quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Sobre este blog


Luiz Domingos Costa

Blog do Grupo de Análise de Conjuntura Política da UFPR. Ligado ao Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira, o GAC é formado por professores e estudantes de pós-graduação de ciência política da UFPR e outras instituições universitárias. Além da realização de seminários anuais de análise de conjuntura política, o GAC mantém neste blog o debate permanente de temas correntes na agenda política, procurando apresentar o contraste entre a crônica política diária dos jornais e uma análise fundada na perspectiva da ciência política e da sociologia política.

Para tanto, tem dois textos metodológicos que enunciam os pontos primordiais da análise de conjuntura tal como entendida pelo grupo, além de uma série de artigos dedicados a confrontar um difuso e permanente senso comum presente na análise jornalística.

Também emite notas de pesquisa em história política, sobre o sistema político, sobre os partidos, sobre eleições e comportamento eleitoral, bem como comentários sobre políticas públicas localizadas.

A lista de autores permanentes enconta-se no menu direito. Além destes, há um grupo de colaboradores que escrevem ocasionalmente: Sérgio Soares Braga, Celso Roma, Renato Perissinotto, José Eduardo Szwako, Emerson Urizzi Cervi, Luciana Fernandes Veiga, Guilherme Simões Reis, Guatimozin Filho, Camila Tribess, bem como algumas contribuições pontuais de outros pesquisadores do país.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

PFL mudará de nome

A Executiva Nacional do PFL aprovou nesta quinta-feira a mudança de nome do partido --que passará a se chamar PD (Partido Democrata). A decisão ainda precisa ser referendada em convenção extraordinária do partido, em 28 de março. Somente a partir dessa data é que o partido trocará oficialmente de nome. [Mais aqui]





Não haverá mudança significativa. Nome novo, alguns novos dirigentes e tudo continuará como sempre foi: a mesma história, a mesma composição social e as mesmas "causas". Dado, aliás, já registrado por diversos analistas e blogueiros...

Curiosidade de suma importância: após a fusão do PL (Partido Liberal) com o PRONA (Partido da Reedificação da Ordem Nacional) e agora com a novidade pefelista (ou democrata) somente o pequenino PSL (Partido Social Liberal) carregará consigo a alcunha de "liberal" entre as agremiações brasileiras.


Mas uma questão séria jamais entra na conta dessas mudanças de nomenclaturas:
o entendimento mais ou menos ordenado do mercado político, por parte dos eleitores, requer uma regularidade das siglas. A reinvenção dos nomes impede a lenta e gradual fixação dos nomes dos partidos na cultura política do eleitorado. Tendo que encarar uma quantidade elevada de partidos, confundidos por coligações voláteis, os eleitores ainda se deparam com nomes distintos a cada dois anos.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Estudo mostra Assembléia elitista e sem representação

Do arquivo Folha de Londrina de 7-01-2007



O Paraná tem uma Assembléia Legislativa elitista, que não conta com representantes das minorias. As conclusões são de um estudo realizado durante a última legislatura, encerrada no ano passado, por Francis Augusto Góes Ricken, estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Durante dois anos, Ricken analisou dados socioeconômicos e políticos fornecidos pelos 54 deputados estaduais eleitos para a última legislatura e pelos 8 suplentes que chegaram a assumir mandatos nesses quatro anos. O primeiro dado que chama a atenção é a disparidade entre homens e mulheres. Dos 62 deputados que passaram pela Assembléia, apenas quatro eram mulheres. No total, os homens ocupavam 93,5% das cadeiras. Situação que permanecerá inalterada a partir de fevereiro, quando assumem deputados eleitos no último mês de outubro.

O levantamento de Ricken começa a mostrar o perfil elitista da Assembléia quando divide os deputados quanto à cor de pele: 59 deputados (95,2%) são brancos. Apenas três se classificaram como pardos, representando apenas 4,8%. ‘‘Não existe, por exemplo, um representante dos negros ou de uma minoria indígena’’, afirma o estudante.


Quando se entram em detalhes econômicos e profissionais, o elitismo fica ainda mais claro. Segundo o levantamento, 38,7% dos deputados são de classe média-alta. A maioria dos parlamentares, 51,6%, exerce profissões intelectuais. Em geral são médicos, advogados, administradores de empresas e jornalistas, entre outros. Além disso, 21 deputados são classificados como ‘‘grandes proprietários’’, incluindo agropecuaristas e empresários. No total, 67,7% tem diploma de curso superior. ‘‘E os que não têm estão bem estabelecidos social e economicamente’’, acrescenta Ricken.


Ele destaca ainda que mesmo os deputados que tinham carreiras como trabalhadores assalariados, exerciam em geral cargos no serviço público. ‘‘Eles não representam a grande massa de trabalhadores braçais’’, ressalta. Ricken tembém aponta para a quase ausência de deputados que possam ser classificados como ‘‘populares’’. ‘‘Mesmo os que se são mais ligados ao povo, como é o caso dos radialistas, fazem parte da elite, já que em geral também são proprietários de rádios’’, justifica o estudante.


Em sua pesquisa, Francis Ricken aborda ainda o que denomina de capital social. ‘‘Ele é a soma de elementos que ajudam na eleição do deputado’’, explica. Entre esses elementos estão a trajetória política pessoal, o histórico político da família, o fato de possuir espaço na mídia, com programas em rádio ou televisão, a ligação com correntes religiosas e a participação em movimentos sociais. Segundo o levantamento, 64,5% dos deputados do Paraná na última legislatura possuíam algum tipo de capital social. ‘‘Esse capital também mostra um aspecto elitista, porque os deputados ligados a lutas de engajamento social ainda são minoria’’, afirma Ricken.


Um dos principais elementos do capital social na Assembléia continua sendo a trajetória política. Apesar de constatar que há uma renovação a cada legislatura, Ricken chegou à conclusão de que os novos deputados que entram acabam ocupando o lugar daqueles que cumpriam seu primeiro mandato. ‘‘Há uma renovação média de 20%, mas a maioria que permanece é a que já passou do segundo mandato’’, diz.


Com todos o dados pesquisados, Francis Ricken chega à conclusão de que a Assembléia não reflete realidade da população em geral. ‘‘A população que mais necessita não é representada. Não existem parlamentares pobres ou representantes de minorias. Só a elite é que tem o capital social para conseguir se eleger’’, declara.