do instituto Sensus, vejamos as bases dos principais candidatos, Dilma e Serra.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b>Gênero</b></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Hoje temos uma pequena maioria de mulheres frente aos homens. Esta categoria social passou a ser cobiçada pelos candidatos. Existem várias “teorias” sobre o comportamento eleitoral dos homens e das mulheres. As mais destacadas são as seguintes:</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">1. As mulheres são mais conservadoras do que os homens;</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">2. Hoje, se aceita que são as mulheres quem guiam o voto no seu lar, ao contrário do que ocorria no passado;</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">3. As mulheres que trabalham fora de casa comportam-se como os homens;</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">4. Mulher não vota em mulher;</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">5. A mulher, por ser “naturalmente” altruísta vota pensando mais no bem de seus filhos e de seus maridos.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">6. As mulheres são mais cautelosas para decidir o seu voto;</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Estas são afirmações tiradas de pesquisas qualitativas, difundidas entre políticos e assessores, cujas veracidades são duvidosas, quando não desconhecidas.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Neste quesito, Dilma leva vantagem entre os homens e tem igual perda entre as mulheres.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"><img alt="Gênero" border="0" height="105" src="http://www.tvcartamaior.com.br/cmimagens/20100419/20100419-00.gif" width="468" /></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b>Área de moradia</b></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Considerando as áreas de moradia, Dilma ganha de Serra na área rural. Entretanto esta área representa apenas 15% do eleitorado. Esta presença na área rural certamente vem dos ganhos das políticas sociais.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"><img alt="Área de Modaria" border="0" height="105" src="http://www.tvcartamaior.com.br/cmimagens/20100419/20100419-01.gif" width="468" /></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b>Região</b></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Nas regiões do país, Dilma leva vantagem em todas exceto no Sudeste. O destaque é para o Nordeste, região que mais se beneficiou com o programa Bolsa Família.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"><a href="http://www.tvcartamaior.com.br/cmimagens/20100419/20100419-02.gif" target="_blank"><img alt="Clique para Ampliar" border="0" height="257" src="http://www.tvcartamaior.com.br/cmimagens/20100419/20100419-02m.gif" width="468" /></a></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Esta divisão territorial das intenções de voto reflete uma divisão política que floresceu na última eleição, quando Lula perdeu para o Alckmin nas chamadas áreas do agro negócio e de fronteira que sobem do interior de São Paulo e do Sul daí subindo pelo Centro-Oeste e Norte. Nessas regiões os ganhos de Dilma são modestos.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b>Educação e Renda</b></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Considerando a educação, observamos um relativo equilíbrio entre Dilma e Serra nas posições baixas e médias. Na posição superior Serra tem ganho significativo. Entretanto, no indicador de renda observa-se uma divisão no eleitorado. A classe baixa, até 1 salário mínino, Dilma está levando vantagem sobre Serra. Este, por sua vez, está ganhando no ponto mais alto da pirâmide social, acima de 20 salários mínimos mensais. Nas posições intermediárias, de 1 a 20 SM há uma crescente vantagem de Serra.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"><a href="http://www.tvcartamaior.com.br/cmimagens/20100419/20100419-03.gif" target="_blank"><img alt="Clique para Ampliar" border="0" height="377" src="http://www.tvcartamaior.com.br/cmimagens/20100419/20100419-03m.gif" width="466" /></a></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">A comparação das bases sociais desses dois candidatos aponta para um horizonte de alta competição sobre políticas sociais entre Dilma e Serra. Nos indicadores de educação e renda, o apoio para Serra segue uma trajetória social de baixo para cima, Serra cresce segundo a posição social do eleitor. Dilma, ao contrário, decresce na escala social.