segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Fechem Wall Street e mandem os especuladores criar gado

A economia brasileira ficou 30 anos estagnada. Desde o milagre econômico comemos o pão que o diabo amassou em termos de matéria econômica, e, por extensão, social. O milagre dos militares se tornou um calvário, com duas moratórias da dívida externa nos anos 80. Os sonhos da redemocratização vieram acompanhados da dura realidade cotidiana da hiperinflação, que causou uma hecatombe distributiva. As esperanças depositadas no sociólogo FHC, democrata moderno que no governo Itamar acabou com o pesadelo inflacionário, se dissiparam com a explosão da dívida externa e o aumento criminoso da taxa de juros e da carga tributária. Em suma, uma geração inteira de brasileiros foi privada da bonança social que só uma economia em crescimento pode gerar. Em 2007 e 2008 parecíamos iniciar um novo ciclo de desenvolvimento, que, conjugado com uma democracia estável, faria o Brasil viver uma combinação que há 50 anos não experimentava, desde os anos JK (os governos Quadros e Goulart não foram nenhum pouco estáveis). Digo isso porque o IBGE anunciou uma expansão 6,3% do PIB nos últimos 12 meses, é a maior desde 1996, quando o instituto começou a fazer a pesquisa em período trimestral (o aumento em relação ao terceiro trimestre do ano passado foi de 6,8%). Os números são excelentes, mas tudo indica que não continuarão no ano que vem. Fechem Wall Street, e mandem os especuladores criar gado no Texas, pois assim contribuirão mais para a economia.

3 comentários:

Lucas Massimo disse...

Caro Ziegmann, um adendo.

Creio importante ter claro que o modelo social liberal que suporta os recordes de popularidade lulista nao alterou o fundamento do modo neoliberal de desenvolvimento capitalista: o bolsa familia é um contraponto de tipo filantropico (ou seja, contingente) à um modelo de desenvolvimento que, por ora, nao parece, por exemplo, ter pulverizado polos de inovaçao tecnologica. Enfim, esse é so um indicio, mas ha outros, basta uma olhadela no modelo sul-coreano para ver que a bonaça lulista nao é tao sustentavel quanto a ideologia oficial faz crer.

Essa postura mais "desconfiada" nao pode, entretanto, obscurer que o exagero na ortodoxia fiscal parece ter colaborado com as condiçoes de defesa da ECO brasileira num momento de crise profunda do modelo neoliberal na sua terra natal.

Abs
LM

Anônimo disse...

E em pensar que a populariade do Sapo Barbudo é de 80%... É preciso que se eleja uma nacionalista, para que haja o resgate do desenvolvimento. No atual quadro político, não há ninguém com esse perfil. Um abraço.

http://so-pensando.blogspot.com

André Ziegmann disse...

Meu Caro Lucas,

Primeiro um abraço!
O primeiro governo foi de superação da falência do país (alta dívida externa, taxas de juros mais altas que as de hoje, inflação
a 20% e dolár a 4 reais). O segundo governo está mudando progressivamente mas possui esquizofrenias, como a manutenção de altas índices de superávit e as taxas juros estagnados. Contudo o PAC, a desoneração de setores que geram muito emprego, como a construção civil, uma política industrial mais agressiva e principalmente as políticas de inclusão social além do bolsa família, como o PROUNI e as cotas (que aumentaram agora) mostram o início de uma mudança no padrão de desenvolvimento (por isso temos salientado que a continudade do PT é essencial). Agora Lucas, serei sincero, não concordo com o modelo neo-liberal, prefiro o desenvolvimentismo, com mais participação do Estado, contudo, esse modelo esquizofrênico do governo, estava diminuindo significativamente a barbárie em que vive boa parte da população brasileira e, a manutenção desses ganhos, estão à frente de minhas preocupações acadêmicas e de minhas impaciências ideológicas (pois acredito firmemente que progressivamente, desde que haja continuidade, o modelo de desenvolvimento mudará).