Ensinamentos de 2008
André Ziegmann
1º) Os mercados não se auto regulam. Não devemos, contudo, satanizar os arautos do livre mercado, nem seu principal ideólogo, Milton Friedman. Pois seria o mesmo oportunismo daqueles que execraram todas as esquerdas, Marx e Keynes e qualquer tipo de regulação ou intervenção estatal. Mas a hora é de por neoliberalismo na geladeira.
2º) Presidente popular não transfere voto para candidato a prefeito. Ficou provado, o eleitor segue a dinâmica eleitoral. Convidado a discutir os problemas do município, o eleitor tendeu a reconduzir prefeitos bem avaliados ou a eleger candidatos à sucessão de gestores bem vistos pela população.
3º) Mas se o eleitor vota em governantes bem avaliados ou candidatos de governantes bem avaliados, o que fará quando tiver de debater o atual governo federal, dono de grande aprovação e com gordura de sobra para queimar diante da crise. Isso passou despercebido, deliberadamente ou não, pela grande imprensa nacional.
4º) O desempenho de Aécio não é ruim! Segundo a corretíssima avaliação do deputado Rodrigo de Castro, PSDB-MG, os principais concorrentes, Serra, Ciro e Heloísa Helena, já participaram de campanhas nacionais, levando seus nomes à grande exposição em todo território brasileiro. Dilma é ligada ao presidente Lula, e sua exposição, por razões de ofício, é em escala federal. Aécio tem bom desempenho, sem ter tido nenhuma das oportunidades citadas acima.
5º) Quarenta anos depois do AI-5, completamos duas décadas de regime constitucional democrático ininterrupto. Recorde em nossa autoritária história. De sobra, 2008 foi o ano em que se consolidaram as chances de termos a primeira mulher eleita para a presidência da República. Mulher que foi, nos seus próprios dizeres, barbaramente torturada, graças à anomalia constitucional imposta pelo AI-5. As coisas mudam.
6º) O PSDB precisa rever algumas de suas idéias. O neoliberalismo, defendido e praticado em todos os seus governos, está em crise, e não parece ser a melhor resposta para os nossos desafios de desenvolvimento. Entretanto, ao escutar algumas declarações de líderes tucanos, defendendo corte de gastos em meio a óbvia necessidade de aumentar os investimentos públicos, parece pouco provável uma reforma nas idéias do partido.
7º) Fiquei muito feliz com Obama. Pela mudança, pela luta dos negros, enfim, pelo simbolismo de sua vitória. Mas, o mais importante não é como você entra, mas sim como você sai de um governo.
Um comentário:
Perante a queda de receita previsível, se não cortar gastos faz o que? Torra o superávit?
Quem sabe não é uma boa hora de discutir a qualidade desses gastos? Ou o problema é gastar, simplesmente gastar?
É essa a solução?
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