sábado, 12 de abril de 2008

A China e a Democracia

A ascensão da China nas últimas décadas, em especial os primeiros anos desse século, foi simplesmente espetacular. Hoje o gigante asiático se insere no mundo como superpotência, e a previsões dão conta que, se ela não ocupar o lugar dos EUA, pode transformar-se num pólo de poder internacional que terá amplas condições de rivalizar com os americanos. Mas o país tem uma problema que, uma hora ou outra, terá que enfrentar; e as conseqüências para o seu desenvolvimento dependerão dos rumos que a nação tomar. Não estou falando do Tibete, mas sim da democracia.

A nova superpotência não possui nenhum tipo de liberdade política e civil. Apenas nas ZEE’s, zonas econômicas especiais, existe a livre iniciativa de mercado, dimensão secundária e controversa do processo de conquista de cidadania. O regime chinês sufoca os cidadãos, pois aqueles que ousam fazer alguma crítica ao PCCh são implacavelmente perseguidos e geralmente presos. Os chineses já estão percebendo que o acesso aos bens de consumo é muito limitado diante da possibilidade de refletir, escrever, debater, protestar e votar livremente. Ter celular, DVD e carro é bom, mas ter que pensar antes de desferir uma crítica ao governo e se sentir policiado em suas atitudes são coisas terríveis.

A imagem que o grande país queria demonstrar com as olimpíadas vai desaparecendo. A repressão ao povo tibetano, à transformação dos cidadãos em escravos, de um consórcio formado por estado e empresas privadas - já que por lá não existe qualquer proteção legal ao trabalhador - e o completo desrespeito as liberdades individuais e ao meio-ambiente, vão destruindo aquela imagem de nação moderna e cheia de oportunidades (não que elas não existam, mas sob que condições?) que se constituía no imaginário internacional. Talvez as olimpíadas mostrem definitivamente o que a China é: um regime onde o único partido legal tolheu todos os direitos de seus cidadãos e o desenvolvimento está acima de tudo (para o espaço com legislação trabalhista e com proteção ambiental). Tudo isso para a beneficio e manutenção do poder, no sentido mais maquiavélico do termo, do velho PCCh.

Uma frase de Maquiavel parece resumir a atual conjuntura China: “...a guerra não poder ser evitada, mas adiada, muitas vezes em prejuízo próprio...”. A guerra na questão chinesa é pela democracia e como qualquer ditadura tende a se tornar insuportável, os cidadãos, especialmente os do Tibete, parecem estar se apercebendo de tal inevitabilidade. Espero que os chineses possam se deleitar com tudo aquilo que, com muito sacrifício, foi construído em países como Brasil e Índia (sinceramente sou mais esses dois para o século XXI).

Votar é bom, por mais diminuto que possa parecer o voto de uma pessoa.

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