[Opinião] Cansou do quê?
Lucas Castro*
Entretanto, como sempre quando em terras tupiniquins, algo não está certo. Esse movimento iniciou-se com o deflagramento da crise aérea, notadamente, com o acidente da TAM (17/07/07). Inflamados pela mídia, inconformados com os problemas que já assolam a nação, os estratos médio e alto da sociedade brasileira “politizada” e “pensante”, entenda-se com isso, a camada média/alta de São Paulo, parte para o ataque. A partir daí, confunde-se corrupção, reforma política, falta de estrutura nos transportes rodoviários e aéreos, falta de investimentos em portos, super-simples, taxa de câmbio, variáveis macro-econômicas, juros, política monetária chegando até ao Itamaraty. Preocupações saudáveis e normais, claro. Mas não chegam a ser a preocupação e a bandeira da maioria de nossa população e nem podem ser defendidas como tais.
Em 2005, de acordo com o IBGE, 78,5% das pessoas ocupadas de 10 ou mais anos ganhava até 5 salários mínimos. Em 1999, a taxa de analfabetismo rondava a casa de 14% e apenas 52,8% dos domicilios tinham esgoto e fossa séptica (IBGE). Na minha reles opinião, não acho que esse estrato da população brasileira (não seria a maioria?) esteja interessado em como anda a aviação civil ou mesmo questões grandiosas da nação brasileira, como democracia direta, voto em lista fechada e taxa de câmbio. Antes, precisam pensar em questões mais básicas e de menor alcance, como por exemplo, sobreviver hoje à fome, violência, preconceito, percalços da vida ainda não ultrapassados por grande parte da população.
Em verdade, a questão é identificar quais problemas estruturais são mais sérios e prementes para o país: fome, miséria, educação e violência ou aviação civil, infra-estrutura viária e portuária. Quem deve vir antes, o ovo ou a galinha?
3 comentários:
Ao meu ver, são duas questões distintas: a agenda do governo (quais prioridades políticas), e alguma seriedade e competência administrativa. Se o governo Lula (motivo da manifestação da classe média paulistana), tem demonstrado clareza e algum sucesso (eleitoral) na agenda política, tem demonstrado ridícula capacidade de processar os problemas administrativos de um país como o Brasil. Além disto, se a palavra de ordem é justiça social, ela não vem apenas com políticas distributivas; requer sim um mínimo de cuidado com a infra-estrutura e com o "desenvolvimento" econômico. E para isto seria o PAC, que parece ser somente mais uma sigla.
Com certeza.
Contudo, chamar de interesses ou direitos do povo brasileiro o clamor por melhora na infra-estrutura é fácil quando não se conhece a realidade dos excluídos.
Lucas se você lembrar da campanha do ano passado, havia um candidato que defendia as urgências do povo e outro que defendia as urgências do crescimento, do investimento e etc. O probela é que essas coisas não se excluem, mas sim se completam, creio que devem fazer parte de um mesmo programa para colocar o Brasil nos eixos. O problema que isso é feito pelos extratos médios e altos há uns 500 anos e colocar a falência da infra estrutura como o maior problema nacional (pois enquanto isso, pessoas morrem por falta de atendimento em hospitais, temos regiões com índices de violência iguais aos da faixa de gaza e etc)é insistir no erro que jogou dezenas de milhões de pessoas exclusão e na miséria.
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