sexta-feira, 7 de março de 2008

América Latina: barril de pólvora ou migalhas da guerra fria?

Será Chávez o novo Fidel? E, com (na onda do Oscar) sangue negro nas mãos? Pelo menos para os Estados Unidos parece que sim. Pouco notei nos principais diários brasileiros a ligação direta entre Colômbia e EUA e suas consequência para o tema do momento.

Está mais do que claro que o presidente venezuelano tem se empenhado em ter as Farc sob sua tutela e ainda posando de humanista. Não que ele não o seja, mas me parece um tanto suspeito a liberação de reféns sequestrados pelas Farc apenas com um telefone amigável do chefe do executivo da Venezuela. Como diria minha avó, tem peixe nesse angu.

De outro lado, a Colômbia que não tem grandes reservas energéticas, nem grande potencial bélico desafia o apoio velado de Caracas ás Farc e á Quito. Tendo acreditar com uma leitura rasa da conjuntura internacional que Uribe não está sozinho nesta.

Desta vez nem conspiração precisamos, os EUA, CIA, FBI, Bush e todos os atores envolvidos em qualquer conspiração que se preze, estão atuando de forma explícita na América Latina. Não resta dúvida que os EUA apoiam a Colômbia justamente contra a Venezuela, que tem um bom diálogo com as Farc.

A rede intrincada de informações que aqui encontramos chega a dar nó no raciocínio lógico. Mas de dividirmos as forças seremos simplistas: o amigo de meu amigo é meu amigo; o amigo de meu inimigo é meu inimigo. O tema é o mesmo de sempre, os EUA continuam em sua cruzada histórica contra o fim do socialismo e seus derivados. O petróleo está no meio. Desta vez sim, mas em Cuba não tínhamos este elemento e as tentativas de matar Castro foram nada menos do que 638 vezes. Ou seja, o amigo de meu amigo nem sempre é meu amigo.

A luta política não está sujeitada simplesmente ao economicismo ou ao instrumentalismo. Valoriza-se a soberania das nações latino-americanas. Talvez Bush tenha se referido a mesma soberania do Afeganistão ou do Iraque. E talvez ele seja mais economicista do que pensamos.

Maquiavél já ensina em 1500: nem sempre a aliança com o mais forte é a mais frutífera. Depois da conquista o forte liquida o fraco. O Brasil parece ter aprendido uma importante lição diplomática e está, como sempre, fazendo o papel conciliatório. E a Colômbia e a Venezuela parecem não ter aprendido muita coisa.

A partir de hoje gravarei todas as minhas ligações telefônicas.

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