segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Fidel, abertura ou conservadorismo?

A existência e a permanência de uma minoria que controla o processo decisório nas sociedades é dada historicamente, a esta minoria chamamos elite. Fidel é o extremo desta constatação.

"Como acontece em uma sociedade secreta, raramente os que estão de cima revelam o que se passa no interior de seus mundos", diria a cientista política Suzanne Keller. No caso de Cuba é ainda mais difícil prever o que está por vir. Mesmo com a confirmação de Raúl Castro como presidente da ilha, não sabemos, e acredito que ninguém saiba ao certo, o que irá acontecer nos próximos anos da história cubana.

Do mesmo modo, não creio que de uma monocracia iremos desembocar num regime aberto e democrático na falência de um líder ou no raiar de um dia. Ao que nos mostra a história, a democracia é muito mais lenta para instaurar-se do que a revolução socialista. Talvez isso suceda devido tom conciliatório que a democracia sugere. Diferente do que os príncipais líderes da esquerda mundial fizeram.

Acredito que a única previsão mais ou menos sensata seja justamente o tom conciliatório. Seja baseado num cálculo racional das elites cubanas ou devido a uma "pressão" mundial pela coexistência democrática, parece que a única previsão possível é que Cuba deixará de ocupar o cenário de oposição ferrenha ao liberalismo econômico em direção ao espectro mais dialógico com diferentes nações.

A ressalva que faço aqui é que um regime fechado (de todos os modos) como foi e é o regime Cubano, um indivíduo que concentrou o poder por 49 anos, um país com inúmeras qualidades e defeitos, uma sociedade pouco conhecida, uma população estranha aos holofotes, o baixo desenvolvimento industrial, aspectos culturais diversos e etc. e etc.

Todas essas variáveis colocam a existência de uma democracia consolidade em Cuba uma imensa incógnita. A quantidade de variáveis que podemos mobilizar para classificar como democracia ou não: o sistema de governo, o sistema político, a cultura política, o sistema partidário, a economia (se engana quem pensa que a democracia exige o capitalismo), a infraestrutura, as elites, etc. Não é possível prever o que irá acontecer.

Certeza temos uma: pequenos grupos concentram o poder, pode quem manda, tem juízo quem obedece. Bem vindo á democracia.

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