segunda-feira, 31 de março de 2008

Enéas Carneiro

Muito está se discutindo, tanto nesse blog, quanto nos grandes mass media, a eleição presidencial próxima. Publicada pelo Datafolha as intenções de voto para o pleito que alardeiam a posição de franco favorito ocupada pelo tucano José Serra, em todos os cenários.

Quero aqui, entretanto, chamar a atenção para outro fato, que parece ser esquecido pelos articulistas: as intenções de voto em uma mulher, da esquerda, alagoana e professora universitária. Estou falando de Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho que, no certame de 2006, obteve os míseros 6,850% dos votos. Aparecia em 28/06/2006 com 6% das intenções de voto saltando para 11% em 21/08/2006. Aparece agora com o mínimo de 12%, passando a 14% das intenções de votos, em terceiro lugar e em outro cenário com 17%, já em segundo lugar. A que se deve tal aumento nas intenções de voto da ex-senadora?

Apesar de nebulosas, cabem alguma ilações.

O partido de Heloísa Helena, o PSOL, tem seu nascedouro de uma cissão da ala de extrema esquerda do Partido dos Trabalhadores. Ainda embrionário, sem uma estrutura burocrática e eleitoral apta a competir nas cenas federal, estadual e municipal, agrega nomes de peso, como a deputada federal Luciana Genro (RS), conta com apenas 3 deputados federais, (Chico Alencar -RJ e Ivan Valente - SP) e um senador, (José Nery - PA). Assim, não podemos concluir que o aumento nas intenções de voto se devem ao PSOL.

Assim, a única conclusão que resta é que a ex-senadora arrebatou para si, em razão do seu carisma, uma parcela do eleitorado que vota na esquerda. Apesar da clara pulverização dos votos da esquerda no legislativo em razão da enormidade de legendas (PSTU, PCB, PC do B, PSOL) e suas diferenças ideológicas (trotskistas, leninistas e maoistas, stalinistas, e a lista segue) a esquerda nunca teve um nome agregador no plano executivo federal. Podemos supor que o aumento das intenções de voto de Heloísa Helenam então, se deva à falta de um cadidato à esquerda e ela preenche esse vazio.

Fica a dúvida: será ela o próximo Enéas?

5 comentários:

Bruno Bolognesi disse...

Lucão,

De qquer modo a sua explicação sugere validade. Mas não podemos deixar de esquecer a tese do Leôncio, na qual o crescimento das posições de esquerda na política pode estar associada ao crescimento de valor de profissões não tradicionais no Brasil. Assim os setores menos tradicionais arrebatariam alguma parcela de representação, justamente o crecimento do PT e talvez alguma representação de identidade com a Heloisa Helena.

Luiz Domingos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luiz Domingos disse...

Aproveitando a observação do Bruno, segundo a qual uma nova parcela do eleitorado (mais numerosa e com contornos ideológicos mais claros), tem predisposição a votar em candidatos de "esquerda", temos uma consequência importante numa comparação entre Heloísa Helena e Enéas Carneiro: embora ambos figurem como os fiéis da balança (a disputar a terceira colocação e tomarem muitos votos dos candidatos principais), são candidatos distintos, encerram perfis de candidaturas e de estratégias políticas muito distintas. Diferenças estas que são quase que completamente explicadas pelos partidos de cada um. Enquanto a Heloísa pretende divulgar a sua legenda e uma espécie "ideologia" diferente do que aí está, Enéas tinha uma inclinação mais "apolítica", com plataforma estapafúrdia e sem nenhuma sustentação social de fato. Esquecer esta diferença pode levar a obscurecer, inclusive, as difenças entre diversos partidos pequenos - que a Reforma Política ignora. Portanto, a similaridade é mais em relação ao peso eleitoral do que de qualquer outra espécie, não acha?

Lucas Castro disse...

Com certeza Domingos. O peso eleitoral dos eternos candidatos é a medida da sua aproximação, com as diferenças já expostas.

Anônimo disse...

Hi, as you can see this is my first post here.
I will be happy to get any help at the beginning.
Thanks and good luck everyone! ;)