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Esta situação aponta para as linhas ideologias das duas candidaturas. Dilma, como sucessora de Lula, tem enfatizado a continuidade do projeto PT-lulista que se concentra em políticas sociais de ascensão social, o que em nada agrada as classes médias-altas. Serra, como disse em seu discurso de lançamento de sua candidatura, acenou para o não confronto de classe, pregando a união de todos. Entretanto o seu eleitorado quer a volta de políticas mais liberais, cujo retorno social é perdas para as classes mais baixas na competição social.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Considerando a natureza do jogo eleitoral, de soma zero, o apelo de Serra para a união das classes, aponta para prospectos de políticas de “denominador comum” o que não combina com ele. Em algum momento ele terá que fazer uma opção ariscada: avançar sobre o eleitorado das classes médias-baixas, com políticas condizentes, o que, por sua vez, contraria as demandas de seu eleitorado típico.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Neste particular Dilma está confortável, pois o seu projeto PT-lulista é o quanto ela precisa para continuar ameaçando Serra, e em trajetória ascendente.</span></div>Luiz Domingoshttp://www.blogger.com/profile/10828106280826428629noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-55215641899350806112010-04-12T15:31:00.009-03:002010-04-14T03:45:00.070-03:00Os valores (políticos) dos jornalistas brasileiros<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2QEZYCcUsfHF6sdJjGCAf1he9QZl3Zr6P8RwinYYxK1m9ZNomNj-CshGO-hnSo1tgWq4C106QHcHsN7hsTPAKj_8bD9_V5ukXqnezSLV2kksdL2_P42HiQ02sWTSmPBF0tYOeoQ/s1600/f0018e36949d6cc8_large.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2QEZYCcUsfHF6sdJjGCAf1he9QZl3Zr6P8RwinYYxK1m9ZNomNj-CshGO-hnSo1tgWq4C106QHcHsN7hsTPAKj_8bD9_V5ukXqnezSLV2kksdL2_P42HiQ02sWTSmPBF0tYOeoQ/s320/f0018e36949d6cc8_large.jpg" width="320" border="0" height="249" /></a></div><div style="color: rgb(102, 102, 102);"><span style="font-size:x-small;">[Yale University Daily News. John Phillips, 1942.Life]</span> </div><div style="color: rgb(102, 102, 102);"><br /></div><span style="color: rgb(102, 102, 0); font-weight: bold;">Daniel Marcelino*</span><br /><span style="color: rgb(102, 102, 0); font-weight: bold;">Lucio Rennó**</span><br /><span style="color: rgb(102, 102, 0); font-weight: bold;">Ricardo Mendes***</span><br /><span style="color: rgb(102, 102, 0); font-weight: bold;">Wladimir Gramacho****</span><br /><br /><b>Resumo</b>: Quais crenças e valores são compartilhados pelos jornalistas brasileiros? Os resultados desta pesquisa oferecem uma descrição dos primeiros dados disponíveis sobre as opiniões, crenças e valores dos jornalistas brasileiros e os contrasta com as preferências valorativas da população, ambos aferidos por meio de pesquisas de opinião pública. Os achados deste estudo apontam para um quadro bastante positivo sobre a forma como pensam os jornalistas entrevistados. O principal achado é a absoluta convicção entre jornalistas de que a democracia constitui a forma preferível de regime político. Também são discutidas questões como identificação partidária, preferência ideológica, avaliação da mídia e das instituições políticas nacionais. Enfim, mostramos aqui um quadro amplo sobre as opiniões e crenças dos jornalistas brasileiros em contraste com as opiniões da população.<br /><br />Os meios de comunicação jogam papel central no funcionamento de regimes democráticos (Dahl, 2005) pois exercem uma função de investigação e divulgação do desempenho de atores públicos e privados que confere transparência ao sistema político. Os meios de comunicação também instruem e informam os cidadãos sobre o sistema político exercendo, portanto, uma função pedagógica essencial nas sociedades modernas. Como apontam vários autores que estudam o papel dos meios de comunicação e sua interface com a política, uma imprensa livre e autônoma é fundamental para o fortalecimento da democracia e para o exercício mais completo do controle social sobre o poder político (Lawson, 2002). Por último, em uma visão mais sociológica da democracia, baseada em uma interpretação discursiva da mesma, processos comunicativos são centrais para a formação de espaços públicos de deliberação e os meios de comunicação exercem papel central na construção dessas arenas (Avritzer e Costa 2004).