quarta-feira, 30 de junho de 2010

Seminário debate investimento público



No dia 9 de julho, será realizado em Curitiba o Seminário Nacional: Investimento Público – Análise e Perspectiva. O evento terá a presença do economista e professor da Unicamp Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), do economista e ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, entre outros. Para mais informações e inscrições, basta acessar o hot site do seminário pelo link: www.senge-pr.org.br/seminario. O seminário é uma promoção do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), da Federação Interestadual de Sindicato de Engenheiros (Fisenge) e do Departamento Intersindical Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e conta com o apoio do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Paraná (Crea-PR).

terça-feira, 22 de junho de 2010

Futebol e sinceridade: falas e metáforas da democracia brasileira

[Sem título, 1989. Belo Horizonte, MG. Miguel Aun. Pirelli/MASP]
José Szwako*
Cada seleção com a sua crise e cada crise encerra uma bela metáfora das respectivas políticas nacionais: entre os franceses, diferentes tons e sotaques se digladiam com e contra as hierarquias internas, já os jogadores nigerianos se vêem ameaçados por seus próprios conterrâneos, ao passo que, no Brasil, a imprensa (ou parte hegemônica dela) se desentende com Dunga e com alguns de seus jogadores.
Um suposto aceno com tom de reprovação foi suficiente para que Dunga soltasse alguns insultos infantis e truculentos contra um jornalista da Rede Globo. A troca de farpas, por sua vez, despertou um dos pilares da nossa imaginação democrática: ‘a imprensa merece’, ‘a Globo merece’, ‘o jornalista merece’ – diz a avalanche de opiniões que celebram a incivilidade do técnico brasileiro.
Aos olhos da maioria que aplaudiu Dunga, este foi ‘destemido’, ‘peitou a Globo’, ‘teve caráter’, enfim, ‘Dunga 1 x 0 Globo’. Nessa ovação toda, o tom médio girou ao redor de uma oposição: uma rede de televisão má e manipuladora versus um cara de respeito – com todas as analogias de gênero correlatas, um cara que ‘mete o pau’, ‘cabra macho’. E de respeito porque foi sincero consigo e, nessa veia, com o jornalista e com o público.
Feliz pela sinceridade de Dunga, nossa classe média supostamente ilustrada não perde uma oportunidade de se mostrar supostamente crítica “Bem feito[,] a Globo acha que tem que dar o amém em tudo, [acha] que é a dona da verdade (...), cadê a democracia, achei certíssima a atitude do Dunga com a rede esgoto de televisão”.
Nas entrelinhas desse imaginário, o que é ‘certíssimo’ e ‘democrático’ é a atitude sincera: eu tenho uma ideia qualquer e a prova da minha correção moral está em minha capacidade de expor (sinceramente) tal ideia sem referência a um outro – o jornalista, a Globo ou o público – e sem uma mediação mínima. Falo o que penso, logo existo. Essa proposição sintetiza um dos pilares daquilo que o público brasileiro pós-autoritário chama de democracia.
A despeito do que pode imaginar ‘a imprensa’, autoproclamada guardiã da democracia, cultos e incultos se encontram nessa síntese, pois o que parte importante dos jornais e jornalistas brasileiros vê como uma ‘defesa das liberdades democráticas’ consiste em acusar pessoas públicas sem provas, ou seja, em ter ideias e expô-las sem mediações e, obviamente, sem ônus – porque inquirir os inquisidores é sempre ‘um-perigo-para-a-nossa-democracia’.
Que esse tipo tosco de sinceridade, verdadeiro avesso da civilidade, corrói nossa imaginação política pode ser conferido também nos aplausos à oposição da candidata do Partido Verde com relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo: ao se dizer contrária ao casamento de homossexuais, diferentemente dos demais candidatos, Marina Silva estaria apenas dizendo o que realmente pensa, estaria apenas sendo ‘sincera’. "Agora”, nos diz alguém supostamente ‘crítico’, “ter opinião sobre um determinado assunto virou preconceito, parabéns Marina, se fosse os outros candidatos seriam falsos como sempre”.
*José Szwako é doutorando em Ciências Sociais na Unicamp.