segunda-feira, 17 de março de 2008

Partidos afinados, eleitores nem tanto

Na Folha de São Paulo de hoje duas matérias aparentemente não complementares chamam a atenção. A primeira sobre o afastamento dos eleitores frente aos partidos e a aproximação dos primeiros com as "bandeiras", em seguida palavra do ex-presidente tucano FHC clamando a união do PSDB.

Duas interpretações sobre tais matérias vislumbro no momento. Uma de acordo com a queda da popularidade do PT (mesmo com a manutenção da popularidade de Lula) e a desmistificação do Partido dos Trabalhadores, leva-nos a entender que o eleitor está ainda mais confuso quanto ás posições ideológicas de cada partido no Brasil. A segunda interpretação é que as elites políticas estão agindo de acordo com um cálculo estratégico, ou seja, estão tentano puxar mais "brasa pra sua sardinha".

Como isso se explica? De duas formas: o PT além de pulverizar sua inserção no território nacional, perdeu um pouco a característica de partido de esquerda e de setores notoriamente conhecidos (funcionalismo público, professorado, estudantes, trabalhadores urbanos). Assim o partido deixou de abocanhar grande parcela da identificação com o eleitor. Segundo que os partidos começam a notar que o eleitor fiel pode ser uma grande ferramenta, num momento de altos custos (monetários) de campanha e franca escassez de líderes políticos.
O que quero dizer é que a sustentação de um eleitor partidário e menos personalista traz maiores ganhos á longo prazo para os partidos. E, somente num momento de crise de renovação política, é que os quadros partidários resolveram partir para tal estratégia.

A política não é inocente e não acontece ao acaso (mesmo reconhecendo que a divina providência faça parte da arte da política). Os arranjos sugeridos e bradados no momento são resultado de uma conjuntura política que "precisa" de um novo modo de ação. Assim o PT deposita suas forças nas prévias regionais, o PSDB sugere a união e a criação de prévias e, até mesmo o fragmentado histórico PMDB prima pela coesão e pela união.

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