Republicanos e Democratas: o liberalismo prossegue.
As postagens aqui neste blog sobre as eleições americanas foram um pequeno avanço no que o jornalismo brasileiro fez. O colega Luiz Domingos lembrou bem nosso querido apresentador do Jornal da Globo, que, de fato, cumpriu o papel de sala de visita de Roberto Marinho, quando o assunto é política.
Todos os jornais, revistas, noticiários e pseudo-intelectuais vangloriaram Obama. Seja por ser negro, seja por ter origem muçulmana (apesar de o próprio não o ser) ou seja pelo Yes We Can!, o mundo deu apoio ao democrata estadunidense. João Quartim lembrou bem que a coisa não é bem assim. Outrossim, não temos tantos motivos quanto pensamos para comemorar. Desde o embargo ao etanol brasileiro até a página da história virada com a eleição de um negro para a Casa Branca, parece que os brasileiros de todas as classes esquecem a essência da política.
Não vou ficar digredindo sobre a cena política, mas basta saber dois pontos para que repensemos a eleição de Obama como a salvação do mundo.
O primeiro refere-se exatamente à percepção que se criou sobre um negro na presidência norte-americana. Por mais que Obama seja negro e se orgulhe disso, ele estudou ciência política na Universidade de Columbia e depois graduou-se em direito na Universidade de Harvard. Além disso foi o primeiro presidente negro da Harvard Law Review . Ou seja, mesmo atuando nos movimentos civis na década de 90, Obama não teve assim uma vida muito precária. Ele faz parte de uma nova classe média americana, com pais altamente intelectualizados (mãe doutora em antropologia e pai economista) e frenquentador das melhores universidades do mundo, o que denota uma diferença grande entre o cidadão médio americano e Barack Obama.
O segundo ponto é o discurso sustentado por toda a campanha democrata. Change, we can belive e Yes We Can!, marcam um acento liberal, focado no self-made-man. O liberalismo americano tem tomado conta da ideologia globalizada faz tempo, mas a caracterização do homem que vence na vida por conta de um sonho, com certeza não se aplica a mais da metade do planeta. Para isso não precisamos ir muito longe, basta pensar no continente africano como um todo. Não é a falta de vontade ou a malemolência individual, os problemas são estruturais. E parece que, nesse ponto, democratas e republicanos não diferem tanto assim. O mais realista coloca os dois partidos como apaixonados pelos EUA e não tão afáveis assim com o resto do mundo - apesar das diferenças políticas entre os dois.
Update:
Secretário de Defesa de Bush deve continuar no cargo
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u465118.shtml
Todos os jornais, revistas, noticiários e pseudo-intelectuais vangloriaram Obama. Seja por ser negro, seja por ter origem muçulmana (apesar de o próprio não o ser) ou seja pelo Yes We Can!, o mundo deu apoio ao democrata estadunidense. João Quartim lembrou bem que a coisa não é bem assim. Outrossim, não temos tantos motivos quanto pensamos para comemorar. Desde o embargo ao etanol brasileiro até a página da história virada com a eleição de um negro para a Casa Branca, parece que os brasileiros de todas as classes esquecem a essência da política.
Não vou ficar digredindo sobre a cena política, mas basta saber dois pontos para que repensemos a eleição de Obama como a salvação do mundo.
O primeiro refere-se exatamente à percepção que se criou sobre um negro na presidência norte-americana. Por mais que Obama seja negro e se orgulhe disso, ele estudou ciência política na Universidade de Columbia e depois graduou-se em direito na Universidade de Harvard. Além disso foi o primeiro presidente negro da Harvard Law Review . Ou seja, mesmo atuando nos movimentos civis na década de 90, Obama não teve assim uma vida muito precária. Ele faz parte de uma nova classe média americana, com pais altamente intelectualizados (mãe doutora em antropologia e pai economista) e frenquentador das melhores universidades do mundo, o que denota uma diferença grande entre o cidadão médio americano e Barack Obama.
O segundo ponto é o discurso sustentado por toda a campanha democrata. Change, we can belive e Yes We Can!, marcam um acento liberal, focado no self-made-man. O liberalismo americano tem tomado conta da ideologia globalizada faz tempo, mas a caracterização do homem que vence na vida por conta de um sonho, com certeza não se aplica a mais da metade do planeta. Para isso não precisamos ir muito longe, basta pensar no continente africano como um todo. Não é a falta de vontade ou a malemolência individual, os problemas são estruturais. E parece que, nesse ponto, democratas e republicanos não diferem tanto assim. O mais realista coloca os dois partidos como apaixonados pelos EUA e não tão afáveis assim com o resto do mundo - apesar das diferenças políticas entre os dois.
Update:
2 comentários:
Cada vez mais me convenço de que, tal como fez o colega Bolognesi, manter um pé atrás é sempre mais prudente. Porém, se, por um lado, é evidente que é no mínimo um exagero considerar a eleição de Obama como a salvação do mundo. Por outro, o simples fato de ter sido possível a um homem negro chegar a presidência de um país que, como sabemos, tem um dos mais virulentos racismos, parece ser um motivo para se comemorar. Independente de, como bem ressaltou o colega, por sua inserção social, Obama ser alguém socialmente distante da maioria dos demais negros americanos, ele se elege presidente de um país em que basta se ter "uma gota de sangue negro" para ser considerado inferior.
Jeferson, acho que você tem toda razão. O simbolismo presente em Obama (assim como foi com Lula) é muito importante e não deve ser desconsiderado.
Abraço,
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