segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O tabuleiro político de São Paulo

Exclusivo para o Blog GAC-NUSP-UFPR
Celso Roma *

A eleição na maior cidade do País colocará novamente os dois maiores partidos nacionais, PT e PSDB, frente a frente. A disputa levará ao palanque algo mais do que o futuro das legendas em um posto-chave do tabuleiro político. Estarão também dois projetos de governo que tenderão a federalizar o debate e balizar as estratégias para 2014.
No ano passado, o Diretório Nacional do PT definiu como prioridade vencer a eleição para prefeito de São Paulo como a última etapa de seu projeto de hegemonia do país. Porém, a tarefa de conquistar a fortaleza da oposição será difícil. A última vitória do PT na cidade foi em 2000, com Marta Suplicy – que não se reelegeu e teve de passar a faixa para José Serra (PSDB) em 2004. Nem a alta popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi suficiente para emplacar um candidato do partido em São Paulo.
Embora de sucesso incerto, a estratégia petista parece clara. Com Fernando Haddad, ex-ministro da Educação, o partido poderia alargar sua base de apoio no Congresso ao atrair o apoio de Gilberto Kassab e o seu recém-fundado PSD. Se fechada a coligação com um partido que já nasce com uma das principais bancadas em Brasília, o PT poderia ainda golpear um antigo braço da oposição e pavimentar o caminho da presidente Dilma em direção ao segundo mandato.
Moderado politicamente, Fernando Haddad é também a aposta petista para vencer a tradicional resistência de grupos conservadores da sociedade paulistana que rejeitam uma agenda da esquerda.
O PSDB, após sucessivas derrotas nas eleições para presidente e a perda de representatividade no Congresso, pretende manter o seu bastião. O partido está à frente do governo do Estado há 17 anos. O atual prefeito da capital foi eleito como vice na chapa de José Serra, em 2004, herdou a cadeira em 2006 e se reelegeu em 2008.
Para se fortalecer para a corrida presidencial de 2014, o PSDB almeja o apoio de aliados tradicionais, como o DEM, e potenciais, como o PSD. Os líderes do partido também se convenceram de que José Serra é o único que pode reunir forças políticas capazes de fazer frente a Fernando Haddad na eleição de São Paulo.
A escolha do paulistano em outubro próximo pode consolidar a hegemonia nacional do PT ou fortalecer a oposição do PSDB ao governo federal.
(*) cientista político e especialista em partidos e eleições