sexta-feira, 4 de abril de 2008

Poder em foco

O post do Prof. Sérgio Braga sobre a internet abaixo me fez pensar algumas ponderações acerca do malogro da centralização do poder nas democracias latino-americanas.

Iniciativas como as da Câmara dos Deputados do Brasil, permitindo o maior acesso aos projetos e perfis dos congressistas, são sem dúvida benéficas. Mesmo que de forma mínima, a internet potencializa a participação e o contato com a política por um meio próximo aos indivíduos, à exemplo do Chile (caso citado na entrevista com o Prof. Sérgio Braga na revista Ciência Hoje).

Porém, diante deste ganho para a democracia representativa, temos que apenas 21% dos domicílios brasileiros possuem acesso à internet. Estes 21% concentram usuários com renda per capta de média R$ 1.000,00, 28 anos de idade em média e tempo médio de escolaridade de 10,7 anos (Fonte: PNAD, IBGE). Pois bem, ainda são os que tem algum recurso que acessam a rede (sabendo que o acesso é feito majoritariamente por usuários das classes A, B e C - http://www.datafolha.com.br/) e um grau de instrução mais elevado (visto que a média de escolaridade do brasileiro é de 7,4 anos - dado da FGV).

Sabendo desta exclusão torna-se ainda mais importante a popularização do acesso à rede mundial de computadores. Isso coloca o índividuo numa posição ativa no jogo político. Dentro das limitações possíveis, a internet permite que a ação de cada um não se limite apenas ao voto.

Ainda resta um problema a ser superado. Enquanto existirem as figuras dos mandatários locais (coronéis, senhores de casa grande, e etc.), líderes de comunidades, figurões e outros tantos folclóricos no Brasil, será difícil uma percepção do potencial que cada indivíduo carrega em si para o exercício de vontade. Nas comunidades, usualmente carentes e menos instruídas, os líderes exercem sua vontade sem questionamentos e assumem o ônus do erro e da culpa, sem que os liderados preocupem-se com as decisões tomadas e suas consequências.

Talvez inciativas de participação cibernética e popularização de acesso possam revelar um caminho para a descentralização de poder legiferante e um acréscimo na participação política.

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