segunda-feira, 23 de março de 2009

O céu cinza do Partido Verde

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Luiz Domingos Costa

O caso parece mais episódio de novela. O vereador de Curitiba Professor Galdino (ex-PV) foi expluso do Partido Verde. A cúpula do partido alegou suspeita de caixa 2 na campanha e assédio sexual a uma funcionária do partido. O vereador disse que não fez nem um, nem outro. O partido não esperou provas, não exigiu apuração, nada. Expulsou o vereador do partido e recorreu à direção da Câmara Municipal para que o mandato fosse entregue ao suplente (Paulo Salamuni do PV).

Por trás das suspeitas escolhidas pela direção da legenda, há dois fatos importantes. Primeiro, o vereador Galdino se aproximou do prefeito Beto Richa, mostrando aquele comum ecletismo dos políticos sem laços partidárias fortes, o que irritou ao comando do PV que apóia o governador Requião. Segundo, Galdino mandou embora dois funcionários de comissão indicados pelo partido porque eles não apareciam no gabinete. O presidente estadual dos verdes, Melo Viana, achou que ele contestou uma ordem do comando do partido, que defende que burocratas partidários devem ser mantidos com dinheiro público.

É uma esquisitice sem tamanho? Não, é tudo peça de novela já conhecida. O PV é um partido pequeno com carapaça de "ideológico", defende valores abrangentes (para não dizer vagos ou cambiantes) e não tem organização interna, sem mecanismos de consulta às bases (que bases?) e por aí vai. Na verdade, o PV figura como uma grande promessa de agregar a "agenda ambientalista" para a arena eleitoral, elegendo representantes comprometidos com a mesma. Mas nunca deixou de ser promessa, provavelmente porque não tem bases internas, não tem apoio de militantes ambientalistas e não tem um projeto político organizado de fato. Se o tivesse, teria demonstrado um lento e gradual crescimento, o que não ocorreu.

Além de tudo, o caso do PV do Paraná aponta para uma questão de fundo mais importante, que diz respeito ao dilema do pertencimento dos mandatos (se pertencem aos partidos ou aos políticos eleitos). Porque neste caso o professor não migrou de partido, foi expulso. Se o professor Galdino provar sua inocência no caso de assédio e caixa 2, o partido teria realmente o direito de expulsá-lo e, principalmente, direito ao seu cargo? Aliás, o partido deve ter direito ao cargo eletivo de qualquer membro que divirja internamente de suas normas, por mais absurdas que sejam?

Um comentário:

Tamer disse...

Sabe o que eu estava apensando outro dia? Você é patrocinado com parte do meu imposto! Vou começar a ler mais esse blog, já que eu também contribuo com esse conhecimento...

Abraço =D