Bloco no poder na última eleição presidencial brasileira
[Business men sitting around a table, test tasting coffee. Santos, 1939. John Phillips]
O Grupo de Análise de Conjuntura existe desde 2006. Uma das primeiras atividades do grupo foi a realização de um simpósio de análise da conjuntura pós-eleições daquele ano. O texto preparado pelo professor Sérgio Soares Braga para a ocasião é um modelo bastante acabado de uma análise de conjuntura ampla e desmistificadora, tendo em vista os 4 anos do primeiro governo Lula e as perspectivas seguintes. Sua validade do ponto de vista metodológico faz com que mereça ser lido ao lado do texto do professor Sebastião Velasco e Cruz, pois consiste num esforço para diferenciar a análise de conjuntura da mera crônica jornalística dos fatos políticos do dia-a-dia. Os textos convergem no "espírito", embora Braga efetivamente ponha em prática o modelo que propõe ao analisar o governo Lula e as eleições de 2006 no Brasil, lançando pistas para o desenrolar dos momentos seguintes. Por isso, ambos estão disponíveis no menu à direita.
Alternativas políticas e configuração do bloco no poder na última conjuntura eleitoral brasileira. O que fazer?
Conferência de encerramento do primeiro simpósio de análise de conjuntura do GAC da UFPR.
Sérgio Soares Braga
" [...] Gostaríamos de sublinhar inicialmente a importância de esforços de reflexão dessa natureza para a profissionalização (sem aspas) do cientista político, que lhes possibilite uma intervenção mais qualificada e, eventualmente, prescritiva no debate público, de natureza análoga a que fazem as já mencionadas disciplinas co-irmãs dos demais ramos das ciências sociais, cujos profissionais são razoavelmente treinados na feitura de análise de conjunturas, elaboração de cenários e recomendações prescritivas para os diversos atores sociais participantes do chamado processo de “escolha pública [...]
[...] Como já observamos, o governo Lula não é um governo “neoliberal associado” como os governos FHC, mas a expressão de um fenômeno político-ideológico mais profundo, que atinge a esquerda em âmbito internacional, que é a existência de uma orgânica corrente social-liberal (BRESSER PEREIRA, 2005), que adere aos valores do “livre mercado” com mais intensidade, e recua na ambição de suas políticas distributivas pela via do intervencionismo estatal centralizado. Uma das características dessa corrente reside na maior ênfase na "estabilidade” do desenvolvimento econômico capitalista (com respeito aos “contratos”, especialmente os firmados por governos anteriores com o sistema financeiro) e na implementação de políticas “compensatórias” para segmentos “excluídos”, embora longe de instaurar um Welfare State. De resto, a natureza das políticas sociais do governo Lula explica em parte a desilusão causada por seu governo em correntes partidárias (especialmente vinculadas ao chamado “socialismo cristão” e ao funcionalismo público) que alimentavam a expectativa de que ele fosse instaurar um modelo radicalmente social-democrata (menos ajuste fiscal e mais gasto público para assegurar direitos sociais para setores da classe média e classe operária organizada), ou mesmo alguma variante do neodesenvolvimentismo nacionalista, como ocorre em algumas esferas subnacionais de governo, como é o caso de Roberto Requião no estado do Paraná. [...]"
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