<br /><br />Contudo, afora editoriais de jornais e blogs – que normalmente representam a opinião da empresa, de uma coletividade, de uma organização ou apenas de um indivíduo –, não temos informações concretas sobre como pensam as pessoas que operam os meios de comunicação no Brasil como um todo. Editoriais e blogs não permitem generalizações sobre como pensa o universo de jornalistas no país. Um modo de se chegar a conclusões sobre essas opiniões é a realização de pesquisa de opinião pública com jornalistas, nos moldes das realizadas pelo The Pew Research Center for the People and the Press (http://people-press.org/) nos Estados Unidos. Até onde sabemos, não há pesquisas de opinião semelhantes no Brasil enfocando jornalistas. Dessa forma, não temos muitas informações, ao nível individual, sobre como pensam os jornalistas brasileiros acerca da política, economia e sociedade embasados em uma amostra que inclua jornalistas de todo o país e exercendo funções variadas na indústria da mídia.<br /><br />Desvendar o que passa pela cabeça dos jornalistas é fundamental para entendermos suas aspirações, valores e crenças que, indiscutivelmente, influenciarão suas coberturas jornalísticas. Obviamente que distanciamento, fidedignidade, compromisso com o fato e imparcialidade são valores centrais no exercício da profissão. Mas o fato de termos opiniões pessoais e idéias consolidadas sobre o mundo impõe-nos lentes que orientam a leitura da realidade, podendo gerar vieses em nossas interpretações e descrições do mundo. Isso ocorre com qualquer profissional, e jornalistas não são diferentes. Assim, entender como as pessoas que produzem informação no Brasil pensam a sociedade, a economia e a política passa a ser fundamental para entendermos como e por quem essa informação é produzida.<br /><br />As informações que apresentamos foram coletadas por intermédio de um questionário estruturado aplicado por telefone, com perguntas contendo alternativas de resposta pré-definidas, em uma amostra de 212 jornalistas de mais de 70 diferentes empresas distribuídas nas cinco regiões brasileiras. A amostra foi sorteada aleatoriamente usando uma estratégia de estágios múltiplos, que será discutida mais detalhadamente a seguir. Os dados coletados, portanto, permitem fazer inferências para o universo de jornalistas em atividade no Brasil. Uma amostra maior teria sido mais indicada, mas os dados dão uma ideia bastante fidedigna da diversidade de pensamento sobre os temas tratados na pesquisa e sobre as tendências gerais das visões de mundo desse setor."<br />[...]<br /><br />Para acessar o artigo na íntegra, <a href="http://www.cebela.org.br/site/baCMS/files/327001ART1%20Daniel%20Marcelino.pdf">clique aqui</a>.<br /><br /><span style="color: rgb(102, 102, 0);">* Mestrando no Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas - CEPPAC - da UnB.</span><br /><span style="color: rgb(102, 102, 0);">** Ph.D. em Ciência Política pela University of Pittsburgh. Professor Adjunto e Diretor do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas - CEPPAC - da UnB.</span><br /><span style="color: rgb(102, 102, 0);">*** Mestrando em Ciência Política na UnB, é analista de pesquisas do Instituto FSB Pesquisa.</span><br /><span style="color: rgb(102, 102, 0);">**** Jornalista e cientista político, é doutor em ciência política pela Universidade de Salamanca, diretor executivo do Instituto FSB Pesquisa e pesquisador associado do Centro de Estudos Avançados de Governo (CEAG) da UnB.</span>Luiz Domingoshttp://www.blogger.com/profile/10828106280826428629noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38516772.post-39695739532046139392010-04-11T23:41:00.007-03:002010-04-12T09:33:12.255-03:00Onde fica o Paraguai? Nota sobre uma ausência bibliográfica<div style="color: #666666;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-wstRWeODGLgREIKTIfplKjWPg0rFpUd70r7FGBOAFN_-3srnrcb1l-C0dTomhjRyxzRFNzKTMFx0nVbQYPKd84_gJXVrUcO55whHwLNs6SjDnHUmU9Kh-7gIHhw6LQELxCvLfA/s1600/S%C3%A9rie+Ch%C3%A3o+e+C%C3%A9u,+2007.Jo%C3%A3o+Castilho..jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-wstRWeODGLgREIKTIfplKjWPg0rFpUd70r7FGBOAFN_-3srnrcb1l-C0dTomhjRyxzRFNzKTMFx0nVbQYPKd84_gJXVrUcO55whHwLNs6SjDnHUmU9Kh-7gIHhw6LQELxCvLfA/s320/S%C3%A9rie+Ch%C3%A3o+e+C%C3%A9u,+2007.Jo%C3%A3o+Castilho..jpg" width="320" /></a><span style="font-size: x-small;">[Série Chão e Céu, 2007. João Castilho.<span style="color: #666666;"> Pirelli/MASP] </span></span></div><br />
