quarta-feira, 26 de março de 2008

PSDB e DEM na eleição paulistana: uma batalha de facções

PSDB e DEM estão em disputa em São Paulo. Querem candidatos próprios, mas têm em sua história a marca de uma parceria (eleitoral, administrativa e ideológica) indelével. Isto é válido para o plano federal e, de forma mais acentuada, em São Paulo.

No plano federal, quando cada um saiu com candidatos próprios (Serra e Roseana Sarney, em 2002), contribuíram para o naufrágio mútuo. A história pode se repetir em São Paulo, em 2008.

Hoje, há um vídeo e uma matéria no UOL notícias em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acena para um contexto de rompimento da aliança eleitoral PSDB-DEM em São Paulo:


"O ex-presidente confirmou a versão dada pelo presidente do PSDB, Sérgio Guerra, de que os tucanos terão candidatura própria para a Prefeitura de São Paulo, encerrando assim a aliança com o DEM, partido do atual prefeito Gilberto Kassab. O candidato do PSDB deve ser mesmo o ex-governador Geraldo Alckmin, segundo ele."

E ainda,


"Para FHC, apesar da divisão no PSDB paulistano, o partido apoiará integralmente o candidato escolhido."


Será?...


José Serra apóia a candidatura Kassab, manifesta seus ressentimentos com a rasteira de Alckimin em 2006 e vê que o seu domínio no estado poderá ficar prejudicado, o que levaria ao enfraquecimento de seu nome para a presidência perante Aécio Neves em 2010.

Tal conjuntura é conhecida, já se desenrola desde o ano passado. O que interfere de maneira mais crítica na campanha e no resultado das eleições é se, de fato, o PSDB paulistano irá mergulhar unido na campanha Alckmin. Só FHC tem tanta certeza disso:

O tucano Antônio Carlos Malufe - o "Malufinho" - cujo currículo de serviços prestados à aliança PSDB-DEM é extenso (incluí secretaria particular de Mário Covas, secretaria da administração Alckmin e secretaria da administração Kassab), afirmou que seu voto é de Kassab. Em entrevista à Folha de São Paulo (para assinantes), afirmou que a candidatura Alckmin é um equívoco. Se o caso de “Malufinho” for a regra entre o alto e médio escalões do tucanato na prefeitura, Alckmin vai à batalha sem quase ninguém: sem o governo federal, sem o governo do estado e sem a prefeitura.

Alckmin tenta reverter este quadro, pegando no braço de quem pode para angariar apoio dentro do partido ao seu nome:

Na foto, Alckmin segura no braço de "Malufinho"...

2 comentários:

André Ziegmann disse...

O PSDB sempre quiz resolver as coisas através das cúpulas. Os ditos cardeais reunem-se e batem o martelo sobre as candidaturas. O argumento sempre foi a intenção de não deixar transparecer cisões internas no partido. Como se vê essa estratégia não funciona mais. Não passa pela cabeça dessa gente consultar a base uma vez sequer, já que as cisões do partido são tão visíveis. Geralmente usa-se a democracia para regular confitos. Os mais de 1,1 milhão filiados do partido (segundo o TSE), esperam sua chance, até porque a voz do povo é a voz de Deus. Os cardeais deveriam saber disso.

Bruno Bolognesi disse...

André, eles parecem saber. Cf. a "entrevista" dele num post que mandei aqui no blog. O problema é que eles usam somente nos momentos estratégicamente escolhidos. O cálculo é para somente arregimentar o poder dos cardeais, penso eu.