segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

USP 75 anos


A Universidade de São Paulo completa 75 anos. Boa oportunidade para para pensar sobre a universidade no Brasil no momento em que a "menina dos olhos" das universidades brasileiras completa aniversário. Responsável por 25% da produção científica nacional e uma das maiores da América Latina, a USP tem grandes e inequívocas vantagens em relação às tantas demais instituições universitárias do país, a começar pelo orçamento de 3 bilhões anuais. Mas os méritos são evidentes, basta uma rápida busca por recentes balanços sobre a Universidade: aumento do número de matrículas, crescimento do volume de artigos de relevância científica (comprovados por indicadores internacionais), aumento do número de professores, entre outros.

Nem tudo são flores, entretanto. Sobretudo no que diz respeito aos projetos futuros, a USP enfrenta turbulências sobre objetivos e rumos, tudo conectado com as dúvidas e hesitações presentes a todas as universidades públicas do país. Falar que o desenvolvimento científico é condição para avanço econômico e competitividade internacional é jargão. O debate - aberto pelos jornais impressos - deve seguir pelas divergências políticas presentes tanto dentro do campo acadêmico como no meio político profissional: financiamento, autonomia e prioridades estratégicas. Nesse sentido, é claro a divergência entre dois projetos. O primeiro, que advoga a cobrança de mensalidades, a captação de recursos junto à iniciativa privada e doações, colado no modelo norte-americano, com maiores rendimentos científicos e menores pretensões de massificar a educação e a formação de mão-de-obra qualificada. E outro, mais confuso e menos elaborado, defende a importância social da universidade em formar trabalhadores qualificados, aumentar o acesso ao ensino superior aos estratos sociais mais baixos e manter a responsabilidade orçamentária do Estado. Estes seriam os modelos "puros" das duas posições, já que tanto na imprensa como dentro das universidades, há matizes aqui e ali, misturando certos aspectos de uma e de outra.

Esse assunto interessa à universidade brasileira, já que dele depende também outras modificações urgentes, como a legislação orçamentária excessivamente restritiva, a burocratização interna dos procedimentos acadêmicos, a desigualdade regional ente as instituições e assim por diante.

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