segunda-feira, 30 de março de 2009

Saindo de cena: parlamentares que desistem da disputa eleitoral


[Former Governor "Alfalfa Bill" Murray, a veteran of Oklahoma politics, resting up for a speech at a political rally. 1942, Alfred Eisenstaedt. Life]

Renata Florentino

Cansados ou excluídos? O texto mapeia perfis de políticos que tendem mais freqüentemente a abandonar a carreira eleitoral. A pesquisa abarca as eleições legislativas de 1990 a 2006, observando o perfil de deputados e senadores que recusaram a condição de "candidatos natos" e optaram por não disputar a reeleição e nem concorrer a cargos considerados mais altos. São incluídos na análise também os políticos os que disputaram cargos considerados de menor prestígio do que os anteriormente exercidos, de modo a evidenciar trajetórias mal-sucedidas e compará-las com os casos em que a desistência do mandato é total. Esse grupo de parlamentares constituiria, à primeira vista, a exceção da conhecida formulação de que os políticos são progressivamente ambiciosos. Em linhas gerais, observou-se que os políticos que recuam na disputa eleitoral, seja permanentemente, seja com pequenas estratégias de continuação, pertencem a grupos que 1) já esgotaram de alguma forma sua participação e influência no jogo político (exposição em escândalos, idade avançada, participação em grupos sociais em decadência) ou que 2) ainda não conseguiram penetrar no campo político com a mesma desenvoltura de seus pares (mulheres, estreantes de primeiro mandato ou suplentes e parlamentares de bancadas muito pequenas).

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Percebe-se que aqueles políticos que recuam na disputa eleitoral, seja permanentemente ou com pequenas estratégias de continuidade, pertencem a grupos ou que já esgotaram de alguma forma sua participação e influência no jogo político (por exposição em escândalos, idade avançada ou por grupo em decadência, seja um partido ou um perfil sócio-ocupacional) ou de grupos que ainda não conseguem penetrar no campo com a mesma desenvoltura de seus pares (mulheres, estreantes de primeiro mandato-suplentes e parlamentares de bancadas muito pequenas).

Se políticos envolvidos em escândalos tendem mais freqüentemente a desistir de disputar um novo mandato, muitos comentadores políticos podem respirar aliviados, com a sensação de missão cumprida. Se mulheres desistem mais freqüentemente, por não conseguirem se adaptar e se inserir no campo político, vários ativistas da área de gênero precisam tomar um pouco mais de fôlego e recomeçar sua jornada de trabalhos sociais, pois significa que ainda há muito a ser feito. Se políticos que iniciaram sua carreira na Arena da ditadura militar já não possuem o poder de antigamente e se sentem marginalizados nas atuais esferas de poder, desistindo de se candidatar, os historiadores podem se animar em testemunhar passos importantes na consolidação da democracia no país. Se os empresários estão desistindo de se candidatar, mas continuam em cena como os principais financiadores das campanhas políticas, é necessário não só estudar mais o fenômeno, mas se preocupar em transformar as regras do jogo eleitoral no país. Enfim, o presente trabalho só faz sentido se considerado juntamente com outras questões de nosso tempo, não sendo uma questão acadêmica.

FLORENTINO, Renata. Saindo de cena: parlamentares que desistem da disputa eleitoral (1990-2006). Rev. Sociol. Polit., Curitiba, v. 16, n. 30, jun. 2008.

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