segunda-feira, 1 de setembro de 2008

As reencarnações de Vargas

Getúlio Vargas matou-se em 24 de agosto de 1954. Sei que já passou mais de uma semana dos 54 anos da morte do caudilho, mas vale a lembrança. A sua morte já recebeu várias versões. Uns dizem que não foi suicídio, que ele foi morto, outros argumentam que ele matou-se para evitar um golpe militar. Versões de fato, não faltam. Também não faltam razões para compreendermos porque Getúlio Vagas é o maior nome de nossa história. A revolução de 30, liderada por ele, talvez tenha sido o momento mais importante do século XX para os brasileiros. O processo de centralização resultante da vitória da Aliança Liberal unificou uma confederação de estados num país. Surge então o estado moderno e a idéia que nós temos do Brasil de hoje. O Leviatã raquítico transformou-se naquele monstro que Hobbes alude em seu livro mais que clássico. Além dessas conseqüências, sob Getúlio os brasileiros conheceram a organização de classes, tanto patronais quanto de trabalhadores, o populismo, o inicio da industrialização e a Petrobrás. Também sentiram, na tortura do proto fascista Estado Novo, a ditadura, a perseguição e a repressão a todo e qualquer tipo de liberdade. Mas o principal legado dessa figura controversa foi a idéia de um Brasil grande. Ela tem encantado políticos, partidos e movimentos sociais, que de diferentes formas e através de várias ideologias, aludem à herança do ditador. É verdade que na maioria das vezes negam qualquer influência advinda das realizações de Vargas, porém negar é inútil. Expressões como nacional-desenvolvimentismo, nacional-popular, nacionalismo reformista, entre outras, tão comuns nos programas dos partidos e na boca dos políticos, têm sua raiz nessa figura, que até hoje e por razões plausíveis (até porque se trata de um ditador), não sabemos se admiramos ou rejeitamos. E será difícil tomarmos uma decisão. O varguismo continua causando asco em alguns setores, desde liberais, que, concordemos ou não, possuem um projeto de pais. Até aqueles que se aferraram no complexo de vira-latas, também presentes no sistema político. Mas Getúlio continua encantando, até porque ele não para de reencarnar. Reencarnou em Jango e agora em Lula. A idéia de um Brasil grande, que voltou com toda força no segundo mandato do atual presidente, prova que é difícil, talvez impossível, apagar o legado de Vargas, e suprimir (no voto!) projetos nacionalistas e reformistas. É bom os vira latas finalmente aprenderem a lidar com eles.

2 comentários:

Anônimo disse...

A introdutória desse texto me lembrou o livro do Jô Soares, "O Homem que Matou Getúlio Vargas" rsrs. Indepedente das interpretações dobre sua figura, é inegável a importância de Vargas no Brasil contemporâneo, é antes e depois dele, por isso, todos querem ser Getúlio ou mesmo JK, que acabou "terminado" sua "obra". Um abraço.

http://so-pensando.blogspot.com

Deise disse...

Discordo que ele tenha reencarnado tantas vezes assim! Não reencarnamos quando queremos e sim quando temos permissão. O mundo espiritual realiza um trabalho bastante muito elaborado que depende de muitas peculiaridades para que seja definido!