segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Gastos com imprensa dos governos do Paraná

Emerson Urizzi Cervi*

Está é uma compilação de informações sobre gastos com imprensa pelo governo do Paraná nos oito anos de governo Lerner e quatro primeiros de Requião, disponíveis na página do governo do estado aqui.

GASTOS COM JORNAIS DIÁRIOS

GASTOS COM TVs



GASTOS COM REVISTAS


GASTOS COM RÁDIOS


GASTOS COM COMUNICADORES


TOTAL GERAL

(inclui outdoors, fornecedores, produtoras e gráficas)


Algumas observações:

a) primeiro, é preciso considerar que as informações foram organizadas pelo atual governo do Paraná, que é ator interessado.

b) segundo, não há informações sobre gastos nos últimos dois anos de governo Requião porque, segundo o próprio, nesse período não foi investido um tostão em mídia (?).

c) Pelas informações, percebe-se uma redução significativa nos gastos do governo com imprensa, no entanto, ela não foi acompanhada de dois efeitos esperados caso as hipóteses do "poder da mídia sobre o público", e da "dependência financeira da mídia em relação ao Estado", fossem fortes. São elas:

1 - se a mídia é um ator interessado e tem poder de organização/direção do debate público, então, após seis anos de campanha contra o atual governo, este deveria estar com índices negativos de aprovação pública. Isso não é verdade. Se por um lado caiu a aprovação do governo Requião nos últimos dois anos, ele continua positivo, e - mais importante - em melhores condições que a primeira metade do segundo governo Lerner - com gastos superiores em mídia - confira abaixo os dados sobre aprovação dos governadores.

2 - se a mídia depende tanto das verbas públicas para se sustentar, então porque nos últimos seis anos não vimos uma verdadeira crise/falência múltipla dos órgãos (desculpe, não resisti ao trocadilho) de imprensa? Minha resposta provisória/incompleta/precária a essas questões é que os meios de comunicação não têm o poder de mobilização social que autoproclamam ter. A disputa de visibilidade na mídia por parte das elites políticas tem relação mais direta com o "ego" do governante do que com debate público propriamente dito. Além disso, os dados permitem especular que os recursos públicos destinados à mídia não necessariamente chegam ao financiamento das atividades de imprensa. É muito provável que eles "fiquem" pelo meio do caminho, pois a produção informativa dos meios de comunicação paranaenses continua existindo, como antes, a despeito do volume de recursos destinado ao setor. Creio na existência de muitos "atravessadores" aqui, também.

Por fim, apenas como nota de roda-pé. O que impressiona ao acompanhar a apresentação dos dados pelo governador Requião, como prova de uma mudança radical de postura de governo, é ver ao lado do atual governador o ex-secretário de comunicação do governo Lerner, deputado Rafael Greca. Ou seja: "muda, pero no mucho".





Avaliação dos governadores:

Percentagem de "Ótimo e Bom" - avaliação positiva

Lerner

Datafolha jun - 1999 - 52%

Datafolha dez - 2002 - 28%

Requião

Datafolha - dez - 2002 (expectativa antes da posse) - 75%

Datafolha - dez - 2003 (primeiro ano de governo) - 59%

Vox Populi - jun - 2008 - 52%

Requião tem caído ao longo do mandato, porém, ainda bastante acima do final do governo Lerner - embora seja necessário considerar que faltam dois anos de mandato para Requião. Só em 2010 poderemos comparar de fato com a avaliação de Lerner em dezembro de 2002.



Emerson Urizzi Cervi é professor do Departamento de Comunicação da UEPG e do Departamento de Ciências Sociais da UFPR.


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