domingo, 11 de janeiro de 2009

técnica e política no Brasil

Governor Adhemar Barros and his family sharing a laugh. Foto: Dmitri Kessel, 1947. Life.


O Estado Novo em geral é associado a duas imagens: uma ditadura; um regime "técnico" (i.e., onde a técnica de governo deveria superar a politicagem dos profissionais do ofício).

Só que “competência” conta, nesse sistema político, muito menos que representatividade, junto às forças estaduais, e fidelidade política ao próprio presidente da República, o "chefe" da Nação.

Aureliano Leite refere a impressão de Getúlio Vargas sobre seu Interventor em São Paulo a partir de 1941.

Segundo o escritor, o ditador chamava Fernando Costa de “locomotiva de manobras”, já que ele se limitava a “fazer movimentos, barulho, fumaça, sem apreciáveis resultados.
(Cf. Aureliano Leite, Páginas de uma longa vida. São Paulo: Martins, 1966, p. 305, n. 13).

Ademar de Barros era outro caso onde a confiança na lealdade num ambiente de incerteza política pode superar qualquer deficiência. Na entrada de 26 de dezembro de 1938 Getúlio Vargas anota o seguinte:

"[Ademar] me fez a revelação senscional de seu comparecimento secreto a sessões epíritas, onde os seus amigos e guias, já falecidos, a ele se manifestavam, através de uma médium, para informá-lo e previni-lo de certas ocorrências [...]. Fiquei surpreso pela credulidade dele, mostrando-me pedras que recebera dos mensageiros do espaço --- pequenas pedras preciosas que ele afirmava terem se formado no espaço!".
(Getúlio Vargas: diário. São Paulo: Siciliano; Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1995, vol. II, p. 185).

Sem comentários. O ponto de exclamação de Vargas já vale por isso.

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