segunda-feira, 29 de junho de 2009

A cultura organizacional das Universidades

[Edifício, c. 1948. Thomaz Farkas.
col. Pirelli/MASP]


Publicado na seção 'Opinião' da Revista Carta na Escola de junho de 2009.

Renato Perissinotto*

"Sejam quais forem os termos da comparação, acreditamos que as universidades públicas poderiam produzir mais e com melhor qualidade se alguns de seus problemas organizacionais pudessem ser resolvidos pela comunidade acadêmica.

Certamente, a maior parte dos professores, funcionários e alunos das universidades públicas exerce adequadamente suas responsabilidades funcionais. No entanto, conversas informais com colegas de diversas instituições revelam problemas recorrentes: todos reclamam de professores que se recusam a dar aula e a assumir funções administrativas, funcionários que faltam ou trabalham bem menos do que deveriam, telefones que tocam incansavelmente sem que ninguém os atenda, funcionários que perdem processos; cidadãos que, sistematicamente, dão com a cara na porta quando precisam de um determinado serviço, dentre outros “incômodos”. Essa situação sugere a existência de uma “cultura organizacional”, caracterizada fundamentalmente por um desinteresse pelo “serviço público”, que, no dia a dia, afeta profundamente o funcionamento e o desempenho institucionais. Algumas razões, a nosso ver, ajudariam a entender melhor este fenômeno. "

*Renato Perissinotto é professor de ciência política da UFPR.

Leia o artigo na íntegra clicando aqui.

3 comentários:

Celso Roma disse...

Quem já vivenciou a "cultura organizacional" das universidades públicas também assinaria o artigo. Tenho uma dúvida. Esse fenômeno se restringe às instituições de ensino superior ou pode ser observado em outras áreas do setor público?

Renato disse...

Não saberia dizer, Celso. Provavelmente sim, pois creio que parte dessas características se reproduz no funcionalismo público como um todo.

Unknown disse...

Nenhum governo conseguiu instituir uma reforma do Estado, com o objetivo de oferecer serviços decentes aos cidadãos. Quem defende a eficiência, produtividade e racionalização dos serviços públicos ainda é taxado de neoliberal, privatista, entre outros adjetivos depreciativos. A minoria barulhenta tem acesso aos meios de comunicação e, com isso, consegue amedrontar o Congresso Nacional. Lembro bem de minha experiência numa universidade federal: sexta-feira não havia expediente; funcionário entrava e saia a hora que bem entendia, pois não batiam ponto; os alunos esperavam muito tempo por documentos como histórico escolar; as greves eram marcadas sem uma pauta definida (greve preventiva?); e assim por diante. Embora este seja um exemplo, que não pode ser generalizado, ainda assim retrata boa parte do setor público no País.