<span style="color: #666600; font-weight: bold;">José Szwako*</span><br />
<br />
“Novas lideranças sulamericanas”, texto do professor Rafael Villa publicado na Revista de Sociologia e Política n. 32, é aberto com estas palavras: “A instabilidade política na região dos Andes tem chamado a atenção pela sua instabilidade ainda que a região do Cone Sul mais o Brasil (se excetuamos o Paraguai) tenda a apresentar mais estabilidade do ponto de vista político” (p.71). A julgar por essa disposição textual, o Paraguai se situa no Cone Sul, mas não apresenta a estabilidade política característica da região. Ao longo do texto, que gira ao redor de clivagens centrais para pensar as dinâmicas de estabilidade/instabilidade política no subcontinente como um todo, nosso vizinho guarani desaparece.<br />
<br />
Esta ausência se repete em “Sociedad civil, esfera pública y democratización en América Latina: Andes y Cono Sur”, coleção que não reserva espaço para o caso paraguaio. Esses são apenas dois exemplos em um oceano bibliográfico sobre a América Latina e do Sul. Se procurarmos pela letra ‘pê’ no index de uma centena de livros e organizações, encontraremos ‘Partido...’ e, logo em seguida, Perón. Um prêmio de consolação pode ser encontrado nos sites do scielo Brasil e Chile: na busca pelo país, dentre vários artigos dedicados a microorganismos, bactérias e afins, são achadas reflexões sobre política recente, migração, e a Guerra contra o Paraguai, mas elas não passam de dez.<br />
<br />
Não estou desfiando um rosário, nem penso que o Paraguai – “desde a Guerra!” – é injustiçado e, por alguma razão mística, merece atenção e análise. Essa ausência me interessa diretamente por conta da minha pesquisa, na qual estudo a relação de organizações feministas com o Estado paraguaio. De um ponto de vista bastante amplo, se nos voltarmos para as gerações e trajetórias de mulheres mobilizadas pelo e ao redor do feminismo, desde meados dos anos 1970, em quase todos os casos latinoamericanos (o caso paraguaio aí incluído), é sumamente instigante os fortes paralelos entre eles. Para mencionar apenas três deles, as divisões internas ao movimento, suas conquistas e limites se repetem nitidamente em vários exemplos da militância feminista. Quer dizer, do ponto de vista da análise conjunta dos feminismos, o Paraguai, em seus pontos convergentes e divergentes com os demais casos, está definitivamente plantado na América Latina.<br />
<br />
O próprio texto de Rafael Villa traz ‘clivagens’ que espelham esse enraizamento: a vitória de Fernando Lugo, por exemplo, pode ser enquadrada adequadamente na “renovação de elites e Ascenso de esquerda de várias tonalidades” – e, diga-se de passagem, a coalizão com o Partido Liberal descolore bastante o caráter de esquerda do governo Lugo. Além disso, a base social sobre a qual se assentou tal renovação, ou seja, a série de vários movimentos sociais que impulsionaram a candidatura luguista, marca aquilo que Villa, na esteira de um Sader, chama de “entrada de novos atores políticos e sociais em cena”.<br />
<br />
As fontes, objetos e níveis de comparação para espelhar frente ao caso paraguaio poderiam se multiplicar, seja com casos latinoamericanos ou não: a longa e triste reprodução do Partido Colorado lembra o exemplo mexicano do Partido Revolucionário Institucional e, em outro registro, as lógicas de produção ideológica em torno das figuras de Stroessner e de Stalin têm semelhanças nada superficiais. Em que medida essas comparações são adequadas, é pergunta a ser sistematicamente respondida. Que o Paraguai não seja um objeto consagrado e que sua política instável não mereça o adjetivo poliárquico, no entanto, não devem ser motivos para pensar nele como uma excepcionalidade de qualquer sorte.<br />
<br />
<span style="color: #666600; font-weight: bold;">*José Szwako</span><span style="color: #999900;"> é doutorando em Ciências Sociais na Unicamp.</span>Luiz Domingoshttp://www.blogger.com/profile/10828106280826428629noreply@blogger.com2