quinta-feira, 2 de agosto de 2007

[Opinião] Lei Rouanet - PIADA PRONTA

Bruno Bolognesi*
Lendo o último artigo publicado pelo colega Lucas Castro e o comentário postado pelo também colega Luiz Domingos Costa, me ficou na mente a questão das prioridades e políticas adotadas no Brasil.
Por um lado concordo que as questões administrativas não podem ser deixadas de lado pelo governo, são necessárias para dar vida ao organismo estatal e fazer as engrenagens do país andarem (mesmo com as constantes "engraxadas", parece que elas não andam). Lembrando Maquiavel, a ética política é sui generis. A administração não fica descolada das questões políticas, como seria o desejo de todos nós, imagino.
Neste ensejo lembro sempre da Lei Rouanet que tornou-se para mim a motriz da confusão entre prioridades e política. Me vejo confuso quando um filme brasileiro é financiado pelo governo federal e empresas estatais e ainda tenho que pagar R$ 20,00 para assistí-lo. Fico também confuso quando cantores pouco conhecidos ganham verbas na casa das centenas de milhares de reais com a justificativa de que parte dos CDs/DVDs serão distribuídos gratuitamente. Lembrando que estes CDs/DVDs são produzidos por grandes nomes do mercado fonográfico como BMG, Sony, etc.
OU SEJA, estamos diante de uma questão de prioridades. Acho muito bom que a cultura seja constantemente alimentada no Brasil, que novos artistas surjam e se criem oportunidades e empregos. Mas me parece que um país com cerca de 50 milhões de miseráveis (pesquisa FGV/SP) precisa menos de teatro do que comida.
OK. O governo deve administrar suas questões de forma balanceada, inclusive a projeto de lei da bancada evangélica carioca para a inclusão de templos religiosos como entidades a serem contempladas pela Lei Rouanet.
*Bruno Bolognesi é mestrando em Sociologia Política pela UFPR e pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira da mesma instituição.

3 comentários:

Anônimo disse...

[i] Panis et Circenses... [/i]

Bruno... Pensando a questão das prioridades... Prioridade é manter-se dentro do aparelho... No comando...
Pois bem: o que dá mais voto? Seriam programas voltados ao auxílio dos menos favorecidos socialmente ou obras que favoreçam aos grupos mais abastados? Pavimentação e saneamento em comunidades carentes que sofrem com o esgoto transbordando nas suas casas quando chove, ou templos religiosos em que milhares de fiéis encontram abrigo?
É só pensar que fome as pessoas sentem todos os dias... o que requer políticas muito mais custosas e com um baixo retorno financeiro para os senhores governantes...

Bruno Bolognesi disse...

A luta política está deslocada de sua base social. Vide marxistas. Abçs Angel.

André Ziegmann disse...

Pripridades é exatamente isso! Não vejo nehuma força política, a não ser lideranças, com projetos de país. Em alguns países, que já foram tão ou mais pobre que o nosso, forças políticas antagônicas deram as mãos em projetos comuns e de longo prazo e transforam sua histórias (vide Espanha). A melhor maneira de dar cultura ao povo (entenda-se ao povo) é revolucionar a educação, essa sim uma prioridade, uma urgência.